Se você parar para pensar a comunicação está presente em qualquer manifestação humana, desde a expressão verbal até a comportamental. Ela pode ser um gesto, uma expressão facial, uma fala, o silêncio. Não importa o que façamos estamos sempre comunicando alguma coisa. Até quando estamos sós estabelecemos uma comunicação com a gente mesmo. Tudo aquilo que você diz pra si mesmo é uma forma de comunicação.
Um exemplo disso é que, outro dia uma paciente minha disse que todas as vezes que ela vai transar com o marido ela pensa: “Tomara que acabe logo!”. No decorrer da transa e fazendo uso de suas próprias palavras: “Eu falo pra mim mesma: vai logo, vai logo...” Na verdade ela está desejando que ele goze logo para acabar logo. Um dia ela me disse em terapia que gostaria que seu parceiro tivesse ejaculação precoce.
Se você chega em casa do trabalho e vai direto para o quarto deita na cama e fecha os olhos sem dizer nada, no mínimo, você está dizendo que não quer papo com ninguém. Você já parou para pensar nisso? Pergunto isso porque quantas vezes agimos assim ou de forma semelhante! Interessante que tem muita gente que não percebe o impacto disso na pessoa que está ao seu lado. Quantas vezes nos justificamos dizendo “nossa mas eu não disse nada”, ou o que eu fiz? Cheguei aqui sentei e não falei nada! Como assim?
Há momentos que não dizemos e não fazemos nada diretamente, achando que por isso não causamos problemas.Mas e se for esse o problema? A questão não está só naquilo que fazemos mas naquilo que deixamos de fazer.
Esta maneira de se comunicar destrói qualquer relacionamento. Por exemplo, frases como: “O problema é que você é egoísta demais!”, Você que é uma chata não para de falar!”, “Você é um grosso!”, “Você é como uma pedra de gelo”, “Eu conheço gente muito melhor do que você!”, “Não sei como eu pude me casar com você!”. Todas estas frases deterioram ou já são mostras de um relacionamento que está indo ou já caiu no buraco. Um casal com esse grau de comunicação precisa tomar uma atitude e fazer algo a respeito. Além de fazer mal a si próprios, detonam com a vida sexual e se tornam um péssimo exemplo de relação a dois, para os filhos.
Ao adotarmos uma linguagem crítica, de julgamentos e análises estamos, de fato, expressando de uma forma ou de outra o que necessitamos, mas sem a devida clareza disso. Essa maneira de expressão cria uma resistência e um impedimento da outra pessoa em nos dar o que queremos dela. Ou seja, a maneira com que pedimos algo pode nos impossibilitar de obtermos o que queremos. É como se agíssemos contra nós mesmos. Todas as vezes que associamos nossa imagem a sentimento de culpa, vergonha ou algo coercitivo perderemos por parte do outro, um desejo genuíno de nos retribuírem de alguma forma. Por exemplo se você diz ao seu companheiro: “Eu faço tudo por você, por que você não faz alguma coisa por mim pelo menos uma vez na vida?”. Provavelmente essa pessoa não obterá do companheiro o que ela precisa. Um pedido com críticas e julgamentos e sem clareza dificilmente será atendido.
Uma comunicação positiva e afetuosa ocorre quando conseguimos expressar claramente nossas necessidades e sentimentos. Todos nós somos pessoas que necessitamos, mais ou menos de afeto, de atenção. Queremos reconhecimento, precisamos nos sentir amados, ouvidos e compreendidos. Na verdade estamos no mesmo barco. Quando nos mantemos em contato com nossos sentimentos e necessidades nos tornamos mais verdadeiros e mais empáticos com o outro.Se conseguíssemos praticar isso aprenderíamos encorajar, estimular e aceitar o outro do jeito que ele é.
Não é fácil, principalmente quando se trata de seres humanos. Mas não praticar porque é difícil, é se acomodar e deixar para lá. Temos livre arbítrio para escolher a maneira como queremos conduzir a nossa vida. Então a escolha é sua.
Até a próxima.
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