Moradores da cidade de Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia, relatam o surgimento de lama nas praias do município. Para a população, a situação é reflexo da instalação do Canal do Tomba, em Caravelas, também no extremo sul do estado, utilizado para o transporte de eucalipto.
Segundo os moradores, o problema da lama na praia começou há 14 anos, mas se intensificou há dois anos. Na última semana, a quantidade de lama aumentou em grandes proporções e tem prejudicado o comércio da cidade.
Os moradores contam que o Canal do Tomba serve como local de passagem das barcas que levam eucalipto para o estado do Espírito Santo. Para que essas barcas passem no local, é preciso fazer um processo de dragagem na areia, ou seja, ela é removida e depositada em outro local. Esse processo é feito entre os meses de novembro a março.
Com isso, a areia é retirada e depositada nas praias de Mucuri, e gera a lama. As áreas de pesca e turismo estão sendo afetadas por conta da lama. Pescadores não conseguem pescar e os comerciantes não têm feito vendas porque os turistas pararam de frequentar o local.
Por meio de nota, a prefeitura de Nova Viçosa informou que em 2001 foi aberto um processo civil público, mas o problema continuou. A reportagem tentou contato com a Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca da cidade, mas não conseguiu falar.
O transporte do eucalipto é feito pela empresa Fibria, que produz celulose branqueada a partir do eucalipto. A empresa informou, por meio de nota, que realizou estudos na região e que a situação não tem relação com a operação portuária, nem com a dragagem e navegação das barcas. [Confira nota na íntegra no final desta reportagem]
Nota da Fibria:
"A respeito dos relatos sobre ocorrência de lama em praias de Nova Viçosa (BA), a Fibria esclarece que todos os estudos realizados mostram que a situação não tem qualquer relação com a operação portuária, dragagem de manutenção do canal do Tomba, em Caravelas (BA), e navegação das barcaças.
A empresa monitora continuamente os níveis de turbidez da água na região e os dados históricos demonstram que fenômenos climáticos, tais como ventos e ondas fortes, influenciam diretamente na turbidez da água, ocasionando a suspensão de sedimentos na região costeira, fenômeno que não tem qualquer relação direta com as operações da Fibria.
A dragagem é realizada anualmente, no período de novembro a março, para assegurar as condições de navegabilidade das embarcações que trafegam na região - inclusive as de pesca e turismo -, e segue a legislação em vigor, obedecendo a Licença de Operação e o Plano anual de dragagem expedidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
A Fibria vem dialogando com a comunidade e autoridades locais a fim de esclarecer dúvidas sobre esse processo e está disposta a contribuir com os agentes locais na busca do diagnóstico e da solução da questão."
Fonte: G1