Enfrentando uma fase de turbulência interna na campanha, a cúpula do PSL busca reagir e diz que seus adversários querem fabricar uma crise para tirar votos do candidato Jair Bolsonaro na reta final do primeiro turno.
"Estão querendo fabricar uma crise na nossa campanha, mas isso não vai acontecer", reagiu o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato.
Nos últimos dias, o conselheiro econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, cancelou uma série de eventos depois de ser enquadrado pela direção do PSL.
O conselheiro econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes
Reprodução/GloboNews
O economista havia dito, em encontro com investidores, que estava em seus planos propor a criação de um tributo nos moldes da CPMF em substituição a outros impostos e unificar a alíquota do Imposto de Renda da Pessoa Física em 20%.
As declarações passaram a ser criticadas pelos demais candidatos, gerando desgaste na campanha, o que levou o próprio Jair Bolsonaro a determinar que Paulo Guedes evitasse esse tipo de afirmação neste momento. Além disso, divulgou nas redes sociais que não concorda com o aumento de impostos.
A interlocutores, Paulo Guedes reclamou que suas declarações foram tiradas de contexto e divulgadas como se estivesse propondo apenas um aumento de impostos, quando falava de uma substituição de tributos.
O estrago, porém, já havia sido causado, gerando preocupação na campanha do candidato do PSL, que já enfrentava desgastes provocados também por declarações de seu vice, Hamilton Mourão.
O episódio foi logo tratado por analistas do mercado financeiro como uma demonstração de que Paulo Guedes não terá, como vinha sendo dito pelo próprio candidato, a autonomia considerada necessária para tocar a política econômica num eventual governo do capitão reformado do Exército.
O cancelamento de participação em eventos por Paulo Guedes nesta semana gerou especulações no mercado, de que ele poderia, inclusive, deixar a campanha de Bolsonaro. "Zero de base, eles se entendem", reagiu o deputado Eduardo Bolsonaro.
Paulo Guedes é apresentado por Bolsonaro como a garantia de que adotará uma linha liberal na política econômica em um eventual governo, buscando agradar empresariado e mercado, já que o passado do deputado do PSL é de posições mais alinhadas a medidas nacionalistas, estatizantes e corporativistas.
Editoria de Arte / G1