Ramiro Guedes
JOSÉ MARTI
“Duas pátrias
Duas pátrias eu tenho: Cuba e a noite.
Ou as duas são uma? Nem bem retira
sua majestade o sol, com grandes véus
e um cravo à mão, silenciosa
Cuba qual viúva triste me aparece.
Eu sei qual é esse cravo sangrento
que na mão lhe estremece!”
Releio, nesse tormentoso final de semana, versos do poeta cubano, José Marti, em livro que me foi presenteado pelo amigo Archângelo Delpizzol. Marti, um grande poeta revolucionário sul americano, desperta na alma um heroísmo que já se faz velho e desbotado.
A vida é uma roleta marcada e viciada.
BBB
Existe coisa mais primitiva e intolerável na TV do que o tal BBB? Baixa qualidade, apresentador pífio, participantes risíveis e alienados e um modelo de programa que não resiste a qualquer análise.
Típico programa do Brasil do golpe.
SACO
Nada mais seletivo e hipócrita do que a indignação do Faustão no intolerável Domingão. Faz apenas considerações gerais sobre a crise, não detalha e denuncia nada a não ser de maneira genérica e todos sabem de suas tendências.
Montado em um salário de mais de 1 milhão mensais fica fácil arrotar indignação.
EDUCAÇÃO
Com total estupefação, esse escriba toma conhecimento de que na Escola João Mendonça os alunos da 8ª.D foram dispensados de aula no dia 8de março. Motivo? Não há carteiras para atender todos os estudantes. Esses, dessa turma, não irão para a escola, para que outros tenham condições de assistir aulas sentados.
A Prefeitura ainda pede compreensão aos pais.
Compreensão ou indignação?
LÁ EM CURPIOBA MIRIM
Recebemos matéria de nosso correspondente em Curpioba Mirim, Sóstenes Cauim Velásquez, onde ele dá conta da verdadeira baixaria que rolou na inauguração de um Postinho de Saúde, em determinado bairro da cidade, bairro carente e periférico, por sinal. Conta-nos Velásquez que o palanque estava cheio, a bandinha furiosa tocando, quando chegou D. Brígida para a inauguração. Ao subir no palanque, a prefeita foi chamada por um popular e parou para atendê-lo. Para surpresa da indigitada alcaide, o popular, um senhor de seus 50anos, queria fazer a ela uma pergunta: “D. Brígida, a senhora veio inaugurar o que aqui no bairro? Desde a sua posse, esse postinho já estava pronto, conseguido pelo prefeito anterior. A senhora veio inaugurar o atraso da entrega da obra?”
Ah, Margarida pra quê!
AINDA EM CURPIOBA MIRIM: A IRA
Ninguém esperava pela estapafúrdia explosão da prefeita. D. Brígida parou em meio à escada e gritou para cidadão: “-Quem é o senhor para vir me perguntar isso? Me respeite, eu sou a prefeita!” O homem ficou meio assustado, mas não perdeu o rebolado: “-Sou um cidadão e tenho o direito de reclamar. Não aguento mais ouvir as mentiras do seu povo sobre nossa saúde. Postinhos estão sem médicos, falta remédio, exames não são marcados e pessoas estão morrendo por falta de assistência. A senhora fica fazendo gracinha, dizendo que pegou a saúde na UTI, mas é mentira. Na UTI ela está agora. Mentirosos!”, clamou. D. Brígida não conversou: erguem sua bolsa avantajada e com ela golpeou o homem. Ao mesmo tempo, sua tropa de choque partiu para cima do cidadão e, entre chutes e tapas, o levaram dali, sob protestos da população. Em seguida, no discurso que fez, a prefeita atacou o cidadão, chamou de ladrão o ex-prefeito e afirmou que a saúde de Curpioba Mirim era referência para a região.
O povo, disfarçadamente, temendo agressões, apenas se ria, deliciado com as mentiras.
SARUESAGENS
O comandante do Exército, Eduardo Villas Boas, elogiou um artigo do juiz Sérgio Moro, sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro. No artigo, publicado na VEJA (onde mais?), Moro elogia a intervenção, dizendo que ela se justifica, “mas o Exército não foi feito para reunir provas e decretar prisões. De todo modo, a intervenção talvez possa consistir em uma oportunidade para, pelo menos, iniciar o longo processo de desmantelamento dessas organizações criminosas”.
Tradução: Não há certeza de nada nem se a intervenção terá eficácia ou não, segundo Moro.
Como o general elogia o juiz, virou tudo conversa de saruês.
LULA
Cada dia, por mais paradoxal que possa parecer, fica mais próxima a prisão de Lula. O que torna mais próximo esse fato? O resultado das últimas pesquisas. Por exemplo, o cientista político, Marcos Coimbra, avisa que a grande força eleitoral de 2018 será o PT. Mais: se Lula for preso, a força do partido aumenta. Para Coimbra, Lula, preso ou não, pode ganhar no primeiro turno.
Corre para prender, D. Carmen.
TIRO NA PLEURA
A soltura de Wesley Batista foi um tiro no coração da Lava Jato e de Fachin.
E não foi Gilmar quem soltou.
PERSISTE O ESCURO
Sabe aquela lua cheia que só Teixeira de Freitas tem para nos oferecer e encantar nossos olhos visionários? Em muitos casos, esqueça. Na Rua 10, Urbis 3, curtir a brisa da noite e a lua cheia são delícias proibidas. Apenas dois postes, um em cada extremo da rua, desiluminam a noite. Os moradores temem o risco de bandidos e seus ataques.
A má administração ajuda até a matar a poesia.
FECHANDO A NICA COM MART
“O primeiro dever de um homem é pensar por si mesmo”.
“Todo es hermoso y constante,
Todo es música y razón,
Y todo, como el diamante,
Antes que luz es carbón.”
“Ser culto é o único modo de ser livre”.
“A liberdade custa muito caro e temos ou de nos resignarmos a viver sem ela ou de nos decidirmos a pagar o seu preço”.
CORRESPONDÊNCIA
Gracilian Escobar ·
Üsteğmen em Estudante
Só dar valor a leitura quem saber compreender as complexidades das palavras. Nada obstante, o não leitor no afã de desclassificar o cultivador de livros acaba se perdendo na explicação.
Alguns usam livros para enfeitar móveis.
Outros para enfeitar paredes.
Uns usam como limpador de exceções.
É algumas pessoas leiam porque sabem o valor da leitura.
Cada um valoriza o que tem.
Uns o saber outros a leviandade,
Resposta: Belo comentário, que faz pensar. Inclusive, o escriba tem pensado muito sobre formas de expressão. De qualquer maneira, ler para entender o mundo é essencial. Como diria Artaud, “Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou senão para sair do inferno.”