A vida é mesmo cheia de ironias. Quando o então juiz Sérgio Moro, a uma semana da eleição, deixou vazar a delação do ex-ministro de Lula, Antonio Palocci, a uma semana do primeiro turno presidencial, era legal, apesar do bombardeio de críticas, inclusive de juristas, que dizia tratar-se de uma ação política.
Agora alvos de vazamento de mensagens reveladas pelo site The Intercept, Moro e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da Lava Jato, foram incisivos: se disseram vítimas de um vazamento ‘imoral e ilegal’. Seja lá como for, agora estão provando do próprio veneno.
No telhado – Cola? Para o senador Otto Alencar (PSD), claro que não. Ontem em entrevista à BandNews, ele disse que Moro ‘deixou vazar tudo’. E vaticinou:
— As acusações, de que Moro e Dallagnol, um juiz que deve julgar os fatos e o procurador que deveria apurar, agiam de comum acordo, são graves. E fatalmente vai dar em CPI.
Também é certo que a pretensão de Moro ir para o STF subiu no telhado. Otto diz ter uma quase certeza:
— No Senado não passa. Ele atropelou a lei, agiu como se os fins justificassem os meios. E isso é grave.
O senador afirma que no Paraná já se dizia que Moro sempre fez vistas grossas para os aprontes do ex-governador Beto Richa. A isso soma-se a desarticulação do governo no Congresso. Em suma, Moro subiu a escada.
Moro, Argolo, pedra e vidraça
Aliados do ex-deputado Luiz Argolo, que foi condenado a 11 anos e 11 meses de prisão em 2015 pelo então juiz Sérgio Moro (pena depois ampliada para 12 anos e oito meses), festejavam ontem na Assembleia o escândalo envolvendo o ex-algoz, agora ministro.
Dizem que, no mínimo, Moro saiu da condição de herói da Lava Jato para agora encarar o bombardeio midiático. Ou seja, passou de pedra a vidraça.
PMs tentam se mobilizar
Representantes de entidades que congregam policiais militares do país se reuniram ontem na Assembleia, entre eles os baianos Sargento Isidório (Avante) e Soldado Prisco (PSC), para a Previdência. O consenso, segundo Prisco:
– A proposta é obscura. Privilegia os militares federais e esquece os estaduais. Só está claro que aposentadoria pula de 30 anos para 35.
Eles dizem que em peso apoiaram Bolsonaro. Mas podem saltar fora.
Júnior, doação peso pesado
E por falar em doações, o deputado Júnior Muniz (PP) carregava ontem uma sacola de papelão no restaurante da Assembleia. Era pesadíssima. Conteúdo: R$ 2 mil em moedas que ele levava para doar à Igreja Internacional da Graça de Deus, à qual pertence.
As moedas ele arrecada no comércio em geral trocando por dinheiro em cédulas. E por quê?
– Porque eu gosto assim. Prefiro as moedas.
Um tijolinho para ajudar nas Obras de Irmã Dulce
No efervescente comércio de licores, pamonhas e canjicas do entorno da Praça David Lagine, a central da Assembleia, uma pausa para a caridade: lá está o Oratório Irmã Dulce, uma casinha onde Nilda Pessoa e Maria Olviedo, funcionárias da casa, arecadam R$ 10 por um tijolinho, que vai virar uma colaboração para as Obras Sociais de Irmã Dulce. Fala Nilda:
— As Obras de Irmã Dulce estão precisando ampliar a ala de ressonância. Aqui é uma ajuda. Por R$ 10 a pessoa leva um tijolinho de brinde e colabora com a causa.
A iniciativa é da Assembleia de Carinho, presidida por Danda Leal, esposa do presidente Nelson Leal (PP). Detalhe: ninguém pega em dinheiro. O doador vai lá e põe na urna.
Fonte: Agência Brasil