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Um aspecto importante da comunicação além, é claro, de nos relacionarmos com as pessoas é como nos relacionamos com nós mesmos. Qual o tipo de diálogo que você tem consigo mesmo? Você costuma ser muito duro e crítico ou você consegue ser mais maleável, aceitando que nem sempre você faz o que realmente deveria ter sido feito?

Seja qual for sua resposta é imprescindível que se saiba que o diálogo que desempenhamos com a gente mesmo é parte determinante do tipo de diálogo que se estabelece com os outros. Se somos imperdoáveis conosco tendemos a ser com os outros também. Por exemplo, dizer a si mesmo ao cometer um erro, “eu sou um idiota mesmo!”, “vai ser burro assim lá longe!” não trará benefício algum para sua vida. Ao falar assim de você mesmo fica claro que você não tem sido muito seu amigo, ao contrário, tem sido um grande inimigo. Por que você não se concentrar naquilo que interessa ao em vez de você bloquear a possibilidade de aprender com seu erro?

O ideal nesta situação é você focar naquilo que você pode fazer para não repetir o erro, ou seja, pare de focar no erro e dê atenção a solução. Muito mais positivo e compassivo para com você mesmo, não acha? Você poderia dizer: “Nossa errei feio, mas agora vou dar um jeito para reverter a situação!” ou então, “bem, agora não adianta, mas tomarei mais cuidado da próxima vez”. Antes que possamos ser empáticos com os outros devemos ser empáticos na maneira de percebermos e dialogarmos com a gente mesmo.

Quando você não possui por ti a empatia e o amor necessários perde-se o contato do quão especial você é. Tal situação é tão séria que pode determinar um processo depressivo. Aliás uma das características cognitivas de todo depressivo é a maneira debilitante e incapacitante de ver a si mesmo e o mundo. Essa é uma característica tão marcante que o foco no tratamento das terapias cognitivas é levar a pessoa a pensar sobre o seu pensamento. O princípio fundamental dessa terapia é que você é aquilo que você pensa. Uma pessoa deprimida pensa: “Eu não valho nada!”, “Eu não dou conta!”, “Não sei porque estou vivo!”, “Ninguém me ama porque sou um inútil!”. Imagino que só de ler tais pensamentos já nos cause uma certa tristeza. Como alguém com tais pensamentos e crenças a respeito de si mesmo pode estar bem e satisfeito?

Quando tratamos de disfunções sexuais, por exemplo, não tratamos a disfunção em si. Tratamos do significado que aquele problema tem para a pessoa, ou seja, o que importa é o que a pessoa entende que é o problema dela, o que ela pensa sobre o problema dela.

Eu tenho recebido muitos e-mails de pessoas que dizem não saber o que fazer com seu problema. Outro dia um rapaz me escreveu preocupado porque toda vez que ele vai ter uma relação sexual com a mulher que ele gosta ele perde a ereção, e que toda vez que ele planeja sair com ela já começa a dizer: “penso mil coisas”, “meu coração dispara, fico nervoso e achando que não vou conseguir”. Ora, se você quer ter relação sexual com alguém mas você pensa que vai fracassar provavelmente o que você vivenciará será um fiasco.

Esses pensamentos são absolutamente disfunções, pois agem contra você mesmo. É como se você estivesse lidando com um inimigo interior. Inimigo, neste caso, construído a partir de uma cultura que exige dos homens serem sempre garanhões pronto para a cópula. Interessante é que a mesma cultura que modela as características de como um homem deve

ser sexualmente para serem viris e machos retiram dele a flexibilidade de aceitarem que nem sempre eles querem ou estão dispostos a ter uma relação sexual. O que está no cerne de todas as disfunções com causas psicogênicas é o que você pensa a respeito de seu problema. Por isso é tão comum uma única experiência de perda de ereção desencadear, em alguns homens, um processo de disfunção sexual. O sentimento de dever ser homem, de ter que mostrar que está sempre pronto são posturas inflexíveis e cruéis a uma pessoa. A tirania interior expressa por aquela vozinha que denigre, que julga: “Eu não sou mais homem”, “eu não posso falhar”, eu tenho que satisfazê-la” não ajuda em nada, ao contrário, mantem ainda mais sua disfunção sexual. Me atrevo a dizer que disfunção sexual é muito mais disfunção de pensamentos do que sexual.

Ser compassivo com a gente mesmo, estabelecendo diálogos internos amorosos e flexíveis tornam nossas vidas muito mais leves e menos estressadas. A pressão que exercemos dentro de nós através de cobranças, comparações e julgamentos nos adoecem psiquicamente. Tudo aquilo que não nos permitimos, tudo aquilo que nos impomos pode surgir em forma de doença física também. Por isso procure ouvir sua voz interior e entenda que por mais difícil que seja nós somos responsáveis por nosso estado emocional. Para conviver bem com outra pessoa é fundamental que vivamos bem com a gente mesmo.

Até a próxima.

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