Um adolescente de 15 anos que estaria na companhia da vítima, disse que três homens armados e a bordo de um Volkswagen, modelo Gol, cor branca, teriam invadido a casa do quilombola Diogo de Oliveira Flozina, 27 anos, casado e pai de 3 filhos de 7, 5 e 2 anos, onde os homens executaram Diogo com 2 tiros no abdômen, por ocasião que ele assistia TV no sofá da sala da sua casa, por volta do meio-dia, tendo os três homens à paisana, se mantido na casa até às 15h, onde chuparam laranja e beberam água de coco, além de terem espancado e amarrado o menor de 15 anos. E só três horas depois do crime, é que uma caminhonete teria chegado ao local e recolhido o corpo, que foi entregue no Hospital Santa Amélia no distrito de Posto da Mata, com a informação que teria sido um traficante morto em confronto com a CAEMA na cidade de Nova Viçosa e na delegacia de Posto da Mata foi apresentado um revólver calibre 38, com duas cápsulas, que seria da vítima.
Os laudos de criminalística legal e medicina legal da Polícia Técnica de Teixeira de Freitas constataram que o jovem quilombola foi atingido com dois tiros no abdômen que transfixaram nas costas, quando estava sentado sobre o sofá, cujos projéteis de calibre Ponto-40, foram localizados, um atrás do sofá e um outro alojado dentro do sofá. O perito criminal Manoel Garrido informou que os tiros não matariam Diogo, porque os projéteis não atingiram nenhuma região vital da vítima, e o que teria lhe matado foi a falta de socorro a tempo, tanto que morreu por hemorragia interna. Já o menor que confessou ter sido espancado pelos homens, teve seu exame negativado na polícia científica ao ser examinado, onde não se detectou nenhuma lesão em seu corpo.
Durante a reconstituição os três policiais envolvidos na ocorrência, Fábio, Neto e Lúcio, compareceram e contribuíram com os trabalhos da perícia, tendo o último, assumido ter reagido atirando na vítima em resposta à ação de Diogo. Os policiais militares contaram que embora tivessem a informação que Diogo respondesse por homicídio em Nanuque e por crimes contra o patrimônio em Teixeira de Freitas e estivesse envolvido com o tráfico de drogas na localidade em que morava, no dia do fato, a guarnição passava pelo local sem a esperança de encontrá-lo e nem havia a intenção de prendê-lo.
Os policiais da CAEMA, disseram que no dia do fato, ao aproximarem da casa do suspeito a bordo da viatura padronizada, teriam visto ele agachado em frente à cerca da sua casa, que ao avistar a viatura, teria corrido para os fundos da residência, por ocasião que ele foi reconhecido e a viatura foi acelerada e estacionada em frente ao imóvel, que no cerco, um policial ao segui-lo, foi recebido com dois tiros na sala do imóvel que ao reagir acabou atingindo a vítima na região da barriga, que ao recuar de costas quando atirava no PM, Diogo caiu sentado sobre um sofá azul, de onde foi socorrido pelos próprios policiais e levado para o Hospital Santa Amélia em Posto da Mata, onde já chegou sem vida, a 32 quilômetros do local do confronto, por estrada de barro.
Os PMs ainda disseram que Diogo estava sozinho no local e desconhecem terem visto a presença de mais alguém nos arredores do imóvel e nem na companhia de Diogo. Justificando o confronto, foram encontradas no alto da parede, duas marcas de tiros, que teriam sido provenientes da arma de Diogo, mas nenhum projétil foi encontrado. O delegado Robson Marocci, disse que só vai criar um convencimento sobre as reais veracidades dos fatos, após todos os laudos da polícia cientifica chegarem as suas mãos e após confrontar todos os depoimentos existentes, caso seja necessário, pode voltar a convocar todos os personagens e a polícia técnica para retornarem ao local para novas simulações.
Quatro dias depois do episódio, o comandante da CAEMA – Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica, major Ivanildo da Silva, determinou a abertura de um procedimento investigativo, conforme Portaria 003/06/2011, de 28 de junho de 2011, tendo recolhido as três pistolas dos policiais e apresentadas ao Departamento de Polícia Técnica em Teixeira de Freitas para exames de micro-comparação balística, e designou o 1º tenente André Oliveira dos Santos para que apurasse os fatos em Inquérito Policial Militar que em 28 de setembro, foi concluído e remetido ao comando da CAEMA pelo tenente André Oliveira, mas o comandante major Ivanildo da Silva, só deve falar sobre assunto nesta próxima semana, quando retornar de viagem.
Segundo o advogado Vicente Teixeira de Macedo, que defende os interesses dos três policiais, seus clientes agiram em defesa do cumprimento do dever e da defesa própria. Para o pedagogo e bacharel em direito Valdeir Soares, ativista há mais de 20 anos e coordenador regional no extremo sul da UNEGRO – União Brasileira de Negros pela Igualdade, o que se espera é apenas justiça e transparência nas investigações, pois não se deseja ver o prejuízo de mais alguém em detrimento de outro, mesmo que involuntariamente.
Por: Athylla Borborema