Mães relatam os desafios que enfrentaram na jornada de inclusão dos filhos autistas na escola. “Foi bastante tortuoso”, diz mãe de menino de oito anos
Saber que um filho foi diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) não é algo simples. A notícia costuma ser um grande impacto para a família e vem acompanhada por muitas dúvidas: ele vai fazer amigos? Como vai se relacionar com as outras pessoas? Vai poder ir à escola? Como funciona o aprendizado e estudos para as crianças autistas?
Fazer uma inclusão escolar adequada é fundamental para garantir o desenvolvimento das crianças autistas.
Essas são os principais questionamentos que permeiam a mente dos pais e que normalmente são perguntados em consultórios médicos e psicológicos quando os pais ficam sabendo do diagnóstico. Logo nos primeiros anos de vida, a grande questão costuma ser em relação ao desenvolvimento da aprendizagem e a adaptação escolar das crianças autistas .
De acordo com Renata Michel, especialista em Neuropsicologia e Analista do Comportamento Aplicada ao Autismo do Grupo Conduzir, o assunto é realmente complexo, principalmente por conta do ensino no Brasil, que apresenta grandes dificuldades para o ensino regular, seja em relação a questões políticas, econômicas ou sociais. Por esse motivo, o assunto deve ser analisado de forma cautelosa, pensando sempre no bem-estar da criança.
“É bom sempre lembrar que assim que uma criança recebe o diagnóstico do TEA, os pais já devem planejar e estudar a melhor forma de inclusão escolar para o filho. Quanto antes esse processo de inclusão se iniciar, tanto na escola quanto em outros ambientes, melhor para a família e para a criança”, orienta Renata.
Isso porque a inclusão escolar é de fundamental importância para o desenvolvimento de habilidades de crianças com autismo, independente do espectro (“grau”). Segundo a profissional, nesse momento, os pais devem seguir as orientações do analista do comportamento e psicopedagogos responsáveis pelo caso.
Além disso, a adaptação curricular deve sempre ser orientada pelos mesmos profissionais. O professor auxiliar também seria essencial para desenvolvimentos de habilidades da criança com TEA no contexto escolar. Entretanto, o tempo, momento e forma de atuação do professor devem ser orientados pelo analista do comportamento responsável pelo caso.
Renata ressalta que existem duas responsabilidades diferentes em relação à adaptação escolar de crianças autistas. “A responsabilidade escolar e a do Estado ou do plano de saúde – quanto ao diagnóstico médico”, fala.
A profissional explica que é obrigação da escola oferecer um professor de apoio (algo que é amparado pela Lei 12.764, mais conhecida como Lei Berenice Piana). Além disso, o Estado ou o plano de saúde é responsável em prover um profissional da saúde que acompanhe o paciente na escola, uma vez que um tratamento de saúde esteja sendo implementado nesse ambiente.
É importante ressaltar que a presença de um profissional não anula a presença do outro. Ambos devem trabalhar em conjunto para o desenvolvimento da criança.
Fonte: Delas