Decisão do juiz federal diz que a prisão de Deonilson Roldo foi justificada por 'atividades suspeitas'. Roldo foi preso nesta terça-feira (11), na 53ª fase da Operação Lava Jato. Lava Jato investiga participação de Richa em propina em obra de duplicação de estrada

Há indícios de que Deonilson Roldo, que foi chefe de gabinete de Beto Richa (PSDB), estava trabalhando nos bastidores da campanha ao Senado do ex-governador do Paraná, segundo a decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato na 1ª instância, que determinou a prisão dele.

Ex-governador do Paraná, Beto Richa é preso

Roldo e o empresário Jorge Atherino foram presos nesta terça-feira (11) pela Polícia Federal (PF), na 53ª fase da Operação Lava Jato, batizada de "Piloto", que apura pagamento de propina para políticos na obra da PR-323. Roldo e Atherino já são réus na Lava Jato.

O advogado de Deonilson Roldo, Roberto Brzezinski, disse que considera a prisão desnecessária porque o cliente sempre colaborou e se colocou à disposição da Justiça.

A defesa de Jorge Theodócio Atherino disse que ainda está analisando o decreto de prisão e informou que não teve acesso a todo o processo para se pronunciar. No entanto, a defesa vê com "estranheza a prisão, pois se refere a fatos de 2014 e sempre que o foi solicitado, Atherino compareceu para os esclarecimentos da Justiça, sempre esteve à disposição e tem residência física", disse o advogado Carlos Farracha.

'Atividades suspeitas'

O procurador da República Diogo Castor Mattos disse nesta terça, em coletiva de imprensa realizada na sede da Polícia Federal de Curitiba, que mesmo após se tornarem réus, Roldo e Jorge Atherino, empresário e amigo de Richa apontado como operador de um suposto esquema para recebimento vantagens indevidas, continuavam atuando em atividades suspeitas.

"Um deles trabalhando de forma oculta na campanha, na coordenação da campanha para o Senado Federal do ex-governador, e o outro continuando a movimentar valores expressivos em nome de diversas pessoas jurídicas que estavam formalmente registradas em nome de familiares próximos, mas que tinha como controlador de fato essa outra pessoa. Então havia uma necessidade de acautelamento da ordem pública pela continuidade, pela evidência da continuidade dessas atividades ilícitas", afirmou Mattos.

De acordo com a decisão de Moro, os investigados foram interceptados com autorização da Justiça, e a análise de diálogos feita pela PF aponta que Roldo, aparentemente, coordenava a campanha de Beto Richa para o Senado.

“DEONILSON ROLDO é homem de confiança de CARLOS ALBERTO RICHA, sendo o coordenador de todos os assuntos referentes à campanha de BETO RICHA ao Senado Federal, tendo participação na articulação política, definição de material de campanha como músicas e jingles, sessões de fotos, agendamento de eventos e aconselhamento de modo geral, sendo consultado por BETO RICHA em várias ocasiões”, informa trecho do relatório da PF reproduzido por Moro na decisão.

Ainda de acordo com as informações repassadas pela polícia, Roldo estava mantendo sua participação na campanha oculta devido à investigação sobre o recebimento de valores da Odebrecht.

Ao analisar o pedido de prisão contra Deonilson Roldo, Moro considerou que os crimes em apuração na ação penal sobre as irregularidades na PR-323 foram praticados durante a campanha eleitoral, com a suspeita de propina como doação eleitoral, o ex-chefe de gabinete tem “similares oportunidades para persistir na arrecadação de recursos ilícitos, no caso mediante promessas futuras”.

53ª fase da Lava Jato

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o Grupo Odebrecht fez, no primeiro semestre de 2014, um acordo ilícito o ex-chefe de gabinete de Richa para que a concorrência da licitação para duplicação da PR-323 fosse limitada.

Em contrapartida, a empreiteira pagaria R$ 4 milhões a Roldo e ao seu grupo, ainda conforme a denúncia. Os procuradores afirmam que lançamentos registrados no sistema de contabilidade informal da Odebrecht mostram o pagamento de pelo menos R$ 3,5 milhões em espécie.

Apartamento de Beto Richa foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta terça-feira (11), na 53ª fase da Operação Lava Jato

Reprodução/RPC

Beto Richa

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão no apartamento do ex-governador Beto Richa, dentro da 53ª fase da Lava Jato, batizada de “Piloto” em referência ao codinome do ex-governador na planilha da Odebrecht, de acordo com a força-tarefa.

Moro também autorizou buscas no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná, apenas para obter cópia de registros de entrada no edifício e nos gabinetes dos investigados – Deonilson Roldo, Beto Richa, José Richa Filho, irmão do governador, e Ezequias Moreira Rodrigues, ex-secretário de cerimonial de Beto Richa – no período dos fatos, entre 1º de janeiro de 2014 e 31 de dezembro do mesmo ano.

Além disso, foram autorizadas buscas e apreensões na Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), para extração de cópia de e-mails e agendas eletrônicas dos mesmos investigados, no período de 1º de janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2015.

Sobre as buscas relacionadas ao ex-governador, Moro fez a ressalva de que mandados de busca e apreensão são medidas de investigação, que não exige prova concreta de envolvimento em crimes.

“Há provas que justificam as buscas, pois ele [Beto Richa] é apontado como beneficiário dos valores provenientes dos crimes e de um esquema de lavagem de dinheiro. Ressalve-se, porém, que ainda se trata de uma fase de investigação, a busca nela se inserindo, e que, portanto, não é possível no presente momento qualquer afirmação conclusiva quanto à responsabilidade dele”, explica o magistrado.

Procurados pelo G1, representates de Beto Richa ainda não se manifestaram.

Prédio onde fica o partamento de Beto Richa, no bairro Mossunguê, em Curitiba

Tarcisio Silveira/RPC

Jorge Atherino

O empresário Jorge Atherino, amigo do ex-governador do Paraná Beto Richa, foi preso preventivamente, por tempo indeterminado, na 53ª fase da Lava Jato. Ele também é réu na ação penal que apura irregularidades na licitação para duplicação da PR-323 e foi apontado pelo MPF como operador do esquema para recebimento de propina da Odebrecht.

O investigado também foi alvo de interceptação que, segundo a decisão de Moro, revelou diálogos que sugerem a continuidade de práticas financeiras fraudulentas. Entre os interlocutores do empresário está Tiago Correa Adriano Rocha, apontado como braço-direito dele, que foi preso temporariamente, por cinco dias, nesta terça.

“Constam diálogos (...) sugerindo pagamentos vultosos em espécie, em moeda nacional ou estrangeira, continuação da utilização da conta de Flora Leite Atherino [esposa de Jorge Atherino] para passagem de recursos a terceiros, utilização de linguagem cifrada para a realização de pagamentos, e continuidade da utilização dos familiares como pessoas interpostas”, detalha um trecho do despacho.

Além disso, Moro também considerou o contexto da campanha eleitoral e o risco de Jorge Atherino “utilizar recursos ilícitos guardados para despesas atuais de campanha”.

Sobre os indícios de envolvimento com o recebimento de propina paga pela Odebrecht, o magistrado ainda lembrou que há "fundada suspeita" de que empresas em nome dos familiares de Atherino e contas em nome dos familiares dele tenham sido usadas para movimentar grande quantidade de dinheiro em espécie "ou para lavar dinheiro de origem criminosa, misturadas a recursos de origem lícita”.

De acordo com a advogada de Tiago Correia Adriano Rocha, Maria Francisca Acioly, ele já prestou os esclarecimentos na PF nesta manhã. Acioly disse que ainda vai estudar o caso para poder se posicionar.

Questões não respondidas

Em entrevista coletiva, a equipe da Lava Jato deixou de responder diversos questionamentos de jornalistas sobre detalhes da investigação. Uma dessas questões era sobre empresas ligadas a familiares de Beto Richa que estão na mira da PF. Outra era sobre contas relacionadas ao ex-governador fora do país: em nome de quem estão, em que países e quais os valores movimentados.

“Esses fatos estão ainda em apuração. Então entendo que não é o momento oportuno para emitir qualquer juízo sobre essas eventuais empresas que estão sendo objetos de apuração. [...] Não podemos detalhar nenhuma empresa envolvida”, disse o delegado da PF Felipe Eduardo Hideo Hayashi.

A PF também evitou falar sobre resultados das ações de busca e apreensão. “A Polícia Federal não vai se manifestar sobre alvos específicos”, afirmou Hayashi.

Bloqueios de até R$ 50 milhões

Na decisão que determinou os mandados judiciais da 53ª fase da Lava Jato, Moro também mandou bloquear até R$ 50 milhões em contas bancárias de Jorge Atherino, da mulher dele, Flora Leite Atherino, da RF Participações Ltda. e demais empresas controladas pelo empresário.

Também foi determinado a indisponibilidade de ativos financeiros, no mesmo valor, de Deonilson Roldo e da empresa dele, a Start Agência de Notícia Ltda. Segundo as investigações, a empresa recebeu cerca de R$ 135 mil em depósitos em espécie, entre setembro e dezembro de 2014, período que corresponde às entregas de valores pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

De acordo com Moro, o decreto do bloqueio de ativos financeiros é viável em relação aos investigados contra os quais há prova de recebimento de propina, independentemente se os valores são de procedência lícita ou ilícita.

O advogado Carlos Farracha informou que Flora Theodócio Atherino é sócia da RF Participações Ltda., mas a empresa é administrada pelo marido dela. Ainda segundo a defesa, todas as atividades da empresa serão esclarecidas à Justiça.

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