Dos 11 detidos no Espírito Santo, cinco já foram ouvidos pelo Ministério Público da Bahia. Os depoimentos foram tomados em Teixeira de Freitas. Todos foram levados para presídios na Região Metropolitana, na tarde desta quinta-feira, 8. Os outros seis ainda vão prestar depoimento.
A ‘Operação Dia D’ do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nurocc), desencadeada por policiais militares no Espírito Santo e outros três estados, desarticulou parte de uma organização criminosa acusada de furtar madeira e sonegar impostos na venda de carvão. O empresário Diosizi Monteiro Júnior, o ‘Juninho do Carvão’ apontado pela polícia como o mentor das ações da quadrilha no Espírito Santo, é um dos que prestou esclarecimentos aos promotores da Bahia.
Da direita para a esquerda: Cidinei Baiense Pereira, Diosizi Monteiro Júnior, A irmã de Juninho, Cely Regina Oliveira Monteiro, Israel Ribeiro Oliveira e Marcos Abreu e Souza.
Ele e mais quatro, detidos em Pedro Canário, foram transferidos para o Espírito Santo nesta quinta-feira. Todos estavam algemados. A irmã de Juninho, Cely Regina Oliveira Monteiro, 27 anos – grávida de três meses -, é uma das pessoas detidas. Também chegaram ao Estado: Israel Ribeiro Oliveira, 24, Marcos Abreu e Souza, 40, e Cidinei Baiense Pereira, 49.
Uma cena inusitada chamou a atenção de quem esteve na sede do Nurocc na tarde desta quinta. Cidinei estava com uma bota de gesso coberta por faixas. Ele quebrou a perna direita após pular do segundo andar de uma casa, na tentativa de escapar da operação policial.
O outro lado
A reportagem tentou ouvir os acusados, mas nenhum deles quis dar entrevistas. Os homens foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana, enquanto a mulher foi levada ao Presídio Feminino de Xuri, zona rural de Vila Velha. Todos foram parar na cadeia por meio de mandados de prisão preventiva. O advogado Josielson Santos Souza, que representa os cinco acusados no inquérito, foi procurado por nossa equipe, mas não fez declarações porque ainda não teve acesso aos autos do processo.
Outros seis integrantes da quadrilha permanecem em poder das autoridades na Bahia e serão trazidos ao Espírito Santo na próxima semana. Segundo o delegado Jordano Bruno Leite, do Nurocc, 50 novos mandados de prisão devem ser cumpridos nos próximos dias.
Esquema criminoso
A ‘máfia do carvão’ atua no Estado há cerca de dez anos, de acordo com a polícia. No período cerca de 350 prisões foram feitas, mas o bando não recuou. Juninho do Carvão chegou a lucrar cerca de R$ 15 milhões nos últimos meses com a venda do carvão, de acordo com o delegado Jordano Bruno.
No esquema, a madeira era furtada de propriedades particulares ou reservas ambientais e encaminhada para carvoarias clandestinas no Espírito Santo e na Bahia. A máfia envolve outros dois estados: Minas Gerais e São Paulo. Em Minas está localizada a maioria das siderúrgicas que comprava o carvão. Em seguida, o produto era comprado por empresas laranja, que revendiam o carvão para siderúrgicas baianas, capixabas e mineiras, utilizando notas fiscais frias. O bando causou prejuízo de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos em dívidas tributárias.
Fonte: Bahia Noticia Online