A FENAJ (Federação Nacional dos Jornalista) lançou nesta quinta-feira (22), o seu Relatório da Violência contra Jornalistas 2014. O lançamento foi feito em uma coletiva à imprensa na Sala Belizário de Souza, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. O relatório registra que, em números absolutos, houve uma diminuição dos casos de agressões, em comparação com 2013. O número de assassinatos, no entanto, cresceu, com três casos de jornalistas mortos em razão do exercício profissional. O maior número de violências contra jornalistas e comunicadores ocorreu em manifestações populares.
“O Rio de Janeiro foi escolhido para o lançamento do relatório por ter sido o estado com o caso mais emblemático da violência contra jornalistas, o assassinato do repórter cinematográfico Santiago Andrade”, explica o presidente da FENAJ, Celso Schröder. Santiago trabalhava na Band do Rio de Janeiro e faleceu após ser atingido por um artefato explosivo durante uma manifestação popular, no dia 10 de fevereiro de 2014.
Além deste caso, o relatório registra os assassinatos, também em fevereiro passado, dos jornalistas Pedro Palma, do Rio de Janeiro, e Jeolino Lopes Xavier, de Teixeira de Freitas, na Bahia. Em levantamento preliminar, divulgado em novembro passado, a FENAJ identificou 82 casos de violência contra profissionais da comunicação em 2014, a maioria deles ocorreu durante protestos populares e partiu de policiais, mas também houve casos de agressões praticadas por manifestantes.
No ano anterior foram registrados 189 casos. Os números finais do ano passado serão divulgados no ato de lançamento do Relatório 2014 da Federação, no dia 22 de janeiro, às 15h00, na ABI (Rua Araújo Porto Alegre, 71, no Centro do Rio de Janeiro). Para a FENAJ, as agressões que vitimam os jornalistas são alarmantes e exigem medidas urgentes tanto por parte do Estado brasileiro, quanto das empresas de comunicação. Entre as reivindicações da entidade e dos Sindicatos de Jornalistas constam a definição de um protocolo de atuação das forças de segurança que assegure a integridade física dos profissionais de imprensa, a efetivação do Observatório da Violência contra Jornalistas.
Além disso, a aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de lei que federaliza as investigações de crimes contra jornalistas e a implementação, pelas empresas de comunicação, do Protocolo Nacional de Segurança, contemplando medidas como o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs), e treinamentos para os profissionais que forem submetidos a situações de risco. Infelizmente Teixeira de Freitas apareceu no cenário nacional com um caso de extrema violência contra a liberdade de expressão, cem que um jornalista teixeirense foi brutalmente assassinado.
Prestes a completar um ano do assassinato de “Gel Lopes”, pouco ainda foi feito sobre o caso. E o que todos esperam, não apenas nos meios de comunicação, mas a sociedade, em geral, e familiares, é que não seja mais um crime sem solução. A impunidade não pode reinar de forma alguma, e a violência contra a imprensa fere gravemente diversos princípios constitucionais. Como divulgado no relatório da FENAJ, “Jornalistas ameaçados e/ou amedrontados, assim como sem condições dignas de trabalho, ficam limitados na sua missão profissional de informar a sociedade para dar-lhe um importante instrumento de constituição e exercício da cidadania”.
Por: Edvaldo Alves/Liberdadenews