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Ramiro Guedes

A COLUNA 100

Nesse número, chegamos à coluna Nica da Liberdade 100. São cem semanas ininterruptas de publicação, onde esse escriba, por mercê desse site, pode externar seus pontos de vista e falar de universos literários diversos. Agradeço à turma do Liberdade News, a paciência dos leitores e registro a honra desse momento como uma das maiores já vividas.

Vamos à caça do número 200.

A MENINA SEM ESTRELA

Com entusiasmo, recomendo a leitura da Menina sem estrela, de Nelson Rodrigues. São as memórias do grande teatrólogo brasileiro, publicada pela Companhia das Letras e que tem, como pano de fundo, o drama da filha cega de Nelson, Daniela, história que ele conta sem pieguices, mas com muita presença.

Ao final da coluna, citações do livro.

JUSTIÇA PARALELA

O professor José Maria Terra e o também professor Thiago Fabres de Carvalho escreveram “Justiça Paralela”, “criminologia crítica, pluralismo jurídico e (sub)cidadania em uma favela do Rio de Janeiro”. José Maria Terra é advogado, mestre e professor teixeirense, filho de Dra. Cesarina, amigo desse escriba (o que muito me honra e dessa honra faço alarde), que conheci desde menino frequentando o Almoço à Brasileira. Zé Maria deu aula no Pitágoras em Teixeira e esse livro tem merecido referências elogiosas de todo o mundo jurídico do Brasil.

Exemplo de mestre, de cidadão e amigo: José Maria Terra, referencial desse humílimo escriba.

ALCOBAÇA

Depois de 4 intensos anos de trabalho, esse escriba resolveu se premiar e à D. Mariza com uma semana em Alcobaça. Foi um tempo bom, de recarregar as energias da alma.

Alcobaça continua o que de mais próximo há do paraíso.

ALCOBAÇA, PRECHECA E MATE COLA

Antes que um dos meus três leitores se indignem com o título dessa nota, explico que Precheca é o apelido do dono de um bar que fica em uma esquina da Praça da Caixa D’água, em Alcobaça. Descobrimos que lá se vendia Mate Cola.

E o que é Mate Cola?

GOSTO DE INFÂNCIA

Para quem é de Teófilo Otoni ou frequentou aquela terra boa, Mate Cola tem o sabor da infância. É um refrigerante delicioso, vendido em charmosas garrafinhas, fabricado quase que artesanalmente em Teófilo Otoni e parcamente distribuído para outras cidades, Alcobaça inclusive. Pois Eró, a doce Eró, nos avisou que no Bar do Precheca vendia-se o precioso líquido.

Gostos da infância são preciosas lembranças.

FILOSOFIA PRECHEQUIANA AO SABOR DE MATE COLA

Como esse escriba é natural de Teófilo Otoni (Rua das Flores, no.7) fui ao Precheca em busca da Mate Cola. Enquanto saboreava a delícia gelada, tive a atenção chamada por um aviso na parede: “Só vendemos bebida alcóolica a partir das 8:30”. Indagada, a balconista explicou que o bar abria às 7 e já encontrava gente chumbada pela “mardita” e querendo mais.

Misericórdia!

MAIS FILOSOFIA PRECHEQUIANA

Em outro canto de parede do mesmo bar, outro aviso: “Neste estabelecimento é proibido discutir política”. Outra explicação: dois sujeitos de facções políticas diferentes se esfaquearam ali, o que levou Precheca a baixar tal lei.

Com o atual estágio de baixaria da política regional, baiana e brasileira, a proibição prechequiana está prenha de razão.

SEM NOVIDADES

Depois de um mês de governo, parece que as novas administrações municipais sabem apenas (quando sabem) cuidar da limpeza das cidades e acusar (geralmente sem provas) os prefeitos que saíram.

A população esperava mais.

CHUVAS E BURACOS

30 de janeiro, o dia amanheceu chuvoso. Tivemos um mês de sol a pino e de um calor escaldante e os buracos nas ruas teixeirenses continuaram impávidos e os mesmos. Com as águas voltando, será que eles continuarão em sua impavidez?

Perguntar não ofende.

NOVA LEGISLATURA

Justamente em 2 de fevereiro, Dia de Iemanjá, a Câmara Municipal de Teixeira de Freitas terá a primeira sessão de sua nova legislatura.

Espera-se muito dela.

E AS PROVAS?

Um conhecido advogado teixeirense afirmou a esse escriba que está estupefato com a inércia do MP no Extremo Sul. Para ele, há uma plêiade de políticos agatunados vicejando na região e o MP nada faz para conter esses abusos. A pergunta que fica: o MP tem provas ou indícios fortes para tais denúncias?

Responda quem puder.

EIKE

“Quero ajudar a passar o Brasil a limpo”. (Eike Batista). Daqui a pouco vira monge.

RISCO

Por ter contribuído com 20 milhões em apoio ao surgimento das Polícias Pacificadoras no Rio, Eike Batista teme ser assassinado por membros das facções prejudicadas. Por não ter curso superior, Eike deve ficar em cela comum e o risco é real.

Principalmente o de queima de arquivo.

DA MENINA SEM ESTRELA, DE NELSON RODRIGUES

“Quando meu irmão Mário Filho morreu, escrevi que a morte é anterior a si mesma. Ela começa muito antes, é toda uma paciente e luminosa elaboração”.

“Dois meses depois, o Dr. Abreu Fialho passa na minha casa. Viu minha filha, fez todos os exames. Meia hora depois, descemos juntos. Ele estava de carro, eu ia para a TV RIO; ofereceu para levar-me ao Posto 6. No caminho, foi muito delicado, teve muito tato. Sua compaixão era quase imperceptível. Mas disse tudo. Minha filha era cega”.

“Minha decisão estava tomada: eu não acreditava na cegueira de minha filha. Não era cega. Para mim, não. Sei que certos casos são clinicamente óbvios. Mas se era óbvio para minha filha, pior para o óbvio. Ao mesmo tempo me preparei para uma batalha feroz contra todos os oculistas do mundo”

CORRESPONDÊNCIA Antonio Jorge Guarani Kaiowá · UCSal

Amigo Ramiro no tópico da sua coluna intitulado REVENDO O PASSADO, Você comete um pequeno equívoco quando nomeia o golpe militar-civil de 1964 de revolução. O golpe de 1964 teve como motivo imperativo a saída do vice presidente democraticamente eleito João Goulart [ No período o cidadão votava em uma chapa para presidente e outra para vice], e impedir as suas reformas de base. No mais, parabéns pela coluna e saudações.

Resposta: justíssima observação, Antônio Jorge. Sempre chamei o golpe de 64 de quartelada, jamais de revolução, mas, dessa vez, cochilei. Seria o mesmo que negar o golpe que foi o impeachment da presidente Dilma.

Continue a nos honrar com sua leitura e ajude-nos a fazer a coluna. Volte sempre.