Restos da estação espacial chinesa Tiangong-1 devem começar a cair na Terra nesta segunda-feira (2), segundo os cientistas que estão monitorando o movimento dela.
A Agência Espacial Chinesa afirma que ela irá entrar novamente na atmosfera nas próximas 24 horas - o que coincide com a previsão da Agência Espacial Europeia (ESA).
A Tiangong-1 faz parte do ambicioso programa espacial da China e era o protótipo para uma estação tripulada, que tem previsão para ser lançada em 2022.
Entrando em órbita em 2011, a Tiangong-1 terminou sua missão cinco anos depois e a expectativa era que ela caísse de volta na atmosfera entre março e abril deste ano. Agora, a projeção da ESA é que ela toque a Terra nesta segunda (2), por volta de 7h25, no horário de Pequim (21h25 deste domingo no horário brasileiro).
A maior parte da estação deve explodir quando chegar na atmosfera, mas alguns pedaços dela podem "sobreviver" até chegarem à superfície da Terra.
Segundo o Departamento de Engenharia Espacial da China, a estação não irá "colidir com a Terra" como nos filmes de ficção científica, mas irá "se transformar em uma esplêndida (chuva de meteoros)".
Onde ela vai cair?
A China confirmou ainda em 2016 que havia perdido contato com a Tiangong-1 e que não poderia mais controlar suas ações. Sendo assim, já não seria possível prever onde a estação iria cair.
De acordo com a Agência Espacial Europeia, ela deve entrar de novo na atmosfera em "algum lugar entre 43º N e 43ºS", cobrindo um vasto trecho entre o norte e o sul da linha do Equador.
Isso significaria que a estação poderia cair em qualquer lugar numa faixa entre Nova Zelândia e a metade oeste dos Estados Unidos.
Como ela irá cair?
A estação está caindo gradativamente e chegando perto da Terra.
"Sua variação de queda vai ficando mais rápida conforme a atmosfera onde a estação está tocando vai ficando mais espessa", explicou à BBC Elias Aboutanios, vice-diretor do Centro Australiano Para Engenharia e Pesquisa Espacial.
"A estação vai começar a se aquecer quando chegar a mais ou menos 100km da Terra", completou. Isso deve levar a estação a explodir e "é difícil saber exatamente o que vai sobreviver, já que a China não divulgou detalhes sobre a composição dela".
A estação pode atingir uma velocidade de 26 mil quilômetros por hora.
Você deve se preocupar?
Não. A maior parte da estação de 8,5 toneladas vai desintegrar assim que entrar na atmosfera. Algumas partes mais densas dela, porém, como os tanques de combustível ou os motores de foguete podem não queimar por completo. No entanto, mesmo as partes que eventualmente sobreviverem no caminho para a Terra têm pouquíssimas chances de atingirem uma pessoa.
"Nossa experiência diz que objetos grandes, que tenham normalmente entre 20% e 40% da massa original, sobreviverão ao retorno à atmosfera e, em seguida, poderão ser encontrados no solo, teoricamente", disse Holger Krag, chefe do departamento de detritos espaciais da ESA.
"No entanto, a probabilidade de alguém se ferir com um desses fragmentos é extremamente pequena. Minha estimativa é que essa probabilidade seja semelhante à de uma pessoa ser atingida por um raio duas vezes no mesmo ano."
Todas as partes da estação cairão na Terra?
Apesar de ser comum os detritos desses objetos espaciais voltarem à Terra, "a maioria deles explode ou acaba no meio do oceano, bem longe das pessoas", explicou Aboutanios.
Geralmente ainda há comunicação com o satélite, então ainda é possível que uma equipe de solo controle ou influencie seu curso para eventualmente direcioná-lo para um local de colisão desejado.
Os detritos são, em geral, direcionados para colidirem perto do que é chamado de polo oceânico de inacessibilidade - o lugar mais distante da terra. É um local no Pacífico Sul, entre a Austrália, a Nova Zelândia e a América do Sul. Em uma área de aproximadamente 1.500 quilômetros quadrados, essa região é um cemitério de naves espaciais e satélites, onde se acredita que os restos de cerca de 260 delas estejam espalhadas no fundo do oceano.