Ramiro Guedes
VIVER
Ler é viver em dobro. Como, por exemplo, ler “O amor esquece de começar”, de Fabrício Carpinejar. O livro é de crônicas, essa difícil empresa de fixar o cotidiano com engenho e arte. Carpinejar consegue. Sem imitar, adota uma linha ficcional parecida com a de Suzana Flag, pseudônimo usado por Nelson Rodrigues em “A Vida como ela é”. Carpinejar escreve como quem fala com o leitor: “falo com a mão no ombro do outro”, diz.
Ler é viver em dobro.
E O SALÁRIO, Ó!
O governo golpista de Temer não teve pejo em diminuir o salário mínimo de R$ 969,00 para R$ 965,00. Tirando de quem ganha o mínimo, consegue economizar e tirar de circulação a bagatela de cerca de 58 bi. Certamente, tal garantia será usada para pagar serviços da dívida.
Golpistas...
EXPLICOU?
Na audiência pública sobre a Privatização de Empresas Públicas, uma pessoa perguntou a um gerente palestrante qual era o mistério da Taxa Selic estar a 7,50% ao ano e os juros do cheque especial passarem dos 200% no mesmo período. Resposta do gerente: cheque especial é um crédito para momentos de urgência.
Pergunta-se: o que tem o fiofó a ver com as calças?
SEDE VACANTE
Até o momento em que escrevinhávamos essas mal traçadas, ainda não havia sido nomeado o novo Secretário de Esportes.
Vários nomes estão sendo cogitados.
Os esportistas aguardam com impaciência.
BOCHINCHO
Propala-se pelas cavalariças de Augias que a Secretaria de Esportes deve ser rebaixada a Departamento.
Seria mais um retrocesso do governo municipal.
LÁ EM CURPIOBA MIRIM
O correspondente dessa coluna em Curpioba Mirim, Sóstenes Cauim Velásquez, noticia que esteve com o gerente da fazenda da prefeita D. Brígida, lá do Espírito Santo, que foi à cidade receber ordens da chefa. Segundo Sóstemnes, a fazenda da prefeita no Espírito Santo é uma bela propriedade, sempre precisando de manutenção, a fazenda e seus equipamentos. Pois o gerente contou que, toda semana vai à Curpioba buscar 2500 litros de óleo diesel para tocar as máquinas da fazenda brigidaniana. Sem papas na língua, por desconhecer a profissão de Sóstenes, o gerente afirmou que o óleo saía das tetas da mamã.
Tudo está gravado.
AINDA EM CURPIOBA MIRIM
Sóstenes Cauim Velásquez, correspondente da coluna em Curpioba Mirim, conversou mais com o funcionário da fazenda da prefeita D. Brígida. Estavam ele, Sóstenes e o gerente, tomando um caldo de cana no boteco de seu Dagno, em Curpioba, quando Dagno perguntou ao capataz sobre as galinhas. Sóstenes se interessou pelo assunto e perguntou do que se tratava. Envergonhado, o capataz contou que comprara 6 galinhas na mão de seu Dagno para pagar com 15 dias, pois nessa data deveria receber seu pagamento na fazenda. Deu 15, deu 30, deu 45 e já vai para 60 e nada da prefeita pagar.
Segundo o capataz, ela disse que teve que pagar os ciganos e ficou sem dinheiro.
ARGH!
Esse escriba recebeu um áudio no zap, em que uma professora narra que, em determinada escola municipal de Texas, aconteceu a visita de um fiscal, chefe do setor de merenda. Chegou e chegou destemido. Era hora do recreio e todos merendavam, inclusive os professores, com alguns tomando da merenda escolar dos alunos. O “fiscal” não conversou e redigiu uma autuação, pois, segundo ele, professor não pode consumir merenda escolar.
São determinações superiores, afirmou.
OUTRO ARGH!
O tal laudo de atuação é uma obra-prima de uso do vernáculo. O primeiro golpe é na grafia, que mistura maiúsculas e minúsculas ao bel prazer. O segundo são verdadeiros atentados à ortografia: órgan (órgão), profesores (professores) e outros cabeludismos mais. Note-se que o “fiscal” não se preocupou com a qualidade da merenda (leite e biscoito) ou com as baratas que entram pelo esgoto para dentro da cantina. Só queria autuar os professores por estarem consumindo da merenda escolar.
Dizem eles que é a lei.
A LEI E O ESPÍRITO DELA
Esse escriba procurou saber se existe tal lei: ela existe, sim. Por ela, apenas alunos podem se alimentar da merenda escolar. Se sobrar alguma coisa, deve ser jogada fora. Explicação: o que os professores comem é o que vai sobrar (em torno de 30%) e que vai ser jogado fora.
Será preferível jogar alimento no lixo?
ANTES DE HUCK, SÍLVIO
Labora em ledo engano quem acha que Huck é o primeiro televisivo a almejar ser presidente da república. Em 1989, Sílvio Santos tentou sair pelo nanico PMN, mas fracassou, pois o partido foi extinto por irregularidades eleitorais. Quem descobriu as tais irregularidades e entrou com o recurso que detonou Sílvio foi Eduardo Cunha, então operador da campanha de Fernando Collor de Melllo.
Há quanto tempo Cunha patina no lodo...
AGORA É FERNANDA
Depois que Caetano e Paula Lavine venceram Frota e MBL na justiça, os radicais do atraso não se emendaram e passaram a atacar Fernanda Montenegro. Tudo porque a bela atriz brasileira postou em sua página um repúdio a qualquer forma de censura. Foi o que bastou para ser chamada dos piores palavrões e atacada de todas as formas. Infelizmente, Fernanda, pelo menos a princípio, não quer processar os que a atacaram.
Mino Carta tem razão: o iluminismo não chegou ao Brasil – estamos na Idade Média.
AOS INDIGNADOS
A turma de “estadistas” e policiais que se indignaram com a fala do Ministro da Justiça, o Torquato, deveria ter se indignado com as denúncias do Tropa de Elite também. O que o ministro precisa fazer é provar o que disse, que a morte do coronel, dias atrás, foi queima de arquivo.
Isso e sua fala de que a cúpula da PM no Rio está envolvida com o tráfico.
MATEMÁTICA CRUEL
Faltam 60 dias para terminar o ano e apenas 25 ruas foram asfaltadas.
Será que dá?
PANFLETO
O PT soltou um panfleto explicando que o asfalto do Bela Vista é do povo, que a verba foi conseguida e deixada por João Bosco e que Timóteo só fez atrasar em 8 meses o asfaltamento do trecho.
“A verdade, meu amor, mora num poço”, já dizia Noel Rosa.
CORRIGENDA
Não sei por qual erro meu, não foi para postagem a Nica 139. Como os assuntos já caducaram, segue a 140 para o Liberdade News.
Perdão, leitores.
FECHANDO COM PESSOA
“A poesia é assombro, admiração, como um ser caído dos céus que toma plena consciência da sua queda, espantado com o que vê”.