Laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) apontam que o miliciano Adriano da Nóbrega atirou sete vezes na equipe policial antes de ser morto em fevereiro deste ano, na zona rural da cidade de Esplanada, a 144 km de Salvador. A reconstrução feita pelo DPT também mostrou que não houve execução e nem tortura por parte de policiais.
O inquérito foi concluído nesta quarta-feira, 26, e segue nesta quinta-feira, 27, para a justiça de Esplanada. O material apreendido com ele foi encaminhado para a justiça do Rio de Janeiro, onde acontece a investigação contra o miliciano.
“Adriano estava entre o quarto e o banheiro, atirando contra a equipe da polícia. Foram pelo menos sete disparos realizados pelo suspeito. Esses disparos foram confirmados pelos laudos feitos no imóvel e também no escudo tático da policia”, explicou o Perito Criminal José Carlos Montenegro, em coletiva da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) realizada na manhã desta quarta-feira, 26.
A operação mobilizou cerca de 70 agentes. Os militares se separaram para cobrir toda a área e impedir uma possível fuga do miliciano na região. Na abordagem à casa, em uma área isolada, três PMs formaram um triângulo. O primeiro policial, que estava na frente, arrombou a porta. Após o arrombamento, o confronto com o ex-capitão da PM aconteceu.
O diretor do Instituto Médico Legal (IML), Mário Câmara, reforçou que a necropsia não constatou tortura e nem tiros com as armas encostadas em Adriano. "Foram dois tiros que atingiram Adriano, em distâncias superiores a um metro", concluiu o perito.
Acusações
Após a morte do miliciano, o presidente da República Jair Bolsonaro e os filhos chegaram a dizer que existia potencial de “armação”, e que o miliciano teria sido executado pela polícia baiana. Adriano era ligado à família Bolsonaro, conforme apontou o Ministério Público do Rio de Janeiro. As acusações de tortura foram descartadas pelo DPT.
"Nossa preocupação foi verificar se houve ou não a legalidade. Todos os aspectos foram minuciosamente analisados e questionados. Foi o elemento principal para que fizéssemos a reconstrução, confirmar na prática se poderia ter acontecido daquela forma”, explicou o responsável pelo inquérito, Marcelo Sansão.
“Para quem está fora, sem o conhecimento do processo investigativo, é muito fácil verbalizar”, pontuou. Sansão lembrou ainda que Nóbrega era um ex-PM treinado e oferecia risco para a vida da equipe policial. “Ele se posiciona em um local próximo a janela que poderia dar uma rota de fuga. Ele tem um treinamento. É um indivíduo com peirculosidade”, conta.
Crimes
Segundo denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ), Nóbrega era líder de uma milícia que atua na zona oeste da capital, junto com outros dois membros da polícia, Major Ronald e o tenente reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Maurício Silva da Costa. O grupo de matadores de aluguel atuante no estado do Rio é suspeito de ter ligação com o assassinato da vereadora Marielle Franco.
Nóbrega era acusado de chefiar a milícia e o grupo de assassinos profissionais vinculado a ela, conhecido como Escritório do Crime, que executava assassinatos encomendados especialmente por contraventores ligados ao jogo do bicho.
Fonte: Atarde