Governo pretende leiloar em 2018 as ferrovias Norte-Sul e Ferrogrão. Representantes do setor acreditam que investidores vão preferir aguardar resultado das eleições.
O governo pretende fazer, em 2018, pelo menos dois leilões de ferrovias: o da Norte-Sul, entre Tocantins e São Paulo; e o da Ferrogrão, entre Mato Grosso e Pará.
Apesar das demonstrações de interesse do mercado nos dois trechos, com ênfase para a Norte-Sul. Analistas acreditam que o plano do governo deverá ser adiado devido às eleições.
Fernando Marcondes, sócio da L.O. Baptista-SVMFA, escritório de advocacia especializado em consultoria jurídica na área empresarial e de infraestrutura, acredita que os leilões têm grandes chances de serem bem sucedidos, mas só devem ocorrer após a definição eleitoral.
"A noção geral é que 2018 será um ano complicado para a infraestrutura justamente por causa da eleição. Não temos nem um quadro claro com relação aos candidatos", afirmou.
Ele destacou que os investimentos envolvidos em projetos de ferrovias são muito altos, o que dificulta o comprometimento dos investidores num ambiente de incertezas gerado pelas eleições.
O diretor-executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, também avalia que os leilões de ferrovias só devem ocorrer em 2019 por causa do momento de incerteza política.
Segundo ele, porém, as expectativas de as concessões avançarem são positivas porque há poucas oportunidades de investimento em ferrovias em outros países.
"O Brasil é um dos poucos países que têm grandes projetos para serem concedidos. No resto do mundo não há muito mais o que expandir. A Europa já está toda integrada, e a China investiu muito nos últimos 15 anos", disse.
Prioridade
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, responsável pelo Programa de Parceria de Investimentos (PPI), afirmou em dezembro que as ferrovias serão a prioridade do governo na área de transporte em 2018.
"Precisamos nos dedicar obcecadamente à questão ferroviária. O Brasil não pode continuar com a extensão ferroviária que tem. O dano para o agronegócio é altíssimo", afirmou o ministro na ocasião.
Além da Norte-Sul e da Ferrogrão, o governo também planeja a concessão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). No caso desta última, porém, os estudos ainda não foram concluídos, e o governo ainda não abriu consulta pública.
Ex-presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e consultor da RZD, empresa ferroviária da Rússia, Bernardo Figueiredo avalia que há muito interesse do mercado na Norte-Sul.
Segundo ele, por ser um projeto mais maduro, com a ferrovia já construída, há grandes expectativas de que o leilão seja feito já em 2018.
"A Ferrogrão é um pouco mais complicada. É um projeto com investimento muito alto, com risco muito grande", disse. Ao contrário da Norte-Sul, a Ferrogrão terá que ser totalmente construída pelo investidor.
O advogado Leonardo Coelho, autor do livro 'Regulação das Ferrovias', também avalia como positivo o cenário para concessões ferroviárias.
Mas, avaliou, o sucesso vai depender muito da entrada de grupos internacionais, já que as empresas brasileiras que controlam ferrovias no Brasil atualmente estão mais atentas à possibilidade de prorrogação das concessões em troca de investimentos.
Fonte: G1