Um homem de idade não divulgada, e que estava com sintomas da doença misteriosa que provoca dor muscular intensa e deixa urina preta, morreu em 31 de dezembro, no município de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador. A informação foi divulgada nesta terça-feira (10) pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). A Vigilância Epidemiológica do Estado investiga se a morte foi provocada pela doença, já que o homem apresentava outros problemas de saúde, entre eles hipertensão.
De acordo com a Sesab, o número de casos suspeitos da doença chegou a 52 na Bahia. Os dados são referentes ao período entre 14 de dezembro de 5 de janeiro deste ano. O último boletim divulgado pelo órgão, com registros até 30 dezembro de 2016, apontava 30 casos suspeitos. Até 19 de dezembro do ano passado, eram 22.
Em relação ao boletim atual, foram 22 novos casos registrados. Segundo a Sesab, não é possível afirmar que as situações tenham ocorrido exatamente entre o último levantamento e o atual (de 31 de dezembro e 5 de janeiro), pois podem se tratar de notificações tardias.
Todos os novos casos foram registrados em Salvador, que desde o ínicio do levantamento já contabiliza 50 suspeitas da doença. Além da capital, também há registros em Vera Cruz (1), onde ocorreu a morte, e Lauro de Fretas (1).
Os quadros investigados estão sendo tratados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) como "mialgia [dor] aguda a esclarecer", pois ainda não há informações sobre as causas da doença.
As primeiras suspeitas eram de que peixes consumidos na região do litoral norte estavam causando intoxicação. Amostras de pacientes analisadas no laboratório de virologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) indicaram vestígios do enterovírus e do parechovírus. A coordenação do laboratório espera ter um diagnóstico mais preciso até sexta-feira (13).
De acordo com as autoridades de saúde do estado e de Salvador, 44 pacientes foram examinados. Amostras de sangue, fezes e urina foram encaminhadas para laboratórios de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Amostras de peixe vão ser encaminhadas pelo Ministério da Saúde para os Estados Unidos.
"Nós trabalhamos com quatro hipóteses: contaminação por bactérias, por vírus, por metais pesados e por toxina. A nossa maior preocupação é o número de casos. Nós estamos hoje com 52 casos, e não temos uma resposta para dar à população, e isso nos traz uma grande angústia", explicou a superintendente de vigilância à saúde da Sesab, Ita Cácia Aguiar.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, exames feitos na água que abastece a cidade descartaram contaminação. "A higiene pessoal, o cuidado com os alimentos e a busca por uma unidade de saúde nos primeiros sintomas é a recomendação que nós fazemos para a população neste momento", disse a coordenadora da vigilância epidemiológica de Salvador, Isabel Guimarães.