Integrado por representantes de diferentes órgãos, colegiado terá caráter consultivo para a formulação e execução de políticas na área de segurança. O presidente Michel Temer (centro) durante solenidade de instalação do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, em Brasília

Cesar Itiberê/Presidência da República

O presidente da República, Michel Temer, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, instalaram nesta segunda-feira (17) o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.

O colegiado permanente formaliza a implantação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que prevê a atuação conjunta de diferentes órgãos de segurança federais, estaduais e municipais. Farão parte do sistema, por exemplo, a Polícia Federal e as polícias civis e militares.

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Na cerimônia, o ministro da Segurança anunciou que estabeleceu uma meta de reduzir em 3,5% os homicídios nos próximos dois anos.

"A partir dos objetivos de desenvolvimento sustentável que o governo brasileiro assumiu com a ONU em 2015, nós estamos estabelecendo uma meta de redução de 3,5% ao ano nos homicídios verificados no Brasil", disse.

Ele ressalvou, porém, que a meta ainda precisará ser discutida com os estados, que são os entes da federação responsáveis pela segurança pública.

"Isso, evidentemente, terá que ser pactuado com os estados porque sobre eles é que recairá grande parte desse esforço", afirmou.

Jungmann reconheceu que o fato de o governo Temer acabar em poucos meses poderá dificultar o cumprimento da meta, mas argumentou que a ideia é deixar "um legado".

"Alguém poderá dizer: o governo que se conclui assume compromissos de um plano decenal, de dez anos para a frente? A nossa resposta é a seguinte: primeiro, nós não podemos esperar um dia sequer. Segundo, a lei, devidamente aprovada e sancionada, impõe a instalação desse conselho e de que tenhamos um plano. Os futuros que vierem, os que vierem que o refaçam, que o atualizem, que o desenvolvam", afirmou.

Em um discurso feito de improviso, o presidente Michel Temer fez uma digressão sobre como se formou o conceito de federação no Brasil desde o sistema de capitanias hereditárias na época do Brasil-Colônia e citou como a questão era vista pelas diferentes Constituições brasileiras.

Segundo ele, o histórico do Brasil é de uma "espécie de federalismo meio capenga".

"Vivemos numa federação de fachada, onde a união tem papel preponderante", declarou.

Em razão disso, embora a questão da segurança pública esteja sob responsabilidade dos estados, ele afirmou que a União também deve atuar

Segundo o presidente, "não basta combater [o crime] com armas, é preciso combater com inteligência".

Na cerimônia, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, afirmou que a violência hoje no Brasil "é uma epidemia" e que deve ser tratada de "maneira emergencial, envolvendo todas as áreas (...) para resolver esse problema, que não é insolúvel". O ministro elogiou a criação da política por pensar a segurança de forma nacional e integrada.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também discursou e disse que considera ousada a meta de reduzir os homicídios em 3,5%, mas que é necessária.

"É uma meta ousada. Uma meta que exigirá um esforço extraordinário de todos nós para que trabalhemos coordenados com o objetivo de paz social. E, por isso, deve ser ousada", afirmou.

O Conselho

O papel do conselho será consultivo e de acompanhamento das atividades na área de segurança pública.

Parte dos conselheiros foi apresentada durante a solenidade, que aconteceu no Salão Negro do Palácio da Justiça, em Brasília.

A previsão é que o conselho seja composto por, além dos representantes dos órgãos que fazem parte do Susp, por integrantes de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Poder Judiciário.

Com mandato de dois anos, os representantes serão eleitos por votação em suas respectivas entidades.

Autoridades durante lançamento do Conselho Nacional de Segurança Pública

Valdenio Vieira/Presidência da República

Veja a composição do Conselho Nacional de Segurança Pública:

Pelo Ministério da Segurança Pública, farão parte:

o próprio ministro (Raul Jungmann) e os titulares da Secretaria Executiva (Luis Carlos Cazetta), Secretaria Nacional de Segurança Pública (João Tadeu Fiorentini), Polícia Federal (Rogério Galloro), Polícia Rodoviária Federal (Renato Dias) e Departamento Penitenciário Nacional (Tácio Muzzi).

As demais vagas serão ocupadas por representantes das seguintes instituições:

Secretaria de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional;

Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça;

Casa Civil da Presidência da República;

Ministério da Defesa;

Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão;

Ministério dos Direitos Humanos;

Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

Poder Judiciário

Ministério Público

Defensoria Pública

Ordem dos Advogados do Brasil

polícias civis;

polícias militares;

corpos de bombeiros militares;

secretarias de segurança pública ou de órgãos congêneres;

institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identificação;

agentes penitenciários;

agentes de trânsito;

guardas municipais;

Guarda Portuária;

representantes de entidades de profissionais de segurança pública;

representantes com notórios conhecimentos na área de políticas de segurança pública e defesa social e com reputação ilibada.

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