O clima na reserva indígena Caramuru-Paraguaçu, no sul da Bahia continua tenso. Índios afirmam que teriam sido atacados. Nesta sexta-feira (4), os fazendeiros começaram a retirar gado e móveis das fazendas que tiveram os títulos anulados na quarta-feira (2) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os 54 mil hectares da reserva foram demarcados entre 1926 e 1938, mas nunca foram homologados.
Os vaqueiros estão recolhendo os últimos gados que restam na área da reserva. Todas as fazendas já foram desocupadas pelos pecuaristas, em apenas oito ainda há rebanhos. Nesta sexta, também foi possível ver na região, caminhões carregados de móveis e equipamentos retirados das antigas propriedades.
A segurança no local continua reforçada. Homens da Força Nacional vigiam as estradas de acesso à reserva, e policiais militares fazem barreira na cidade de Pau Brasil, perto da região do conflito. Mesmo com todo o aparato de segurança, a tensão ainda é muito grande dentro da área indígena. Um grupo de índios que ocupava uma fazenda em uma área isolada da reserva, há 20 dias, em Pau Brasil, diz ter sido atacado por homens armados na noite de quinta-feira (3).
Nas paredes da propriedade, marcas que seriam de tiros. Os índios contam que fugiram para o mato e afirmam ainda que os homens suspeitos tentaram incendiar a casa. "Fizeram vários tiros nos nossos parentes, ele saíram correndo, e os pistoleiros ainda gritaram: espera aí. E os meninos saíram correndo", afirma o cacique Gerson Pataxó.
O fazendeiro que explorava a área se disse surpreso com o suposto atentado. "Nós não somos bandidos, somos cidadãos, nós trabalhamos, vivemos do nosso trabalho. Jamais uma atitude dessa", disse o produtor rural Paulo Leite.
"É de competência da Polícia Federal apurar os fatos. A Funai [Fundação Nacional do Índio] vai estar sempre cobrando da Polícia Federal se vai haver uma investigação", afirmou Wilson de Souza, chefe da coordenação Técnica Local da Funai em pau Brasil.
Informações do G1