A atriz lembra dos tempos de 'CQC' e admite não ter pensado que as entrevistas ajudaram a Bolsonaro perpetuar o próprio discurso
A atriz e apresentadora Monica Iozzi assumiu que o início do fenômeno midiático de Bolsonaro tem um dedo do CQC e, consequentemente, dela. Em uma entrevista no programa Conversa com Bial, a artista não se eximiu da culpa de ter dado palanque para que o então deputado difundisse algumas ideias controversas e discursos de ódio.
O CQC foi um programa de comédia que usava do humor nos bastidores da política de Brasília, com base no formato do Quatro Cabezas de uma produtora argentina e foi ao ar na Band de 2008 a 2015. Monica Iozzi fez parte do elenco de reportagem do show de 2009 a 2013 e entrevistou por várias vezes o atual presidente da República.
“Ele adorava dar entrevistas porque ele foi muito mais inteligente do que nós, do CQC”, afirmou Monica Iozzi, que depois assumiu para si a culpa por achar que estava denunciando um parlamentar que acreditava não ser adequado para o cargo que exercia. "Eu nunca consegui ter essa visão mais ampla, essa visão pensando a médio e a longo prazo, de que, ao invés de estar fazendo uma denúncia, eu poderia estar dando palanque, eu poderia estar aumentando o alcance daquele discurso", explica a atriz.
Iozzi afirmou se arrepender de ter entrevistado tantas vezes Jair Bolsonaro e aproveitou o espaço para criticar as falas do presidente. “Ele engloba todos os discursos de ódio em uma pessoa só”, analisou a ex-apresentadora do Vídeo show. “Se você for na Alemanha, você não vai ter espaço na tevê para pessoas que relativizam o holocausto. Eu acho que a gente precisa começar a ter, em relação ao discurso de ódio, esse tipo de intolerância”, avalia a atriz sobre a situação do Brasil.
Pedro Bial também se vê, como jornalista, responsável por situações como esta que Monica pontuou. “A gente se ilude. A gente sabe o que está mostrando, mas não sabe como chega no espectador”
Fonte: Correio Braziliense