Cerca de 100 radialistas da Bahia e Sergipe participaram de sexta-feira até domingo (16, 17 e 18), da 1ª Oficina de Capacitação Profissional para Radialistas Comunitários da Bahia, intitulado “No Ar”, realizado no Centro de Convenções do Bahiamar Hotel, no bairro Jardim de Allah em Salvador, que teve como gestor, o advogado Joaquim Carlos Carvalho, diretor jurídico da Abraco Nacional.
O coordenador nacional da ABRACO, José Soter ressaltou que a agenda da missão foi o estudo da linguagem radiofônica, formatos e análise dos temperos que o radialista pode potencializar o uso do veículo de comunicação na promoção de uma pauta cidadã, a qual oficina teve o seu corpo docente composto por 11 mestres do rádio, coordenados pela radialista Mara Régia, da Rádio Nacional da Amazônia AM e da UnB.
O evento foi idealizado pela ABRACO – Associação Brasileira de Radiodifusores Comunitários, com apoio do MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, além da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Para a radialista Mara Régia, profissional com 30 anos de experiência pela Rádio Nacional da Amazônia AM, de Brasília, que ministrou o curso para os radialistas baianos e sergipanos a convite do governo federal, disse que a oficina teve ênfase na criação de uma estratégia de trabalho voltada para as próximas mobilizações via rádio, internet ou quaisquer outros meios que o grupo de participantes escolha.
Pelo menos 9 radialistas comunitários do extremo sul baiano, especialmente de Teixeira de Freitas, participaram da oficina de capacitação em Salvador, a exemplo de Ezequias Alves, Edvaldo Alves, Athylla Borborema, Rubens Floriano, Edson Costa, Edilson Lima, Marilene Figueiredo, Roberto Lima e o acadêmico de direito da FASB, Eudóxio Ribeiro Lemos Junior que visa defender sua tese monográfica em cima da legislação que regulamenta a rádio comunitária no Brasil.
No último dia da Oficina de Capacitação, a ABRACO – Associação Brasileira de Radiodifusores Comunitários, deliberou com os quase 100 radialistas, a realização do 1º Congresso de Radiodifusores Comunitários da Bahia, a se realizar em agosto de 2010 e para cada região foi criada uma comissão organizadora do evento, quando se elegeu para o extremo sul da Bahia, uma comissão formada pelos radialistas Ezequias Alves e Edvaldo Alves e também pelo radialista e jornalista Athylla Borborema.
Hoje existem 9.477 emissoras de rádios AM e FM no Brasil. E o número de rádios comunitárias outorgadas já chega a 3.308, e contando com as ainda não outorgadas o número é ainda maior, cerca de 3,9 mil. Na Bahia já são 287 rádios comunitárias outorgadas. Para alguns profissionais do rádio isso significa pluralidade e democracia nas ondas do rádio e para outros, não necessariamente, pois o governo ainda tem sido muito burocrático e político nas liberações das concessões.
Para Ezequias Alves, membro diretor da Abraco Nacional e gestor da Rádio Liberdade FM de Teixeira de Freitas, um dos pioneiros do movimento comunitário no Brasil a partir de Belo Horizonte onde nasceu o projeto comunitário em 1997, as rádios comunitárias são um exemplo e um avanço na democratização dos meios de comunicação.
Ezequias lembra que toda a história dos membros da ABRACO ao longo desses anos, foi marcada por perseguições políticas, ações policiais e profunda discriminação. Ele diz que hoje finalmente o governo começou a reconhecer a entidade e o movimento, entendendo que não se faz mais comunicação no Brasil com a não construção de direitos e de cidadania na era digital sem as rádios comunitárias.
“As rádios comunitárias são um exemplo e um avanço na democratização dos meios de comunicação. Hoje, são cerca de 3,3 mil já legalizadas e aproximadamente 15 mil brigando para permanecer ou entrar no ar. Estimamos que o conjunto das rádios comunitárias envolva mais de 300 mil comunicadores. É claro que não foi da noite para o dia que todo esse movimento chegou na dimensão que ocupa hoje”, destacou o irmão de Ezequias, radialista Edvaldo Alves, um outro bandeirante do rádio comunitário em nível nacional.
Por Ronildo Brito / Teixeiranews