Cantora foi eliminada de reality show com votação recorde: 99,17%
Com o Brasil quase todo de olho no Big Brother Brasil para ver a eliminação da cantora Karol Conká, pouca coisa passou despercebida do público, na noite dessa terça-feira (23), e uma delas foi a demora para a cantora ser recebida pelo apresentador Tiago Leifert, já fora da casa.
A Globo resolveu exibir um intervalo entre o anúncio da eliminação de Karol, com recorde de rejeição (99,17% dos votos), e o momento em que foi entrevistada.
Segundo o colunista Maurício Stycer, do portal Uol, o intervalo comercial foi tema de muita especulação. Foi levantada a hipótese de que o break teria servido para orientar a cantora sobre o comportamento ideal na volta da atração. Ou seja, informá-la, ainda que brevemente, sobre o que aconteceu no programa e prepará-la para a interação com Leifert.
A emissora, no entanto, negou que o intervalo tenha servido para ajudar Karol Conká. Os três intervalos foram exibidos conforme o previsto, mas não houve explicação sobre o porquê de o terceiro break ter sido colocado numa posição tão incomum.
Gestão de crise
Apesar da negativa da emissora, ainda não é possível dizer se, de fato, alguém conversou com a rapper nos bastidores, ditando as palavras que deveriam ser ditas no primeiro contato com o mundo exterior. Apesar disso, o especialista em Relações Públicas, Rodrigo Almeida, disse ao CORREIO acreditar que a gestão de crise já ocorria naquele momento.
"Dois pontos em sua atitude de saída apontam para isso. Ela assumiu seus erros, pediu desculpas, falou que erra como qualquer pessoa. Além disso, Karol também mencionou a família, dizendo que espera o perdão da mãe e do filho. Tudo isso a aproxima mais do público", analisa o RP.
Essa tentativa de se humanizar foi vista também durante entrevista ao Mais Você, na manhã desta quarta-feira (24). Mas isso é apenas o começo. Afinal, o prejuízo de Karol Conká no BBB foi tão grande quanto a ansiedade por sua entrada.
"É tudo uma questão de expectativa versus realidade. Durante toda a carreira dela foi construída uma reputação com base na representatividade, na figura de uma mulher negra de opinião forte. Esperava-se que ela fosse mocinha, não vilã. Justamente por conta disso o baque foi maior", detalha o especialista.
Ainda durante o programa, alguns festivais cortaram a participação dela, fãs a abandonaram e a imagem dela passou a ser associada a tortura psicológica. Ela, que para o público deveria ser uma representante da pauta identitária, tornou-se a responsável pela opressão de um homem negro. Os prejuízos somados podem chegar a casa dos R$ 5 milhões, calculam alguns especialistas.
Saídas
A trajetória dela, que foi uma âncora puxando ainda mais para baixo a popularidade dela, pode tornar-se uma boia que a salvará do "afogamento". Na visão de Rodrigo Almeida, ela precisa mostrar para o público de onde veio, toda a sua trajetória que não pode ser apagada por conta de 4 semanas de reality.
"Ela precisa trazer toda a história e reputação que tem. Além de ponderar que ela estava vivendo em um ambiente de tensão, enclausurada com desconhecidos num lugar que incentiva a discórdia 24 horas por dia. A gente já está vendo essa iniciativa de pessoas dizendo 'ok, ela errou, mas todo mundo erra'. Esse é o caminho da redenção. Ressignificar toda sua trajetória dentro da casa", aconselha, Rodrigo.
Outro ponto que pode ser abordado é a cultura do cancelamento - termo dado ao processo de linchamento virtual causado por alguma atitude ou posicionamento divergente da opinião da maioria.
"Isso é algo que está em evidência e ela pode tornar-se uma bandeira pelo fim deste movimento que é extremamente prejudicial. Muitos artistas perdem sua espontaneidade por conta disso. Claro que, também, isso não inclui atitudes preconceituosas, que, sim, devem ser combatidas", pondera.
Agilidade e verdade
Algo é certo: não importa qual estratégia adotará Karol Conká, mas dois princípios devem ser seguidos, a agilidade e verdade. Ou seja, a resposta para o problema precisa ser rápida, mas honesta.
"Muitos diriam que agora o ideal seria ela se esconder, não dar entrevistas. Não é assim que funciona. O nome dela está em evidência, talvez seja o mais falado no Brasil hoje. Isso é algo ruim, mas também significa a oportunidade de se redimir. Tudo que ela falar será escutado e, se ela se portar bem, isso ajudará", afirma o especialista.
O ideal numa gestão de crise é que ela resolva o problema antes do grande público tomar conhecimento. No caso de Karol isso foi impossível porque o país inteiro assistiu, em tevê aberta, o problema surgir e não havia como entrar em contato com a artista para pedir uma mudança de postura.
"Porém, muito provavelmente, enquanto ela estava lá dentro, aqui fora a equipe dela estava traçando uma estratégia para recuperar sua imagem positiva que foi construída ao longo de anos de carreira. Por isso a mudança de postura dela foi tão rápida e assertiva", analisa Rodrigo.
Fonte: Correio24h