Câmera flagrou um dos criminosos na ação em Simões Filho; dois deles já participaram de ataque semelhante em janeiro
Com a alegação de que faziam uma operação policial, bandidos promoveram um "arrastão" em pelo menos seis casas e um terreiro de candomblé na tarde desta quinta-feira (16) em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Todos os imóveis foram arrombados por quatro homens – dois deles já tinham participado de uma mesma ação em janeiro deste ano, quando levaram tudo de uma outra casa.
Após a ação, os bandidos fugiram num Ônix branco carregado de televisores, aparelhos eletrônicos, objetos e até botijões de gás. Em um outro imóvel, um dos criminosos chegou a ser flagrado por uma das câmeras. “Quando se aproximou, a câmera disparou um alarme e ele recuou, por isso não deu para pegar o rosto, só do pescoço para baixo. Seria muito bom se a cara dele ficasse na tela”, disse ao CORREIO o dono do imóvel.
Os casos serão registrados na 22ª Delegacia (Simões Filho), que atende à região. Até o momento não há pistas da quadrilha. A Polícia Militar informou que não foi acionada para atender a ocorrência.
Arrastão
O "arrastão" aconteceu por volta das 14h, numa região conhecida como Meota, localidade de Palmares, distrito de Simões Filho – o acesso fica depois da entrada da cidade. Por se tratar de uma zona rural, a estrada é de barro e as casas, que também são sítios, têm um distanciamento de aproximadamente 100 metros uma das outras.
Os criminosos paravam o Ônix perto das propriedades e, do veículo, desciam dois homens, sendo que um deles usava um alicate industrial para cortar as correstes dos portões e o outro ia para fazer a coleta. Os demais comparsas ficavam no carro observando a movimentação das pessoas na localidade.
O CORREIO conversou com o proprietário de três casas que foram arrobadas pelos criminosos. Ele teve um prejuízo de aproximadamente R$ 3 mil. “Destruíram duas portas e levaram fios elétricos, botijão, rádio, liquidificador. Em outros imóveis levaram televisões e eletrônicos”, contou ele.
Em todos os casos, as propriedades estavam vazias, pois só recebem gente nos finais de semana.
“Como tenho a minha vida em Salvador, não dá pra ficar o tempo todo lá. Mas o estranho que eles foram nas casas certas, vazias. É como se eles tivessem mapeado tudo após um levantamento, já que as casas estavam vazias mesmo aquelas que têm moradores”, apontou a fonte.
Além das casas, os ladrões invadiram um terreiro de candomblé que está em fase de construção na zona rural. Como não encontraram nenhum objeto de valor, eles destruíram porta e janelas de três quartos que estavam situados nos fundos do terreiro.
Policiais
Em dois momentos, os bandidos disseram que se tratavam de policiais e que estavam numa operação. “Não usavam uniformes da polícia, não estavam com distintivos e nem uma ordem judicial. Só armas. Queriam na verdade intimidar as pessoas”, disse um outro dono que teve o imóvel invadido.
Primeiro, dois deles saiam de uma casa com uma televisão nas mãos, ocasião em que foram vistos por um senhor que passava na hora.
“Os bandidos mandaram ele ir embora, dizendo que erem policiais. Um dos ladrões usava o uniforme de uma empresa, mas o senhor nem questionou nada porque estava com muito medo. E quem é maluco de perguntar alguma coisa?”, contou o dono do imóvel.
Em um outro momento, enquanto uma dupla fazia a limpa, a outra, que ficou no carro, apontou as armas para outro morador da localidade. “O rapaz também passava no local, quando deu de cara com os caras que estavam encostados no carro. Um deles disse: ‘vai embora, vai embora. Aqui é uma operação policial pro bicho não pegar para você’. E o rapaz voltou correndo”, relatou a fonte ao CORREIO.
Esta não é a primeira vez que houve um arrombamento de casas na região neste ano. Em janeiro, bandidos invadiram um imóvel e carregaram tudo o que podiam de uma casa. “Os donos, na época, não estavam lá. Não sei quais providências adotaram. Como o caso não teve repercussão, eles voltaram e fizeram uma limpa bem maior”, relatou outro dono de imóvel invadido.
Deboche
Pelo menos dois dos que estavam na ação desta quinta-feira participaram no arrombamento em janeiro.
“Eles não usavam nada para esconder o rosto, por isso que as pessoas reconheceram. Mas eles não são daqui. Estavam de cara limpa como se não temessem as consequências, como se acreditassem na impunidade”, disse ele.
Ainda na ação deste quinta-feira, os bandidos saíram fazendo deboche. “As pessoas ouviram eles repetindo mais de uma vez: ‘aqui não tem homem pra gente. Quem manda somos nós’. E o pior é que eles têm razão, porque policiamento aqui é um problema. De vez em quando, a gente encontra a Rondesp ou a Cipe Polo, é quem dá um apoio de vez em quando. Quando há um fato desse tipo, intensificam (policiamento), mas depois volta como era antes: passam de 15 em 15 dias, ou até de mês e mês”, declarou a fonte.
Em relação à insegurança, a Polícia Militar informou por meio de nota que, de acordo com a 22ª CIPM, “o policiamento mantém-se intensificado na região, onde são realizadas ações ostensivas e preventivas realizadas rotineiramente, inclusive, com a participação do comandante da unidade”.
Fonte: Correio24h