Do hospital, Jair Bolsonaro (PSL) enquadrou seu conselheiro econômico, Paulo Guedes, gerando apreensão no mercado.
A leitura de operadores é que surgiu muito cedo o primeiro ruído entre os dois, numa sinalização de que Guedes não terá, como era previsível para quem conhece o capitão reformado do Exército, a autonomia alardeada no comando da política econômica num eventual governo do candidato do PSL.
Bolsonaro publicou foto andando no hospital, amparado por um dos filhos
Reprodução/Twitter Oficial Jair Bolsonaro
Bolsonaro foi às redes sociais para garantir que, em uma eventual futura gestão sua, não haveria espaço para aumento de impostos. “Ignorem essas notícias mal intencionadas dizendo que pretendemos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico, pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos”, postou o candidato do PSL, num recado direto para Paulo Guedes tomar cuidado com suas propostas.
O economista, em encontro com colegas do mercado, havia dito que poderia propor a criação de um imposto nos moldes da CPMF, no lugar de outros cinco tributos, e iria unificar a alíquota do Imposto de Renda em 20%. Candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) exploraram de imediato as declarações de Paulo Guedes e criticaram sua proposta. Bolsonaro sentiu o cheiro de queimado no ar e reagiu.
Nas palavras de analistas de mercado ouvidos pelo blog, o “posto Ipiranga” de Bolsonaro, como ele costuma chamar Paulo Guedes, não terá tanta autonomia para tomar suas decisões no comando da economia, como vinha alardeando o candidato em entrevistas antes do atentado.
Foi, segundo eles, o primeiro ruído entre os dois e que veio muito cedo. Neste momento, porém, Bolsonaro depende de Paulo Guedes e terá de ser cuidadoso para não gerar mais estresse no mercado, pelo menos até a eleição.
Interlocutores do candidato tentam minimizar o episódio. Dizem que não chegou a ser enquadramento, mas apenas um freio de arrumação na campanha, já que, desde que Bolsonaro foi hospitalizado, não só Paulo Guedes mas principalmente o vice Hamilton Mourão deram declarações que passaram a ser exploradas pelos adversários do candidato do PSL.
O temor de Bolsonaro é que esses episódios acabem refletindo na sua rejeição, que já é elevada, e dificultem a campanha dele no segundo turno. Hoje, o capitão reformado do Exército é favorito para passar para a segunda fase da campanha, mas não tem a mesma liderança nas simulações de segundo turno.
Editoria de Arte / G1