Afirmação do candidato do PSDB ocorre após presidente postar vídeos com críticas ao tucano. Alckmin participa de sabatina no Estadão

Jales Valquer/Framephoto/Estadão Conteúdo

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira (6) que o presidente Michel Temer (MDB) não tem legitimidade. A afirmação foi feita após Temer divulgar nas redes sociais dois vídeos com críticas diretas ao tucano.

Na primeira gravação, divulgada na quarta (5), Temer afirma que, quando apoiou Alckmin em eleições anteriores, o tucano era "diferente". O presidente ressalta, ainda, que os ministérios da Saúde, da Educação e da Indústria e Comércio foram comandados por PP, DEM e PRB, respectivamente, legendas que hoje apoiam a candidatura do tucano.

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Geraldo Alckmin faz campanha em São Paulo nesta quinta-feira (06)

Nesta quinta, em sabatina promovida pelo jornal “O Estado de S.Paulo” em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo, Alckmin criticou Temer. “O problema não são os ministros, é o presidente que não tem a liderança que precisa ter e nem a legitimidade”, disse.

O tucano rebateu também a afirmação de Temer de que o PSDB apoiou a gestão emedebista. “Eu não votei no Temer. O Temer é da chapa da Dilma. Houve o impeachment. Nós temos responsabilidade para com o Brasil. Tudo que for de interesse do país vamos votar favoráveis", disse.

"O PSDB foi o partido que mais votou em reforma trabalhista, reforma do ensino médio, o que mais votou naquilo que acredita. Na época, eu disse que devíamos dar apoio parlamentar, mas sem participar do governo. Não é um governo nosso", acrescentou o tucano.

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Novo vídeo

Na manhã desta quinta, Temer divulgou um segundo vídeo em que pede a Alckmin para que não minta para conseguir votos e “conte exatamente a verdade”.

“O PSDB, Geraldo, apoiou o meu governo. Não faça como aqueles que falseiam, que mentem para conseguir votos influenciado pelo marqueteiro. Seja realista, conte exatamente a verdade”, disse Temer em um trecho da gravação.

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Ação do MP

Na sabatina, o candidato também comentou a ação que o Ministério Público (MP) de São Paulo entrou contra ele por improbidade administrativa. O promotor Ricardo Manuel Castro acusa o tucano de ter recebido R$ 7,8 milhões por meio de caixa dois na campanha de 2014 ao governo paulista, via Odebrecht.

"Um promotor contrariando o posicionamento do Ministério Público e contrariando o próprio STJ entra com ação que entendo equivocada. Quem está na vida pública tem o dever de prestar contas. Fui prefeito da minha cidade natal com 25 anos de idade. Tenho 65. São 40 anos de vida pública. Moro no mesmo apartamento, tenho o mesmo patrimônio. Vivo com R$ 5 mil do INSS. Não é ficha limpa, é vida limpa, isso é obrigação", disse.

A Promotoria pede que Alckmin seja condenado à suspensão dos seus direitos políticos, à perda de eventual função pública que ocupe, à perda de "valores ilicitamente acrescidos", ao pagamento de multa e à proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos direta ou indiretamente.

"Não estou fazendo nenhuma crítica ao promotor. Estou dizendo que é estranho, a 30 dias das eleições, entrar com uma ação que o STJ e o MP Federal já disseram que não há nenhuma improbidade. Qual a motivação? Eu não vou brigar por isso. Nós vamos esclarecer", disse o tucano.

Educação

O ex-governador de São Paulo também falou sobre educação. A respeito da queda do estado no Índice Nacional de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb), Alckmin voltou a criticar a metodologia utilizada pelo Ministério da Educação.

"São Paulo avançou no Ideb no ciclo 1 e 2. O que eu reclamei junto ao MEC e ao Inep? Nós estamos fazendo o máximo que a gente pode para o ensino médio ser junto ao técnico. O aluno faz o médio e o técnico no nosso Centro Paula Souza. Ou faz os dois integrados em um currículo só para que ele saia com dois diplomas. O que fez o MEC? Não permitiu que nossos melhores alunos do ensino médio participassem da prova", afirmou.

Alckmin disse que o país investe 70% da verba de educação em universidades e apenas 30% em educação infantil. Se eleito, prometeu inverter a prioridade. “Não prometemos universalizar as creches, mas vamos aumentar. Governar é escolher, e é uma luta porque todo mundo quer colocar dinheiro lá no ápice. O mais importante é a primeira infância”, disse.

Transporte público

O tucano também foi questionado sobre a demora de entrega nas estações de trem e metrô em São Paulo.

"No mundo inteiro o governo federal banca o metrô. No Brasil, zero. Em São Paulo fazemos só com o dinheirinho do estado. Tocamos simultaneamente o VLT de Santos. Na Linha 4 do Metrô, entregamos Higienópolis, Oscar Freire, Fradique Coutinho, Butantã e vai ser entregue a nova estação Morumbi", disse.

Adversários

Sobre a última pesquisa eleitoral, na qual aparece com 9% das intenções de voto, Alckmin afirmou que “a campanha ainda nem começou”.

"Pesquisa eleitoral não é perfume, não é para beber. É para saborear. Não podemos andar ao sabor de pesquisa. Precisa de convicção, crença”, disse.

Questionado sobre Jair Bolsonaro (PSL), Alckmin destacou o índice de rejeição do adversário. “Eu acho o Bolsonaro um passaporte para volta do PT. Ele não ganha de ninguém no segundo turno. O PT vai poupar o Bolsonaro. O PT só bate em mim, porque tudo que ele quer é que o Bolsonaro vá ao segundo turno”, disse.

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