Porto Seguro: A festa onde houve uma discussão por causa do som alto, e que resultou na morte do índio pataxó Vítor Brás Souza, de 21 anos, no fim da noite de domingo (13), foi realizada sem autorização da prefeitura de Porto Seguro.
A organização do evento disse que, na segunda-feira passada (07), solicitou à Secretaria Municipal de Meio Ambiente autorização para a realização do evento em uma casa alugada às margens da BR-367, na Ponta Grande, orla Norte da cidade. O imóvel fica próximo à aldeia Novos Guerreiros, onde a vítima morava. No entanto, como a prefeitura demorou para conceder a licença, a organização decidiu fazer a festa mesmo sem o alvará necessário. A prefeitura, por sua vez, informou que não houve solicitação para liberação do evento.
A organização disse que cerca de 120 pessoas participaram da Sigilo Fest, que não era de paredão e teve a participação de três bandas. Foi o primeiro evento promovido pelo grupo.
HORÁRIO LIMITE – Segundo a organização, o dono da casa alugada não informou que se tratava de uma área indígena. Os organizadores só ficaram sabendo disso no domingo à tarde, quando várias lideranças indígenas foram até o local dizer que se tratava de território pataxó e que o som só poderia ficar ligado até as 23h.
Por volta de 23h30, segundo a organização, um cacique, acompanhado de Vítor, retornou ao local da festa pedindo para que o som fosse encerrado, pois já havia passado do horário previamente combinado. Os organizadores disseram que, após pedir ao pessoal do som, tudo foi desligado e a festa encerrada.
As pessoas já estavam saindo da casa quando um dos organizadores afirmou ter ouvido disparos de arma de fogo, mas que os tiros teriam ocorrido a cerca de 400 metros do local do evento. Por isso, ele alega não ter visto quando a vítima foi alvejada e que só ficou sabendo do fato quando chegou na região central de Porto Seguro.
PREFEITURA DIZ QUE NÃO FOI SOLICITADA AUTORIZAÇÃO – Em nota, a Prefeitura de Porto Seguro lamentou o ocorrido com o jovem indígena. “Nesse momento tão difícil e de dor, a Prefeitura de Porto Seguro presta sua solidariedade aos familiares, à Aldeia Indígena Pataxó e amigos, rogando a Deus para que conforte seus corações, dando força e sabedoria”, diz a nota.
SUSPEITO IDENTIFICADO – O suspeito de balear Vítor já foi identificado pela polícia, que está em diligência para tentar prendê-lo. Também já foram ouvidas algumas testemunhas. Os organizadores da Sigilo Fest disseram que ainda não foram intimados para depor, mas se colocaram à disposição da polícia para prestar todos os esclarecimentos necessários.
ASSASSINATO – Vítor Brás Souza, liderança dos jovens estudantis da aldeia Novos Guerreiros, foi morto com dois tiros nas costas. Ele chegou a ser encaminhado ao Hospital Luís Eduardo Magalhães, mas não resistiu. O jovem indígena era casado e deixa dois filhos, um de cinco anos e outro de dois meses.
De acordo com testemunhas, um dos homens que frequentava a festa ficou irritado com as reclamações de Vítor por causa do som alto e, após uma discussão, sacou uma arma e atirou no índio. “Houve uma discussão. Alguém deu um tapa no rosto do Vítor, que revidou. Ao se virar de costas, ele levou dois tiros”, disse um índio que presenciou o crime. O criminoso fugiu em seguida.
PROTESTO – Um grupo de indígenas interditou, no fim da manhã desta segunda-feira (14), um trecho da BR-367, na orla Norte, para cobrar da polícia o esclarecimento do assassinato de Vítor. Durante o protesto, que também teve a participação de não indígenas, a casa onde ocorreu o crime foi parcialmente destruída.
Fonte: Rada64
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