A prisão de um homem que se identificava como pastor de uma igreja evangélica, ajudou a Polícia Civil esclarecer o estupro de uma criança, ocorrido no distrito de Cruzeiro do Sul, município de Vereda. Clézio Pereira dos Santos, 26 anos, é acusado de abusar sexualmente de uma menina, de 10 anos, que era levada para o banheiro da igreja, onde era molestada.
Ele foi preso, em flagrante, na última terça-feira (11), pela Polícia Militar, no bairro Monte Santo, em Itanhém, acusado de agredir a lavradora Vilma Teixeira Costa Marinho, 55, durante uma tentativa de assalto. Ele
A lavradora estava sozinha em casa, na fazenda Bom Sossego, localizada no córrego do Pequizeiro, próximo ao distrito de Curvelo da Conceição, município de Itanhém. O marido dela, Antônio José dos Santos Marinho, 57, havia saído para orar em um monte, por volta das 17 horas, e passou antes na casa do acusado, que fica a cerca de 300 metros, para pegar uma sela que havia emprestado a ele.
Minutos depois que o marido saiu, um homem, que vestia uma calça preta, usando máscara no rosto, à procura de dinheiro, agrediu a lavradora com socos e um instrumento não identificado, que trazia em uma das mãos. A mulher ficou com o corpo cheio de hematomas e com cortes nos lábios e na cabeça.
O delegado titular de Itanhém, Jorge da Silva Nascimento, disse que, durante a tentativa de assalto, todas as vezes que o homem ia falar suspendia a máscara, o que fez com que a vítima reconhecesse o agressor como sendo Clézio Pereira. Uma testemunha, que prestou depoimento na delegacia, contou ao delegado que viu Clézio passando em direção à casa da vítima com uma calça preta e que, logo depois da agressão, ele foi visto com outra roupa.
O estupro: Em maio do ano passado o promotor Fábio Fernandes Corrêa, que era substituto em Itanhém, solicitou ao delegado Jorge da Silva Nascimento, em caráter de urgência, a apuração de um estupro ocorrido no distrito de Cruzeiro do Sul, pelo qual era acusado um homem identificado como Pastor Clézio.
Quando o delegado e o investigador Felipe Mendes chegaram aquele distrito foram informados da existência do pastor Cleber e não Clézio. Cleber de Souza Ferreira, 36 anos, foi ouvido pelo delegado e liberado porque nada tinha a ver com a acusação. Os nomes apenas eram parecidos.
O verdadeiro acusado, Clézio Pereira dos Santos, que era conhecido como Pastor Clézio, ao tomar conhecimento da presença da Polícia Civil naquele lugar, imediatamente desapareceu.
Criança era ungida com óleo: Em maio do ano passado, quando a Promotoria Pública solicitou à Polícia Civil uma investigação do caso, pelo menos uma criança, na presença da mãe, foi ouvida pelo delegado, que vinha, sem sucesso, tentando localizar o Pastor Clézio.
A menor disse em seu depoimento que em um domingo o Pastor Clézio a chamou para dentro do banheiro da igreja para ungi-la. Lá, vendou os olhos dela com uma gravata e passou óleo em todo o seu corpo, depois de despi-la. A criança disse ainda que o acusado acariciou as partes íntimas dela e que um barulho estranho, que o delegado acredita ter sido de masturbação, foi ouvido.
O acusado, de acordo com o depoimento, fez ameaças, dizendo que mataria a criança e a mãe dela, caso alguém ficasse sabendo. Ainda de acordo com o depoimento, no domingo seguinte, além dessa, outra criança participou da sessão de abuso sexual no banheiro da igreja e ambas foram ameaçadas.
O fato só chegou ao conhecimento da família da criança na terceira vez, quando o Pastor Clézio, foi à casa da criança após um culto, por volta das 22 horas, e pediu a mãe para levar a criança para a igreja para ungi-la. “Deixei porque tinha ele como um homem de bem e ele me disse que estava preparando minha filha para ser uma obreira”, disse a mãe em depoimento ao delegado. Nesse dia a criança chegou em casa trêmula e com o corpo embebido de óleo e contou à mãe que ela, na verdade, estava sendo abusada sexualmente fazia dias.
Quebra-cabeça: Depois de ter sido preso em Itanhém, acusado de tentar assaltar e agredir a lavradora Vilma Teixeira Costa Marinho, a equipe do delegado Jorge da Silva Nascimento montou o quebra-cabeça, concluindo que Clézio Pereira dos Santos é o mesmo que foi acusado, em março do ano passado, de ter estuprado pelo menos duas crianças no distrito de Cruzeiro do Sul, município de Vereda. Segundo o delegado Clézio já foi condenado a 14 anos, três meses e 15 dias por um homicídio em Pedra Azul, cidade localizada no nordeste de Minas Gerais.
Por: Edelvânio Pinheiro/Liberdadenews