Um ensaio fotográfico feito pelo repórter fotográfico Urbino Brito, no dia 28 de dezembro do ano passado, dá a real dimensão do estado de destruição do ecossistema do Buranhém, mais conhecido como Rio do Peixe, que nascem em Santo Antônio do Jacinto, Minas Gerais, e irriga e abastece com suas águas, mais de uma dezena de pequenas localidades e cidade, entre elas, Eunápolis e Porto Seguro.
São cerca de 500 fotos aéreas, feitas ao longo dos 148 quilômetros de extensão - 20 no território mineiro e 128 no território baiano -, do curso d’água, em voo especial para esse fim, a bordo de um avião monomotor “experimental”, de propriedade do médico João Carlos Xavier, que foi o piloto.
No dia 28, João Carlos e Urbino decolaram da pista existente no sítio do médico, nas imediações do Alto da Boa Vista, arredores da cidade de Eunápolis, pouco depois das 6 horas da manhã, rumando para as imediações da Serra dos Aimorés, onde, na Pedra do Cachorro, onde nasce o Buranhém. “Devido a muitas nuvens que encobriam a Pedra do Cachorro, não pudemos localizar e fotografar a nascente”, lamenta o fotógrafo. Assim, a expedição fotográfica teve início alguns quilômetros à frente, a partir das imediações cidade de Santo Antônio do Jacinto.
De acordo com Urbino, ainda no território mineiro, a alguns quilômetros da nascente, inúmeros bancos de areia já podem ser vistos, demonstrando o assoreamento do rio. “Esses bancos de areia estão em toda a extensão do curso d’água”, diz o fotógrafo, que acrescenta: “Em quase 70% da extensão do rio, a mata ciliar já foi praticamente destruída. Em muitos pontos, há uma rala vegetação, enquanto em outros, há apenas grama ou capim. Há lugares, em que o rio e um filete de água, em meio ao imenso areal”, alerta.
Outro local onde o processo de assoreamento está bem visível, de acordo com Urbino, é na região do Itu, no município de Eunápolis. “No local onde está localizada a fazenda dos herdeiros de Domingos Batista, onde, há algumas décadas, se atravessava de balsa, ou a cavalo, que precisava nadar, hoje se atravessa a pé com a água na altura das coxas”, afirma o repórter, que já esteve no local em outra expedição fotográfica, por terra.
Em 1 hora e 6 minutos de voo - das 7h09min às 8h15min -, piloto e fotógrafo percorreram mais de 120 quilômetros de toda a extensão do curso d’água, mostrando que o Rio do Peixe está em elevado processo de degradação. “O rio Buranhém, agoniza”, alerta o repórter fotográfico.