Teixeira de Freitas: O mês de janeiro já começou com um índice altíssimo de homicídios. Tomando-se como base os dados do ano passado, com média de 08 homicídios ao mês, o que o que representa uma média de 0,26 homicídios por dia, o mês de janeiro em seus 20 dias, já supera essa media, atingindo a proporção de 0,35 homicídios por dia. O que mais chama atenção, além do elevado número de homicídios, é o fato de que duas dessas vítimas nunca teve sequer o menor envolvimento com coisas ilícitas.
Nada justifica a perda de uma vida humana, mas, quando a mais grave ação criminosa [homicídio] começa a atingir efetivamente os cidadãos de bem, é sinal de que algo urgente precisa ser feito. E isso já aconteceu duas vezes esse ano em nossa cidade. Dois pais de família, com uma história de vida ilibada, perderam suas vidas, talvez, pelo único fato de não concordarem com a criminalidade e com a violência que tomou conta de todos os espaços físicos de nossa cidade e por expor publicamente suas ideias.
Sete vidas se perderam até agora este ano em Teixeira, e o número poderia ser maior, caso as tentativas já ocorridas tivessem se consumado em homicídios. E a população, cada vez mais ansiosa por uma resposta das autoridades, não param de nos questionar: Quantos já foram presos pelos crimes ocorridos em nossa cidade? Quantos já foram julgados? Quais penas pegaram? Já estão soltos novamente? Como estão as investigações desses crimes? Têm ocorrido avanços efetivos no combate à criminalidade?
São perguntas que chegam à nossa redação o tempo todo através de telefonemas, e-mails, mensagens, comentários, etc. Como não temos as respostas, estendemos os questionamentos a quem de direito. Esse também é o nosso papel como cidadãos e como veículo de comunicação. Sabemos da realidade de nossa cidade, das dificuldades encontradas pela polícia por falta de maiores investimentos em aparelhamento, em condições de trabalho, em recursos humanos e de inteligência.
A polícia tem feito a sua parte. Mas, a atual configuração do sistema prisional, do sistema legislativo, judiciário, político e social, já mostrou que tem grandes deficiências. Pois, não tem conseguido muitos avanços no combate e prevenção ao crime. É preciso haver uma integração entre as políticas urbanas e de segurança pública. Uma atuando diretamente na prevenção e a outra no combate intensivo, ostensivo e eficiente ao crime. É preciso uma polícia melhor equipada e um Judiciário mais ágil, e se possível, mais rigoroso.
O nosso objetivo aqui não apontar erros de ninguém, até mesmo porque não temos autoridade para isso. O objetivo é fazer valer a clamor do povo teixeirense, que ainda acredita em uma cidade melhor. Felizmente dois dos homicídios foram solucionados [o do idoso do Bairro Liberdade], que foi assassinado pelo mesmo autor de outro homicídio ocorrido ainda este ano. Neste caso, a dor da família, é um pouco amenizada, embora as cicatrizes da perda jamais se apagarão.
O que todos esperam é que os demais crimes, não só do professor, sejam solucionados, para que ocorra a mínima sensação de impunidade. Não o conheci, mas diante de informações e do que pude observar dele, como assíduo comentarista de nossas matérias, é que se tratava de um autêntico combatente da violência. Bacharel em Direito e licenciado em Filosofia, escolheu o magistério como seu ofício, onde no espaço de uma sala de aula pudesse expor seus ideais, seus valores e ser um verdadeiro formador de opiniões.
Em uma das fotos postadas na rede social do professor Jota, uma frase chama a atenção. “As cores da Bandeira Nacional: Verde, amarelo, azul, branco e preto. Preto por causa do nosso luto cotidiano da violência.” Assim era o professor Jota. Dentro de suas possibilidades procurava retratar sua indignação com a violência e fazia um trabalho educativo com adolescentes de seu bairro, com o intuito de prevenir a entrada desses jovens no mundo do crime. Sua voz foi calada no último dia 08 de janeiro.
Por: Edvaldo Alves/Liberdadenews