Animais não transmitem febre amarela, mas são indicativos da circulação da doença
Subiu para 55 o número de macacos encontrados mortos em bairros de Salvador no mês de janeiro. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (31) pela Secretaria Municipal de Salvador. Todos os macacos mortos, além de outros cinco debilitados, foram encaminhados para avaliar se eles estão contaminados com a febre amarela. Em 2017, foram registrados 13 macacos com confirmação de febre amarela em Salvador.
A SMS destaca que, independente dos resultados dos exames, se identificada ou não a doença, é realizado o bloqueio vetorial no entorno onde o animal foi capturado. Nenhum dos 60 animais capturados tem sinal de violência ou que tenham sido agredidos. Os macacos não são transmissores da febre amarela. Pelo contrário, eles são indicadores que há o vírus circulando na região onde eles são localizados.
Equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) são destacadas para os locais onde os bichos foram encontrados para realização do bloqueio espacial com borrifação de inseticida com o intuito de eliminar possíveis mosquitos infectados. "Independente do resultado laboratorial, enviamos imediatamente agentes de endemias para aplicação de inseticida no entorno da localidade onde o animal foi achado. A estratégia visa reduzir as chances de vetores infectados circularem, acabando assim com a cadeia cíclica da doença", explicou a diretora de Vigilância à Saúde do município, Geruza Morais.
A gestora também destacou que assim como os humanos, os macacos são vítimas da febre amarela. Geruza esclareceu que matar esses animais, além de ser crime ambiental, prejudica o trabalho de contingência, já que o óbito dos bichos dá a chance das equipes de saúde adotarem medidas de controle capazes de evitar que a enfermidade se alastre. “Felizmente, ainda não identificamos em Salvador nenhum animal morto com marcas de violência ou agressão. É importante que as pessoas estejam informadas que o animal não transmite a doença e é importantíssimo para as autoridades sanitárias”, esclareceu.
Novo balanço
O Ministério da Saúde divulgou um novo balanço dos casos e mortes de febre amarela no Brasil nesta terça-feira (30). São 213 casos confirmados da doença, sendo que 81 pessoas morreram devido à infecção desde 1º de julho de 2017. A Bahia tem 15 casos notificados, sete descartados e oito em investigação. Um homem de São Paulo morreu em Salvador infectado com a doença no início do mês.
A SMS informou ainda que 1.232.893 pessoas ainda precisam ser vacinadas em Salvador contra a doença. Até está segunda (29), foram aplicadas 1.483.215 de doses. A vacina pode ser feita em todos os postos de saúde da capital. A vacina é administrada em dose única para o público entre 9 meses e 59 anos e está disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, nas 126 unidades básicas da rede municipal.
O Ministério da Saúde afirma que a vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas. Para estes grupos, a orientação é que a pessoa busque ajuda médica, cujo profissional de saúde avaliará o benefício e o risco da vacinação, levando em conta o risco de eventos adversos.
Por conta do aumento do fluxo de pessoas na cidade, dos casos em humanos notificados este ano em outros estados como Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, além dos episódios de macacos mortos ainda com as causas inconclusivas, a Vigilância Epidemiológica convoca as pessoas que ainda não tomaram a dose da vacina a buscarem os postos da rede para evitar a circulação do vírus no município.
“Sabemos que essa é uma época do ano que pessoas de todas as regiões do planeta procuram nossa cidade como destino turístico, inclusive, indivíduos de São Paulo, estado que vive uma situação aguda da patologia com casos confirmados da doença em humanos e um avanço da epizootias [ocorrência da doença em animais] do interior para capital. Por isso, estamos convocando todas as pessoas que ainda não se vacinaram a realizarem a imunização”, destacou Geruza.
Três macacos mortos foram encontrados em Salvador nesta segunda-feira (29): um no bairro da Barra, outro no Cabula e o terceiro em Patamares. Os três foram recolhidos pela Guarda Municipal e encaminhados ao Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Muniz (Lacen) para análise. Um quarto animal, encontrado vivo na Ribeira, foi encaminhado para o Cetas/Ibama.
Amostras coletadas nos animais são reencaminhadas para o Laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, referência nacional para esse tipo de análise. Não há resultado ainda para nenhuma das amostras avaliadas, informou a SMS. Na última segunda-feira (22), seis macacos Bugio do zoológico de Salvador foram transferidos para uma área protegida, já que são mais suscetíveis ao contágio de doenças.
Fonte: Correio24h