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De repente a gente se depara com aquele pensamento ou questionamento interno: “Meu Deus onde está aquela paixão, aquele interesse, aquela vontade de estar ao lado, de tocar meu marido ou esposa? Onde está aquele desejo que um dia acreditei que seria eterno? Onde está aquela cumplicidade e companheirismo que tínhamos? Sonhávamos que seríamos eternos companheiros e inseparáveis”.

“Mas hoje o que vejo é um total distanciamento e um sentimento de estranheza em relação a essa pessoa que casei. Como se eu não conhecesse essa pessoa, é como um estranho pra mim. Quando conversamos só usamos de críticas e censuras a respeito do comportamento um do outro. Tudo que o outro faz está errado, me incomoda e me irrita. Mas afinal, eu o amava ou eu me enganei terrivelmente? Nunca pensei que chegaríamos a este ponto. Sinto-me desiludido como se tivesse cometido um grande erro. Mas então o que fazer, como encarar isso tudo e admitir que não estou feliz? Como assumir que não quero mais a pessoa que escolhi como esposa ou marido? O que dizer para os filhos, ou o que vou fazer da minha vida, o que vai ser financeiramente, como vou viver sozinha? Como vou enfrentar as pessoas e deixar que elas saibam que eu fracassei? Há sentimentos que não queremos confessar nem pra nós mesmos. Vem aquela preguiça só de imaginar começando tudo de novo. Será que consigo refazer a minha vida?”

Pesquisas apontam que a satisfação pessoal está diretamente associada ao vínculo afetivo estável e duradouro com outra pessoa. Mas pesquisas também apontam que se somos capazes de entender que nosso bem estar e satisfação dependem de nós, seremos mais aptos ao convívio conjugal de forma mais saudável, adequada e portanto, satisfatória. Quero refletir o seguinte: a questão não é que a gente deva desvincular satisfação pessoal da conjugal mas creio que seja um fator fundamental desconstruirmos a ideia ou desvincularmos a ideia de que só seremos felizes e realizados se o outro nos proporcionar isso.

Primeiramente, é importante entender que não há um lugar de felicidade. Há sim, momentos felizes e mais do que ser feliz o bacana é sabermos viver bem e de bem consigo próprio. É preciso desenvolver outros parâmetros existenciais, outras formas de viver, é preciso explorar recursos próprios para encontrarmos bem estar e equilíbrio. O sofrimento é inerente à condição humana e para que nós os vivenciemos de forma sadia é fundamental o autoconhecimento. Esperar que nossos problemas sejam solucionados através de um vínculo amoroso é dar um tiro no próprio pé. Pois, estaríamos entregando nossa vida a um outro que talvez mal saiba lidar com a sua própria. Ao desenvolvermos nossos potenciais, expandindo nossos recursos enquanto um ser pertencente a este mundo, o encontro com o outro seria mais um acréscimo, um somar com o outro e não o único meio para se estar bem.

Nos condicionamos a crer que sozinhos não poderemos nos sentir inteiros e satisfeitos. Se você assume a responsabilidade pelo seu bem estar e satisfação você estará no controle mas, do contrário restará dúvidas e incertezas. Casais que estão satisfeitos em seus casamentos e se sentem realizados possuem os mesmo problemas que outros casais em questões de convívio. Então o que difere dos outros? No geral são casais formados por pessoas que conseguem estar só com elas mesmas, que conseguem expressar seu amor e desejo sem que se espere em troca, são casais em que o nível de confiança supera pequenos obstáculos por terem baixo nível de expectativa em relação ao outro. São pessoas que sabem conciliar aquilo que faz parte de sua vida como indivíduo, com a vida de casado. São pessoas que  possuem amigos comuns e amigos pessoais, são pessoas que se partilham mutuamente sem perder a noção de si mesmas. São casais que não se deixaram aprisionar pelo outro, portanto, não se sentem aprisionados ou tolhidos no casamento. São casais que, ao em vez de diminuírem um ao outro se uniram para somar com as diferenças e não modificar um ao outro.

O grande aprendizado é entender que você é o grande patrão e responsável por si mesmo e por tudo aquilo que é importante na sua vida. O outro é apenas parte daquilo que você deve construir. Enquanto não deixarmos de ver o outro como uma propriedade nossa, o convívio no casamento será sempre um desafio muito maior do que realmente deveria de ser.

Quero encerrar este artigo com algumas perguntas que podem e devem ser respondidas: Qual o tamanho do amor que você sente por você mesmo? O que você está disposto a fazer por você que não dependa de seu marido/esposa ou filhos? O que você gostaria que o outro fizesse por você que você mesmo não pode fazer? Por que não tentar primeiro achar a sua alegria, o seu bem estar no convívio com você mesmo? Desde quando você não é ninguém sem seu marido ou esposa? Afinal, até o dia que vocês se conheceram vocês viveram um sem o outro, por que agora achar que não vivem sem o outro?

Até a próxima.

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