Ramiro Guedes
INÉDITOS DE PESSOA
Descobriu-se, em Lisboa, em uma arca, inéditos do grande poeta Fernando Pessoa. O achado é uma riqueza literária inestimável, pois tudo que se refere a Pessoa é eterno. Sem uma vida pessoal interessante, Pessoa fez de sua vida poética uma aventura. Um poema inédito descoberto:
“Foi-se do dogmatismo a dura lei
E o criticismo não foi mais feliz.
“Nada sei” o Agnóstico enfim diz...
Eu menos, pois nem sei se nada sei.
EM 7 DE MAIO
A data de 7 de maio é emblemática para a história da humanidade. Nesse dia, em 1945,o general alemão Alfred Jodl assinava a rendição incondicional, encerrando assim a participação da Alemanha na 2ª. Guerra. Ainda haveria, posteriormente, o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que forçaria a rendição japonesa. Celebra-se aí o que querem que seja uma data sagrada da Liberdade.
Com o mundo conflagrado de hoje, onde se escondeu essa idéia de liberdade?
RETRATOS DO BRASIL
Uma leitora, Ana Souza, escrevendo ao site Tijolaço, assim se manifestou:
“Cansei de ouvir que os tostões do bolsa família criavam vagabundos e nem uma reclamação sequer dos juros dos banqueiros; críticas ao PROUNI e nenhuma queixa sobre a ganância dos políticos; acusações contra os movimentos sociais e até contra o MINHA CASA, MINHA VIDA e total silêncio a respeito de auxilio moradia para juízes com casa própria. Dois pesos e duas medidas: uma rigorosa para os pobres e outra suave para os ricos.”
É um retrato fiel da realidade brasileira.
OS CULPADOS SÃO AS VÍTIMAS
Sempre no afã de criminalizar movimento sociais, a ignóbil Globo vem jogando toda a culpa do incêndio e desabamento de um prédio de 24 andares no centro de S. Paulo nos ocupantes e em suspeitos de cobrarem aluguéis dos moradores. A culpa dos ocupantes é de terem vampirizado o prédio, criando condições para o incêndio, afirma a Ignóbil. Outra culpa é dos dirigentes do movimento de ocupação, que estariam cobrando aluguel dos flagelados. A Ignóbil não mostra que as ocupações no centro de São Paulo não aumentaram à toa, em menos de cinco anos, de 42 para 70. Nem ocorrem e aumentam só aí. São frutos ácidos da tragédia social e de descaso governamental.
A verdade dos dominadores só favorecem a dominação. Até quando?
LÁ EM CURPIOBA MIRIM
O correspondente da coluna em Curpioba Mirim, Sóstenes Cauim Velásquez, nos envia fornida correspondência onde relata, segundo ele, tendo flatos por risos, o episódio acontecido naquele burgo no último domingo, 6 de maio. Conta-nos Velázquez que algum gaiato lançou em redes sociais a informação de que as falcatruas financeiras da Prefeita sairiam no Fantástico na edição daquela noite. A notícia correu em Curpioba como um rastilho aceso de pólvora e chegou ao conhecimento de D. Brígida. Foi o que bastou para que a mandatária se enfuzasse. Correu dali, correu acolá, ligou para a Globo, procurou contatos que barrassem a reportagem, instalou gabinete de crise, o diabo. Na hora do Fantástico, plantou-se em frente à TV, devidamente apetrechada de um jarro de suco de maracujá para aguentar o tranco. Como a notícia da publicação não tinha fundamento, nada saiu a respeito. Ao final do programa, D. Brígida comemorou com fogos e gritaria a ausência da reportagem.
Toda a cidade acompanhou o vexame e Curpioba ainda não saiu do Fantástico do ridículo.
AINDA EM CURPIOBA MIRIM
Três itens contribuíram, segundo Velásquez, para o perrengue pelo qual a prefeita D. Brígida passou na noticiada reportagem do Fantástico. Um: as licitações dirigidas, comandadas por parentes dela, a prefeita. Dois: a questão do desvio de recursos da merenda escolar – alunos são contemplados apenas com um achocolatado e duas bolachas de maisena na hora do lanche, apesar da licitação milionária para compra de carne. Três: a desconfiança de grossa maracutaia envolvendo o transporte escolar, quando até uma moto foi listada e paga como ônibus. Há muito mais coisa, mas essas três são as que trazem mais preocupação para a ilustre gestora.
Mais Fantásticos virão, mais aflições e cólicas acontecerão. É só esperar.
VERDADE
Sobre o incêndio e a queda do prédio no centro de São Paulo:
“O Brasil é o único país em que os ratos conseguem botar a culpa no queijo”.
A frase é de Millôr Fernandes.
ANÁLISES
Salta aos olhos uma previsão feita por um blogueiro, em que ele diz que Rui Costa poderá não disputar as eleições na Bahia, se ficar provado que o PT recebeu grana de Khadafi para a campanha de 2002. Por uma falcatrua desse tipo, o PT teria seu registro cassado, sumiria do mapa e Rui não poderia se candidatar, tendo de indicar outro candidato.
Ridicularices deveriam ter limites.
PROGRAMA DE RÁDIO
Vieram perguntar a esse escriba se ele já ouvira determinado programa de rádio teixeirense, que acabou de entrar no ar. Resposta rapidinha:
Não ouvi e não gostei.
SÃO JOÃO EM TEIXEIRA DE FREITAS
Esse escriba ficou sabendo que a administração municipal de Teixeira de Freitas (leia-se Timóteo Brito) resolveu não festejar o aniversário da cidade em formato de Micareta e festejar o São João com uma grande festa. Confesso que a solução é agradável, por vermos os festejos juninos e julinos com mais tradição e gosto do povo nordestino, desde que os artistas convidados mantivessem essa tradição e que fossem prestigiados os artistas da terra e que o custo da festa não atingisse nenhuma exorbitância.
Laborava o escriba em ledo engano.
TRADIÇÃO E EXORBITÂNCIA
Leio, em determinado site de Teixeira, uma notícia que causou estupefação ao escriba: para o S. João, um dos artistas contratados é o cantor Amado Batista, pela quantia de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais). A matéria vem documentada por um extrato de contrato de inelegibilidade de licitação. O contrato mostra a contratação do artista Amado Batista, “reconhecido nacionalmente”, pelo valor de R$ 180.000,00. A verba para a contratação virá do Fundo Municipal de Educação.
Estupefatos, quedamo-nos exangues.
O S. JOÃO E ALGUMAS PERGUNTAS
Como a função do jornalista é sempre perguntar, mesmo que não obtenha respostas, vamos lá:
O que tem Amado Batista a ver com S. João?
O show do cantor Amado Batista vale R$ 180.000,00 ?
Serão, claro, chamados artistas locais para as apresentações. Serão esses artistas remunerados dignamente?
O valor desse vultoso cachê não seria melhor empregado em benefício de necessidades básicas da Educação Municipal, hoje tão maltratada em Teixeira de Freitas?
Professores e alunos querem saber, o resto do povo também.
FECHANDO A NICA COM FRASES DA MPB
“E o dono, senhor de tudo, sentado mandando dar...e a gente fazendo conta pro dia que vai chegar: é a volta do cipó de arueira no lombo de quem mandou dar...”(Geraldo Vandré, em Arueira)
“Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”. (Chico Buarque, em Apesar de você)
“Um rei mal coroado, sem Maria...” (Geraldo Azevedo em Canção da Despedida)
“Eu queria ter na vida, simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher...” (Hyldon, em Casinha Branca)
“Ei, Al Capone, vê se te orienta... Já sabem do teu furo, nego, no Imposto de Renda”.
“A saudade é o revés de um parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu...” (Chico Buarque, em Pedaço de mim)
CORRESPONDÊNCIA
Gracilian Escobar ·
Üsteğmen em Estudante
Logo após disserta este informes e algumas trivialidades, um prédio veio ao chão. Podemos pensar o que uma coisas tem com a outra. Conquanto, Teixeira de Freitas, há muitas pessoas aguardando uma residência. Destarte, o que nos abala é os demiurgos de São Paulo e suas inércia. Ademais, nossa cidade está com um Gestor que dorme as custas do sofrimento alheio. O pior de tudo é quando colocam a culpa nós mortos. Seriam os Gestores um mix de Macunaíma é querem transformar a Nação em uma "Casa verde".
RESPOSTA: Que os mandões em S. Paulo querem transformar as vítimas em culpados, no caso do incêndio e desabamento do prédio, isso salta aos olhos. Em Teixeira, tudo fica por conta do Pão e Circo: 180 mil para pagar Amado Batista, grana tirada do Fundo de Educação, é quase um escracho. Volte sempre.