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A velha maneira de se portar diante das outras pessoas, nos negócios, nas relações pessoais e humanas e querer se dar bem sem olhar a quem,  é uma prática comum, pujante, egoísta e que prejudica a todos os cidadãos.

Essa prática que rouba o direito das pessoas construírem o progresso de maneira justa, onde ambas as partes deveriam ser beneficiadas no jogo da troca, é muito comum na economia e na política onde o negociante acumula renda sem querer dividir e o eleitor escolhe os seus candidatos, firmam o compromisso da representatividade e da vontade popular, mas o político acumula poder, esquecendo do seu representado.


Desde o início do capitalismo é essa a prática predominante. Mesmo diante da consolidação da democracia brasileira a prática continua a mesma e não seria diferente no processo eleitoral que ora se instala.

Este mês começa o Brasil das eleições. Passada a frustração da apresentação brasileira na copa do mundo, as atenções estarão voltadas para a escolha dos novos representantes no congresso nacional, assembléias legislativas, governos de estado e governo federal. Serão eleitos os operadores maiores dos poderes da união e dos estados. Todos serão empregados do povo, mas nem sempre corresponderão às expectativas que a democracia gostaria de ter.

O que podemos sentir é que o povo está muito mais maduro, aprendendo a escolher seus eleitos e o dinheiro fácil já não manda mais como em outras eleições. Os candidatos estão recuados e sem saber como conquistar votos, trabalham com técnicas de marketing, com o poder da opressão, o sorriso falso, mas não conseguem tocar o coração do eleitor.

Assim, como em todos os campos econômicos, a antiética funciona na política, e traz sérias conseqüências ao futuro da nossa região. Nosso povo regride com os atos de opressão os quais deveriam ser tratados a ferro e fogo pela Justiça, pelos poderes constituídos e pelo povo, que por longas datas vem permitindo práticas em que os ricos oprimem os pobres, os brancos oprimem os negros, os arrogantes oprimem os humildes e assim temos vivido fazendo jus à profecia do mal dominando o bem.

Mas afinal, qual é o motivo que tais profecias não se cumprem em países desenvolvidos e nem mesmo nas cidades onde o poder público se articula bem com a sociedade civil e com os empresários?

A compreensão desse antagonismo é que em alguns lugares as normas que dirigem as políticas públicas são as negociações e o entendimento coletivo que anda em primeiro lugar. A regra é simples: O povo é quem tem o direito de debater e chegar à conclusão das decisões a serem tomadas. Foi-se o tempo da monarquia em que o rei era soberano e tomava todas as decisões sem precisar consultar a maioria. É claro que o rei Salomão mostrou muita sabedoria, mas esta realidade está muito longe de ser o caso de hoje.

O funcionamento da política de gestão em tempos modernos visa os colegiados como forma consultiva e muitas vezes até deliberativa no que diz respeito aos investimentos públicos. No Extremo Sul da Bahia, bem como em todo o País, os colegiados tem se intensificado e se tornado cada vez mais necessário no que concerne às transferências de recursos do setor público para a comunidade.

Nos últimos meses tive a oportunidade de participar direta ou indiretamente de no mínimo cinco colegiados na região. Como exemplo o Território de Identidade do Extremo Sul da Bahia, criado em 2004/2005, vem a anos se arrastando como os demais colegiados e agora, diante das novas propostas instituídas pelo governador Jaques Wagner, tomam força, mas sentem dificuldades de sair do velho costume onde os opressores comandavam os oprimidos.

Tudo é questão de tempo. Por mais que os coronéis dos tempos presentes queiram se perpetuar no poder, por trás das cortinas tem a fome, o desemprego, a droga e o crime que se avolumam num edifício que balança mas não caí. É claro que toda essa prática de opressão onde homens vivem de mentiras e golpes para se apoderar do poder, tem os seus dias contados ou o caos irá se instalar em nossa sociedade, hipótese que prefiro descartar. Todas as reuniões recentes tem tido um tom conciliador, e não como aquelas em que um fala e os outros obedecem.

Esta realidade nos mostra que os tempos estão mudando e mudando para melhor. Esse movimento dos colegiados, apesar dos seus defeitos, pretende dirigir nossos rumos políticos, e aquilo que ainda é exceção estará se tornando regra. Os políticos passam a ser secundários nesse processo e os atores sociais passarão ao comando do espaço sócio-econômico local.

Cada vez mais os grupos estão afinados com as propostas políticas como os PPAs participativos, mesovales, territórios, comitês, fóruns de desenvolvimento, os Conselhos das Escolas Estaduais e outros mais por conta de uma política de governo em prol do espaço democrático.

Ao que parece o prefeito será transformado em executor municipal, será um funcionário comum para atender aos mandamentos populares, um gestor dos recursos do povo limitado ao orçamento escolhido pela comunidade. Que os anjos digam amém e o sonho se transforme em realidade!


Por: Elias Amorim