Datafolha divulga pesquisa de intenção de voto para presidente
O cientista político Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília (UnB), avaliou ao blog a nova pesquisa Datafolha de intenção de voto para presidente, divulgada nesta segunda-feira (10).
A pesquisa aponta Jair Bolsonaro (PSL) com 24%; Ciro Gomes (PDT) com 13%; Marina Silva (Rede), 11%; Geraldo Alckmin (PSDB), 10%; e Fernando Haddad (PT), 9%.
“À medida que a campanha avança, a indefinição aumenta. A campanha na rua não está gerando uma definição. Pelo contrário. É algo que não era esperado por muitos dos analistas, que aguardavam uma redução da indefinição à medida que a campanha avançasse”, disse ao blog.
“O aspecto de indefinição de quem vai de fato chegar ao segundo turno está maior, mesmo após o início da campanha na televisão. Esses movimentos todos levaram a um empate técnico entre Ciro, Marina, Alckmin e Haddad”, afirmou.
“O que está se delineando é a luta desses quatro candidatos para ver quem vai para o segundo turno com o Bolsonaro, que permanece estável.”
Segundo Rennó, a menos de um mês das eleições, os fatores que podem definir – como desempenho nos debates ou estratégias de campanha – ainda são muito incertos.
O cientista político afirma que, mesmo com indefinição crescente, há uma informação importante sobre o grau de mudança do cenário.
As intenções de voto nulo ou em branco, que somavam 22% na pesquisa anterior, agora caíram para 15%. “É a maior alteração desta pesquisa, seguido da queda da Marina”, explica.
A diminuição dos brancos e nulos, segundo ele, faz afunilar a corrida eleitoral para o Palácio do Planalto.
A pesquisa também mostra um cenário preocupante para a Marina Silva porque, na avaliação do especialista, à medida que ela aparece mais, diminui a intenção de voto. No levantamento anterior, ela somava 16%; agora, 11%.
Lúcio Rennó explica que existe, contudo, um novo fenômeno que vai se cristalizando nas eleições de 2018: a falta de impacto imediato do tempo de TV.
“Estava todo mundo dizendo que era preciso esperar as pesquisas após o início do horário eleitoral. Ora, o efeito tem sido baixo”, afirma.
“Não tem gerado mudança de votos para aqueles candidatos que têm tempo de TV. O tempo beneficiaria, em tese, PSDB, MDB e PT, e isso não tem tido resultado. O PT é o único que pode comemorar um pouco sobre a TV, mas o crescimento do Haddad já era esperado”, afirmou.
Para o cientista político, a tempo de televisão tem se mostrado muito menos efetivo na construção das intenções de voto do que se imaginava e do que acontecia em períodos eleitorais anteriores.
“Parece não ser como antes. E isso terá um efeito provavelmente até nas coligações das próximas eleições”.
Para o professor da UnB, o ataque contra Bolsonaro, esfaqueado na semana passada, não pode ser avaliado tão rapidamente.
“Ainda é cedo. É preciso esperar. Teremos que aguardar mais uma rodada para ter uma noção clara do papel daquele episódio”, explicou.
Em relação ao segundo turno, o cientista político afirmou que o quadro permanece estável, com Bolsonaro empatando com Haddad e perdendo para todos os demais, dentre os principais candidatos. “Algo que já tínhamos visto nas [pesquisas] anteriores”, disse.
Rennó entende que aumentará o otimismo na campanha de Ciro Gomes, já que o pedetista melhorou os seus percentuais de intenção de voto no primeiro e no segundo turno. “Aliás, Ciro é único que ganha de todos no segundo turno”.
Editoria de Arte / G1