Está disponível aos jornalistas brasileiros um questionário que visa identificar o que pensa a categoria sobre pressões editoriais provenientes de interesses alheios ao bem-público. A pesquisa nacional vem sendo organizada pelo grupo de pesquisa Comunicação e Democracia, do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e é promovida pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e Sindicatos de Jornalistas.
A pesquisa sobre o controle editorial nas redações brasileiras foi lançada oficialmente no dia 3 de outubro, em Fortaleza, na plenária final do XX Encontro Nacional dos Jornalistas em Assessoria de Imprensa (ENJAI). “A intenção é identificar e mensurar em que grau as redações brasileiras são afetadas por relações de poder com grupos políticos e econômicos e compreender de que forma os profissionais de comunicação reagem a essas interferências externas à lógica da prática jornalística”, explica o coordenador do projeto professor Mário Messagi Jr.
O questionário está sendo aplicado em todo Brasil por meio de formulário online até o dia 7 de dezembro de 2015.O roteiro é anônimo, composto de 50 perguntas e pode ser respondido em aproximadamente 10 minutos. A intenção dos pesquisadores é ouvir cerca de 2.800 jornalistas de todo Brasil.
Acesse o link da pesquisa:
http://www.questionarios.ufpr.br/index.php/133733/lang-pt-BR
Dados do Paraná: Em uma pesquisa prévia local, realizada em 2013, os dados revelaram que grande parte dos profissionais está sujeito a pressões comerciais e políticas na rotina das redações. A maior parte tende a se submeter a infrações éticas a fim de preservar as relações de trabalho e o próprio emprego, já que se sentem desprotegidos.
De acordo com os resultados, 88,6% dos jornalistas percebe, em alguma medida, a interferência editorial originada de critérios não-jornalísticos (interesses político-econômicos, por exemplo); 74,3% já realizou pauta “recomendada” (instrução para escrever reportagem de acordo com interesses do veículo enquanto empresa) e 55,7% não concordam com as pressões, mas mesmo assim administram o impasse “com cautela”, sendo que 8,5% obedece a esse tipo de ordem para manter emprego. Outra conclusão importante diz respeito à autocensura. Prevendo o corte de textos inadequados a linha editorial do veículo, os profissionais tendem a antecipar a censura. Ao menos 70% já deixou de publicar determinado assunto prevendo o corte.
Apoio: A pesquisa sobre liberdade de informação busca amostragem equivalente a Pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro, desenvolvida pela UFSC em 2012, sob coordenação do professor Jaques Mick. Na ocasião, foram levantados dados demográficos sobre a classe jornalística brasileira.
Além da FENAJ e sindicatos, a pesquisa também conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas. Os relatórios estarão disponíveis posteriormente para análise dos dados.
Com informações do site do Grupo de Pesquisa Comunicação e Democracia (www.comunicacaoedemocracia.jor.br/)
Por: Mirian Ferreira/Liberdadenews