Saúde: De acordo com dados do último Boletim Epidemiológico de HIV e Aids, divulgado agora em dezembro pelo Ministério da Saúde, a taxa de detecção de aids caiu em 5,5% de 2013 para 2014 no país - de 20,8 casos para 100 mil habitantes em 2013 para 19,7 casos por 100 mil habitantes, em 2014 - que é a maior redução dos últimos 12 anos. Já a mortalidade pela doença teve queda de 10,9% desde 2003 no país.
O novo boletim mostra quedas importantes no coeficiente de mortalidade em estados como São Paulo (-40,2%), Rio Grande do Sul (-10,9% no período de 2003 a 2014); Santa Catarina (-19,8%), e Goiás (-12,5%). Além disso, de janeiro a outubro de 2015, mais de 65,7 mil novas pessoas com HIV e AIDS entraram em tratamento pelo SUS, um crescimento de 7% comparado ao mesmo período de 2014.
"Nossa preocupação é garantir que todo e qualquer cidadão se submeta ao exame para identificar a existência do vírus e, em caso positivo, inicie imediatamente o tratamento que é fornecido gratuitamente na rede pública de saúde para 100% dos pacientes com HIV. Essa ação tem um impacto crucial na mortalidade e na qualidade de vida dessas pessoas", disse o ministro da Saúde, Marcelo Castro, em nota.
O dado preocupante vem da população jovem, entre os 15 a 24 anos, em que o número de infecções pelo vírus tem aumentado de forma alarmante, com aumento foi de 41% entre 2004 e 2014. Em 2004, a taxa de detecção entre jovens era de 9,5 casos a cada 100 mil habitantes, o que equivale a cerca de 3,4 mil casos. Já em 2014, esse número foi de 4,6 mil casos, representando um taxa de detecção de 13,4 casos por 100 mil habitantes.
As metas 90-90-90 foram estabelecidas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), e tem como objetivo que os países participantes alcancem 90% das pessoas testadas para o vírus, 90% tratadas e 90% com carga viral indetectável até 2020. O Brasil tem avançado nestas metas e alcançou melhoras em todos os indicadores. Hoje temos 83% em teste, 62% em tratamento e 88% em supressão viral.
Em 2012 o país tinha 44% dos pacientes em tratamentos, o que representou um aumento de 43% em comparação com 2014. De 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no Sistema Único de Saúde aumentou 53,2%, passando de 231 mil pessoas para 450 mil. Este ano, o Ministério publicou um novo Protocolo Clinico de Diretrizes e Tratamento que simplifica os procedimentos para o uso de medicamentos antirretrovirais após exposição ao vírus do HIV. Publicada em agosto deste ano, o documento recomenda um esquema único de tratamento a todas as situações. Além disso, há também a redução do tempo de acompanhamento dos pacientes que passa de seis para três meses. Todas essas mudanças fizeram com que o número de Profilaxia Pós Exposição (PEP) passassem de 3,6 mil tratamentos - no segundo semestre de 2014 - para mais de 10,4 tratamentos no mesmo período de 2015, um aumento de 186%.
Ainda em 2015, foi possível observar um crescimento de 41% no número de pessoas com sistema imunológico não comprometido (CD4 superior a 500 células por mm3) em tratamento. São pessoas que, na recomendação anterior, não tinham indicação de tratamento e que a partir do novo protocolo tiveram acesso aos medicamentos, melhorando a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV e AIDS e reduzindo também a transmissão do vírus. Em 2014, esse número era de 37% dos pacientes.
Outro dado que demonstra o sucesso da nova estratégia de tratamento é a queda na proporção das pessoas que chegam aos serviços com diagnóstico tardio, apresentando comprometimento imunológico sério. Esta proporção passou de 31%, em 2009, para 25% em 2015. Os números em relação à transmissão vertical de mãe para filho também apresentam uma importante redução. Segundo o novo boletim, entre 2013 e 2014, houve redução de 9,7% na taxa de detecção em menores de cinco anos: de 3,1 para 2,8 por 100 mil habitantes. Entre os anos de 2002 e 2014 essa queda é ainda mais acentuada, 58,2%.
A epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,7 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 40 mil casos novos ao ano. Desde o início da epidemia de AIDS no Brasil - em 1980 -, até junho de 2015, foram registrados no país 798.366 casos de AIDS.
Por: Mirian Ferreira/Fonte: Site Minha Vida