Imprimir

“Há estudos que indicam que a cidade dobrará ou triplicará o seu tamanho populacional nos próximos cinco ou dez anos”. Foi a frase destacada por um renomado professor universitário em palestra oferecida aos estudantes de administração na cidade.


Imagine hoje, Teixeira de Freitas convive com cerca de 120 mil habitantes – ressalvadas as dúvidas que gerou um contracenso recentemente aplicado pela prefeitura municipal – a cidade saltará para 200 ou 300 mil moradores no curtíssimo prazo. Quantas casas novas terão que ser construídas? Quantos carros a mais haverá para circular no trânsito da cidade? O comércio, a indústria, e os alimentos serão suficientes para tantos em tão pouco tempo?


São dúvidas que precisarão ser respondidas pelos empresários e pelo Poder Público, mas o fato rigorosamente comprovado é que o rápido crescimento regional do Extremo Sul aconteceu e o desenvolvimento ainda está muito aquém das nossas necessidades. Crescimento é uma coisa, desenvolvimento é outra.


Mas se isto é tão óbvio assim por que os governos não resolvem traçar políticas públicas que aperfeiçoem a qualidade de vida na cidade e solucionam vez por todas os graves problemas sociais da periferia?


Vejamos quais as medidas políticas que tem sido promovida em prol do desenvolvimento econômico:


Em 1995 estávamos discutindo a possibilidade do gasoduto ligando a malha sudoeste ao nordeste e hoje a grande obra do Gasene está em vias de conclusão com recursos deixados na região, maiores que 3,5 bilhões de reais em 2008 e 2009, aplicados mesmo durante o período da crise. A empresa estatal chinesa de petróleo SINOPEC se instalou na região financiada pelo Eximbank Chinês e contrataram cerca de 2 mil trabalhadores. E agora, como conseqüência, chegou a empresa BahiaGás, a terceira empresa do Estado em geração de emprego, renda e faturamento.


A tubulação entre Cacimbas no Espírito Santo e Catú na Bahia trafega ao longo da BR 101 e integra um forte e poderoso investimento local, sem falar das estações de compressão, lançadores e recebedores de gás (city gate) que estão posicionados em Eunápolis e Mucuri.


Achamos pouco? Agora mesmo foi lançado o Pólo Alcooleiro do Extremo Sul da Bahia que dará ao Estado a auto-suficiência na produção de álcool. Já existem a Usina Santa Maria em Medeiros Neto e o Secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, estará na próxima semana visitando a UNIAL em Lajedão e a IBIRALCOOL em Ibirapuã que estão prestes a entrar em funcionamento pleno com todo o apoio do governador Jaques Wagner.


Sem contar com os 41 mil empregos gerados pela Bahia nos últimos quatro meses, o Complexo Portuário Porto Sul em Ponta da Tulha, juntamente com o aeroporto de Ilhéus, a ferrovia Oeste-Leste que irá escoar a produção de minérios e grãos, além da melhoria na BR 101, formarão um complexo intermodal de gerenciamento e logística para exportação e integração regional.


Não poderia faltar a memória em citar o grande número de empresas brasileiras e estrangeiras que estão buscando áreas para serem instaladas em Teixeira de Freitas, Eunápolis, Itabuna e Ilhéus.


Quem poderia imaginar que o povoado de São José de Itanhém, situado dentre os municípios de Alcobaça e Caravelas, pudesse mais tarde levar o nome do baiano modernista e revolucionário dos anos 20, Mario Augusto Teixeira de Freitas. O antigo ponto de saída de madeiras nobres da depenada Mata Atlântica virou um dos principais focos do poder econômico baiano.


Interessante lembrar que o nobre pensador homenageado em 1985 pela emancipação política do município de Teixeira de Freitas trilhou os mesmos percursos ideológicos do educador Gilberto Freire em busca da intervenção no sistema educacional, social, político e administrativo como forma de brilhar o céu da pátria brasileira. E isso é tudo que nos revigora e entristece ao mesmo tempo. O crescimento chegou e o desenvolvimento sustentável ainda anda atrás. A solução dos nossos dilemas passa pelos mesmos caminhos outrora apontados.


É, o desenvolvimento social custa aquilo que nos sobra. A chamada sustentabilidade econômica e social. Nossa população conta com 117 mil ou muito mais habitantes que, somados aos nossos vizinhos do Sul da Bahia alcançamos a casa de quase um milhão de eleitores vivendo, trabalhando, gastando, aprendendo e ensinando na região mais antiga e rica do Brasil.


Nossa produção pesqueira e a agricultura familiar parece sofrerem de vista fraca e espinhela caída. Um peixinho saboroso com gosto de mar fresco que, quando matado no choque, sai daqui direto para mesas estrangeiras e esfria um tanto a qualidade de nossas vidas. Uma celulose que, plantada em mais de 50% das terras úmidas de alguns municípios vizinhos, sai diretamente aos portos da Europa, mas não nos deixa uma só fabrica de beneficiamento de papel para gerar mais emprego e renda, o que também acaba nos dando indigestão. Uma produção agrícola humilde até demais para tanta terra boa nos deve fazer pensar duas ou três vezes o modo correto de governar. Buscar cenoura, batata e beterraba no Espírito Santo parece ser nossa sina, mas não deveria ser assim.


O agronegócio é hoje responsável por 1/3 da riqueza gerada no Estado da Bahia e boa parte desta riqueza se situa no eixo Teixeira de Freitas - Eunápolis. Dos mais de 100 bilhões de reais do PIB baiano, cerca de 35 bilhões vem do agrobusiness, o que corresponde a cerca de 5% desse produto nacional. Por esse segmento podemos dizer sermos vitoriosos. Mas pelo social começamos engatinhar faz muito pouco tempo.


Acorda meu povo! 2010 afinal 2010 é ano de copa e eleições... Oro a Deus que nos ilumine pelo exemplo do Mestre para sabermos aproveitar tanta riqueza em prol da humildade desse legítimo povo brasileiro. É tempo de escolher nossos gestores públicos, e neste caso é melhor que eles esqueçam um pouco os seus próprios umbigos e revejam suas posições em discutir a região. E assim o Extremo Sul agradece.

 

Elias Amorim