Ramiro Guedes
SATÍRICON
Com unção, esse escriba relê o Satíricon, de Petrônio, em texto integral da Martin Claret, em esmerada tradução de Alex Marins. A obra foi escrita em 63 d.C. e é considerada maior da literatura latina. Destituído de intenções moralistas, o romance de Petrônio fala da devassidão nos bordéis e estações de água romanos, devassidão comum àquele período do império romano. O romance de Petrônio serviu de inspiração ao filme de Fellini, Satíricon, de 1969.
Leitura essencial para quem se interessa por História.
COBRANÇA
Chamado a uma entrevista na Rádio Câmara, o assistente social Antônio José cobrou desse escriba maior assiduidade na confecção dessas Nicas. Satisfeito por possuir tal leitor, expliquei a ele que, além da falta de assunto, o diabetes, muitas vezes, nos reduz a um estado de quase catatonia intelectual. Prometo tentar sair desse estado e voltar a ser mais assíduo no fazimento dessas mal traçadas.
Perdão, Antônio, perdão, leitores.
DEBATE MOTORIZADO
Estava esse escriba, como de costume, em dia passado, a demandar a casa, usando como meio de transporte costumeiro mototáxi, quando fui surpreendido pelo condutor do veículo com inusitada pergunta: “-Você já aceitou Bolsonaro?” Respondi que não, já que não estou afeito jamais a valentões e ditadores e ele argumentou que o país precisava de mudanças
nas últimas eleições. Meditei em tais mudanças, ardorosamente defendidas pelo rapaz e a conclusão foi única: mudar sim, mas para melhor.
Bolsonarices e bucaneirices são coisas primitivas e atrasadas e não cabem no mundo de hoje.
FASCISMO EXPLÍCITO
O corte de verbas das Universidades Federais do país não surpreende quem estuda o totalitarismo à luz da Sociologia e da Filosofia, matérias expurgadas dessas universidades. Cortadas as verbas, as Universidades públicas se degradarão, o ensino perderá qualidade ainda mais, as pesquisas se encolherão e o pensamento crítico será, cada vez mais, desvirtuado.
É tudo quanto quer um regime ditatorial, mesmo que tal ditadura seja disfarçada.
LÁ EM CURPIOBA MIRIM
O correspondente dessa coluna no progressista burgo de Curpioba Mirim é o combativo jornalista Sóstenes Cauim Velásquez. Vez por outra, chega-nos de lá, mandado pelo diligentes Sóstenes, correspondência dando conta dos desmandos da prefeita Brígida Campolargo. A última que nos chega mostra o desespero da alcaidessa com as últimas pesquisas. Segundo o correspondente, o instituto Brogodó avaliou o governo brigidiano e marcou: a administração da prefeita está com 91% de rejeição por parte do povo. Foi o que bastou para D. Brígida reunir a imprensa e protestar, afirmando que o resultado era falso e manipulado pela oposição. Sóstenes Cauim também estranhou o resultado.
Para ele, onde D. Brígida arranjou 9% de aprovação?
AINDA EM CURPIOBA MIRIM
Narra-nos ainda o correspondente da coluna que, depois de conhecido o resultado da pesquisa, D. Brígida reuniu os secretários e vituperou contra eles vários impropérios. Depois de culpar os empresários, segundo ela exploradores do povo e sonegadores, jogou a culpa do fracasso administrativo no colo dos secretários. Para a prefeita, são todos incompetentes e lerdos. O Secretário da Educação, professor Trimegisto Tinga esboçou uma reação, reclamando da prefeita falta de autonomia para deliberar, já que D. Brígida administra como coronela e resolve tudo
sozinha. A prefeita respondeu com grosseria: “-A sua pasta é a mais comprometida, professor. Se o senhor não dá conta, tenho quem dê”.
Agarrado ao polpudo salário, Tinga se recolheu ao mais tenebroso silêncio.
O BOSQUE DA IMUNDÍCIE
Ali na Avenida Padre Anchieta, naquele bosque que fica ao lado do CETEPES, impera a sujeira e o mau cheiro. Como se isso não bastasse, a erosão já está quase atingindo o asfalto da avenida e apenas uma fita de marcação amarela mostra a proximidade do buraco. Quando cai a noite, o perigo é evidente, pois a sinalização é pouca. Motoristas apelam à prefeitura para que alguma medida seja tomada.
Espera-se que não precise acontecer um acidente.
PROSSEGUE A SINFONIA
Depois de um aviso de que as obras do trevo da Pão Gostoso estariam em breve finalizadas, tudo ficou como antes no quartel de Abrantes. Os motoristas continuam sofrendo com o trânsito embananado na região, os mototaxistas perderam seu abrigo e a obra entra em seu quinto mês de atraso.
Um espanto.
SERÁ?
Encontro-me com um velho filiado do PT e ele, abestado, me fala da divisão do partido. O medo maior dele é que essa divisão pode dar a vitória ao grupo timotista nas próximas eleições municipais. Dividido, explica ele, o partido não chega a lugar algum. Ou há uma união imediata e cessam essas brigas internas, ou o PT abre mão de eleger o prefeito no próximo pleito.
É uma análise...
OUTRA ANÁLISE
Encontro-me com um professor petista e com ele verbalizo os temores do velho companheiro citado acima. O professor concorda que dividido fica mais difícil, mas não teme a derrota por causa disso. Raciocina ele que o
PT sempre brigou internamente e depois sempre se saiu bem. Pensa que, no fim, tudo se acomoda e as coisas voltam a caminhar.
Será?
CHAMADA
Atenção, deputado Uldurico Pinto, pai: mandaram procurar o senhor para perguntar onde está Ivan Rocha.
Vai responder?
E A JUSTIÇA?
Se como foi dito em entrevista pública, em um blog da cidade, Ivan Rocha estaria vivendo em S. Paulo com o nome de Valdeci, a pessoa que fez a afirmativa não deveria ser abordada pela justiça para dar o endereço do jornalista?
Perguntar não ofende.
NEW YORK, NEW YORK
Depois das críticas e repulsas do prefeito de Nova York, o Capitão resolveu não ir para lá receber o prêmio de Personalidade do Ano, concedido a ele pela Câmara de Comércio Brasil/Estados Unidos. Depois do episódio, os bolsonaristas não dizem mais “Vai pra Cuba” a quem discorda deles. Dizem “Vai pra Nova York”.
Muita gente agradece ao prefeito daquela cidade.
VENEZUELA
Os Estados Unidos e o Brasil podem, ir arranjando outra maneira de derrubar Maduro, pois o golpe da última semana fracassou. Guaidó admite que avaliou mal o apoio das forças armadas da Venezuela e viu o movimento fracassar.
Cada vez mais se anseia por uma solução pacífica naquele país.
BETH CARVALHO
A Madrinha do Samba se foi e deixou na alma brasileira uma imensa saudade. Além de grande cantora e mecenas de vários sambistas, Beth sempre esteve ao lado das forças progressistas do Brasil.
Que falta vai fazer!
FECHANDO A NICA
“Moro sabe que sou inocente e Dallagnol sabe que é mentiroso”. (Lula, em entrevista à Folha)
“Leais sempre, traidores nunca!” (Militares venezuelanos em resposta a apelos de Guaidó)
“Sigo gritando, pois o silêncio me incomoda” (Elza Soares, falando de sua luta contra o racismo)
“Posso não concordar um minuto com o que dizeis, mas defenderei todo o tempo o direito que tendes de dizê-lo”. (Voltaire