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Alguns pesquisadores acreditam que o ciúme esteja vinculado a uma ansiedade de abandono. Isto faz com que o ciumento entre em um ciclo degradante de tentar controlar a natureza do outro, alvo de seu ciúme, sufocando-o. Este outro, para se defender se afasta devido a um sentimento de injustiça por se ver inocente ou para fugir da pressão.

O que degrada um casal e com isso a relação são as emoções que permeiam o ciumento como a raiva por si mesmo, e pelo outro, além de possuir um sentimento de humilhação e de menos valia que parece ser um fator profundamente presente na pessoa ciumenta. A convicção da incerteza do que realmente acontece é tão angustiante que o ciumento é capaz de coisas mirabolantes em busca de detalhes que firam e confrontam o outro, alvo de seu ciúme. O ciumento parece entrar em um estado de alerta em que qualquer respiração, movimento, olhar são suficientes para desencadear todo um processo obsessivo de tentar controlar os sentimentos, as atitudes e as situações em que ambos estejam envolvidos, deixando seu alvo com aquela sensação de não poder nem piscar, pois qualquer coisa que se faça será como assinar um atestado de que ele, o ciumento, tem razão.

Uma relação assim vai se tornando insustentável para ambos. O sofrimento é de ambos. Primeiro porque o ciumento, no fundo, sabe que passa dos limites e que pode sim estar errado, mas não consegue se livrar do ciúme, não dando o braço a torcer. Sua cegueira o impede de ver as coisas com racionalidade.

Segundo que muitas vezes o que mais tememos no outro é, na verdade, uma projeção de nós mesmos. É como se o ciumento tivesse lutando contra um desejo que ele próprio tem em trair, mas sua incapacidade de assumir e perceber isso faz com que ele projete esse desejo no outro.

Outra questão muito comum de acontecer é o ciumento empurrar seu parceiro para concretizar a traição. Aquele que era alvo do ciúme acaba concretizando o que ele tanto negou. É como se o ciumento alertasse o parceiro sobre algo que ele nem estava pensando. Isto me faz lembrar um trecho de uma música do Chico Buarque (Mil Perdões) que diz: “Te perdoo por ti trair”. Esta frase traz a ideia de que aquele que era alvo de ciúmes acabou por concretizar aquilo de que se eu te traí foi porque você me despertou para isso.

Infelizmente o ciúme tem este aspecto, o ciumento acaba conduzindo-se para aquilo que ele mais teme - ser traído. Não porque se uniu a alguém que não o respeitava ou amava mas pela frustração, da pessoa alvo do ciúme, de ter ao lado quem não dá a confiança que ele merece e que todo relacionamento sadio precisa. O ciumento é como um profeta que constantemente profetiza aquilo que seu maior medo tenta evitar.

Um relacionamento onde o ciúme é impiedoso ambos saem feridos e machucados. O ciumento apequena, com sua falta de autoestima, sua humanidade. Fica se sentindo rebaixado e humilhado com tanta exposição de sua intimidade e, por mais que ele tente esconder seus sentimentos, o ciumento não consegue, pois sabe que o outro percebe que, por traz de sua amabilidade, há uma pessoa tentando parecer indiferente. É como se o ciumento estivesse revirado do avesso e dilacerado pela sensação de abandono se sentindo cada vez mais só e retroalimentado pela ansiedade de abandono que ele tenta aliviar a qualquer custo. São tentativas compulsivas de garantia de fidelidade com a intenção de substituir o desejo de um pelo do outro, demonstrando total incapacidade de domínio sobre a própria vida. A falta de auto confiança faz com que o ciumento nunca confie verdadeiramente na pessoa que está ao seu lado.

Até a próxima.

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