Segundo ministério, declaração foi dada em contexto teológico, sem relação com gestão pública. Damares já disse que meninos vestem azul e meninas, rosa.
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, se envolveu em mais uma polêmica. Depois de dizer que os atuais moldes do Enem podem atrapalhar as famílias e de designar cores para meninos e meninas, agora Damares Alves apareceu em um vídeo em que fala sobre ciência, igreja e educação.
Nas imagens, de 2013, Damares Alves diz que a igreja evangélica perdeu espaço nas escolas para a ciência.
"A igreja evangélica perdeu espaço na história. Nós perdemos o espaço na ciência quando nós deixamos a teoria da evolução entrar nas escolas, quando nós não questionamos. Quando nós não fomos ocupar a ciência. A igreja evangélica deixou a ciência para lá e 'vamos deixar a ciência sozinha, caminhando sozinha'. E aí cientistas tomaram conta dessa área", diz a ministra no vídeo.
A teoria da evolução, citada pela ministra, é reconhecida mundialmente e trata do desenvolvimento da vida na Terra. Pela teoria, a partir de ancestrais comuns, os seres humanos e outros tipos de vida sofrem mudanças evolutivas de uma geração para outra.
A declaração da ministra Damares Alves ganhou destaque nas redes sociais e chamou a atenção de cientistas e educadores.
Lucile Floeter Wonder, diretora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e professora de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) alertou para o risco de se misturar ciência com religião.
"A ciência tem um método e ela utiliza esse método, chamado método científico, para mostrar, para validar essas teorias ou não. E existem muitas evidências a favor da teoria da evolução. E eu acho que a gente não pode misturar as coisas. A gente não pode misturar a fé com ciência", afirmou.
Professor de educação da UnB, Luiz Araújo também criticou a declaração da ministra.
"Ninguém deixou de ser cristão porque as escolas ensinam ciência. É nosso dever na educação transmitir os conhecimentos que são gerados pela humanidade, que vão evoluindo", afirmou. "É assim que a humanidade evolui. Se o Brasil quer dar um salto para o futuro, ele não pode voltar para a Idade Média", declarou.
O que diz o ministério
A ministra não quis gravar entrevista. Em nota, o ministério informou que "a declaração ocorreu no contexto de uma exposição teológica que não tem qualquer relação com as políticas públicas que serão fomentadas" pela pasta.
Acrescentou ainda que não há relação entre a atuação da titular desta pasta como líder religiosa e suas funções como gestora pública.
Fonte: Jornal Nacional