Teixeira de Freitas: Jonatas Silva Cardoso, de 30 anos (Pai), procurou na tarde desta terça-feira, 14 de dezembro, a reportagem do Liberdade News para denunciar o descaso, o maltrato, e a falta de humanidade de um médico que trabalha na Unidade Municipal Materno Infantil (UMMI). Jonatas relata que na noite da última quinta-feira (09), sua esposa (gestante) estava sentido muitas dores e ele foi com ela até à UMMI para que ela fosse atendida. “Ao chegar na recepção, entreguei todos os documentos para o atendimento, e ela entrou no consultório. O médico,, Dr. Feliciano Gil Quaresma, realizou o atendimento (o toque) e disse que ela não estava dilatando, e que o que ela estava sentindo era normal”, explicou o pai.
“Ele pediu a minha esposa que ela retornasse para casa, e só voltasse quando a bolsa estourasse. Minha esposa já estava com 40 (quarenta) semanas e 05 (cinco) dias, e agora na UMMI tem um protocolo de 41 (quarenta e uma) semanas para que seja realizado o parto. Voltei para casa com minha esposa, mas, ela continuava sentindo fortes dores. Já por volta das 23h30 da mesma noite, voltamos para a UMMI, eu, minha esposa e minha cunhada. Ao adentrar no hospital, minha esposa encontrou com o mesmo médico, e o médico perguntou: - Você aqui de novo? Ele fez outro procedimento e disse que era o normal o que ela estava sentindo, que ela não estava dilatando, e mandou que voltasse outra vez para casa”.
Ocorre, que diante da situação, a esposa do Jonatas e a cunhada disse que elas não voltariam para casa. O médico disse que não iria interna-la, e que não se responsabilizaria por ela ficar no hospital. “Elas permaneceram no corredor a noite inteira, minha esposa sentindo muitas dores, e já por volta das 05h00, ao amanhecer, a bolsa estourou, minha esposa teve forte hemorragia, e aos gritos, pediram por socorro, momento que apareceu um técnico em enfermagem, que foi até o quarto e chamou o médico. Ele só passou um remédio. Nesse momento, com a bolsa estourada, e a placenta deslocada, a criança já sentia falta de oxigênio e nutrientes, foi quando Deus enviou a Drª Elizabete, que estava vindo de outra Cesárea”, acrescentou.
“A médica viu a minha esposa naquela situação e a atendeu. Se não fosse doutora Elisabete, hoje eu estaria sem a minha filha e sem a minha esposa. E foi a partir daí que ela ficou internada, para se submeter a uma cirurgia de urgência, para a retirada da minha filha. Porém, a essa altura, já foi uma cirurgia de risco. Minha filha teve falta de oxigênio, de nutriente, o que protegia o feto. Então, ela já nasceu debilitada, ficou na UTI Neonatal, mas, no mesmo dia, não conseguiu resistir. Um absurdo, um descaso com a vida das pessoas. Esse médico destruiu sonhos, destruiu planos. Destruiu nossa vida. Há bons profissionais na UMMI, mas, como esse médico deixou que o protocolo fosse mais importante que a vida?”, questionou o pai.
“Como um protocolo pode ser mais importante que a vida humana?”, questionou novamente o pai. Segundo o pai da criança, ele foi até à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) para registrar um Boletim de Ocorrência. Quem também falou com a reportagem do Liberdade News foi a senhora Joselene Rocha dos Santos, tia do bebê Elloá Martins Cardoso. Segundo a Joselene, foram momentos de profunda tristeza, ver o que a irmã, Sara Matias Rocha Cardoso, de 28 anos, passou naquele lugar. “Foram horas dolorosas, sofridas, tinha momentos que eu ia até ao corredor para ver se via alguém. Fui até ao consultório do médico, para conversar com ele, e eu acredito que o médico estava dormindo”, disse a tia.
“Era madrugada, minha irmã sentia forte dores, fortes contrações, e ninguém fazia nada. Pelo que ele deu a entender para a gente é que seria um parto normal, mas, não foi o que aconteceu, foi muito triste o que a minha irmã viveu naquele lugar, no meu entendimento, teria sido negligência médica. Após tudo o que aconteceu, minha irmã acabou tendo um atendimento humanizado, mas, foi tarde demais, o atendimento que ela precisava, era o atendimento da chegada, na hora que ela deveria ser internada, mas, ele recusou interná-la, recusou fazer o parto dela, e eu ouvi quando ele disse a ela que não poderia fazer nada. Estamos tomando todas as nossas medidas cabíveis, dentro de nossos recursos, essa situação não pode ficar desse jeito”.
Esse médico já foi denunciado várias vezes. Algumas oficialmente, outras por meio das redes sociais. Não é de hoje que nossa reportagem recebe denúncias de maus-tratos, falta de profissionalismo e negligência médica. A última denúncia registrada pelo Liberdade News foi em agosto de 2020, quando um pai acusou esse mesmo médico de negligência, que levou à morte da esposa e das duas filhas (gêmeas). Por conta de uma dessas denúncias, o médico chegou a ser afastado, tendo o seu contrato rescindido com a prefeitura em 2020. Nesta terça-feira, após a denúncia do caso no Jornal Liberdade da Rádio Eldorado FM, nossa equipe teve informações de que o médico já foi afastado e a sua conduta será investigada.
Por: Lenio Cidreira/Liberdadenews
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