Porto Seguro: “Hoje o povo pataxó, mais uma vez, está de luto e não podemos mais nos calar diante de tanto descaso quanto aos indígenas atendidos no Hospital Luís Eduardo em Porto Seguro”. Assim destaca um manifesto divulgado pelas lideranças indígenas na sexta-feira (12), após a morte, “por negligência”, segundo a comunidade, de três índios que estavam internados naquela unidade.
Na segunda-feira (08), de acordo com o cacique Zeca Pataxó, o técnico de saúde Nerivaldo Batista da Silva, de 47 anos, estava com dores abdominais e buscou atendimento no Luís Eduardo. “Ele foi medicado e liberado. Dois dias depois, retornou com o quadro agravado e só aí realizaram exames para investigar. Ele acabou falecendo na quarta-feira”, denunciou o cacique. Na mesma quarta-feira (10), a índia Neuza Matos de Oliveira, de 54 anos, que era cadeirante, buscou atendimento no hospital, não recebeu atendimento imediato e acabou morrendo poucas horas depois. “Demoraram horas para atendê-la. Quando foram olhar, ela já estava morta”, contou o cacique, que era primo de Neuza.
A terceira vitima, segundo o cacique, foi sua irmã, a artesã Rosilda Cirino Pesca, de 46 anos. “Ela ficou sete dias hospitalizada com dores na coluna e acabou morrendo na sexta-feira (12), segundo o atestado de óbito, por parada cardiorrespiratória, infarto e infecção generalizada. A médica tinha descartado a hipótese de infarto e agora na hora da notícia da morte informaram que houve, sim, dois infartos”, revelou o cacique. Na sexta-feira, lideranças indígenas realizaram um protesto pacífico na recepção do hospital.
“Estamos aqui reivindicando, porque, para nós, o hospital está matando, não só os índios, como a população”, falou Zeca durante o protesto. “A causa da morte dos três foi a mesma, segundo o hospital. Não podemos aceitar isso. Pedi a necropsia do corpo da minha irmã. Vamos entrar na justiça contra o hospital”, concluiu o cacique, que estava na manhã deste sábado (13) no Instituto Médico de Porto Seguro, aguardando a liberação do corpo de Rosilda.
O OUTRO LADO - A assessoria de comunicação do Hospital Luís Eduardo Magalhães informou que, de antemão, não foi constatada nenhuma irregularidade nos três atendimentos, mas que será aberta uma sindicância interna para apurar, individualmente, cada um dos casos.
Fonte: Radar64