Salvador: O homem condenado por matar a jornalista Daniela Bispo, no prédio onde a vítima trabalhava, em Salvador, no ano de 2017, passa por segundo julgamento nesta terça-feira (16), na capital baiana.
Em 2018, Mateus William Oliveira Alecrim Dourado de Araújo, foi condenado a 17 anos, 10 meses e 15 dias de prisão, em regime fechado, por homicídio qualificado: motivo torpe, recurso que tornou impossível a defesa da vítima e meio cruel.
Na época, o júri afastou a qualificadora do femínicidio. No entanto, o segundo julgamento ocorre justamente porque o Ministério Público Estadual (MP-BA) solicitou a Justiça a qualificadora para que Mateus também fosse condenado pelo crime de feminicídio. A Justiça aceitou o pedido e o segundo júri é realizado Fórum Ruy Barbosa, em Salvador.
"O Ministério Público recorreu ao Tribunal de Justiça da Bahia com intuito que fosse incluída a qualificadora e o tribunal, de forma unanime, decidiu pelo retorno do processo para realização de um novo júri, não com a conotação de anular o que foi decidido, mas que seja julgada essa qualificadora", explica do advogado da família de Daniela, Bruno Santana.
No julgamento desta terça, ao ser ouvido, Mateus disse que Daniela não aceitava o fim do relacionamento, o início de um novo namoro dele e ainda fazia ameaças. No entanto, o Ministério Público e a defesa da jornalista mostraram uma carta onde Daniela evidencia que partiu dela o fim do namoro com Mateus.
Ela escreveu, inclusive, que queria um fim de relacionamento sem rancor, nem problemas. A defesa também disse que Daniela pressionava o rapaz para que ele pagasse uma dívida que ele fez, sem autorização dela, no cartão de crédito o qual ela era dependente da tia. O valor da dívida não foi divulgado.
Caso seja condenado, Mateus Dourado pode ter mais quatro anos de prisão, totalizando 21 anos de condenação.
Daniela foi morta na noite do dia 13 de novembro de 2017, após ser atacada por Mateus com uma pedra. Ela foi morta nas escadas do prédio onde trabalhava. No último domingo (13), o crime completou quatro anos.
A vítima foi encontrada com marcas de espancamento, além de perfurações causadas por uma faca, no dia seguinte, 14 de novembro. Mateus foi preso no mesmo dia em que o corpo de Daniela foi achado e confessou o crime.
Primo relembra crime
"Eu fui o primeiro da família a chegar. Quando cheguei era um estado de terror que ela estava. Muitos vestígios de sangue, era um estado deplorável", relembra um primo de Daniela, que por segurança, prefere não se identificar.
Ele conta que após o crime, a família de Daniela ficou muito abalada. A mãe dela, inclusive, precisa de cuidados para sobreviver.
"Destruiu a família toda. Ele deixou a mãe dela, que já tem problema de depressão, na cama. Hoje ela [a mãe] vive na cama, usando fralda descartável, com meu tio cuidado dela", revela.
O primo ainda falou sobre Daniela, disse que era uma pessoa querida por todos, principalmente pela família.
"Era uma excelente filha, excelente mãe. Deixou dois filhos. E ele [Mateus], simplesmente por causa de uma dúvida de cartão de crédito, uma coisa que poderia dividir em 50 mil vezes, mas pagar, ele tirou a vida dela de maneira tão torpe", concluiu.
Fonte: G1