Estima-se que 5 milhões de mortes por ano em países de média e baixa renda sejam resultado de atendimento médico precário, de acordo com o primeiro estudo para quantificar o impacto de sistemas de saúde de má qualidade em todo o mundo. O número ultrapassa as mortes por falta de acesso aos sistemas de saúde (3,6 milhões).
Os resultados foram publicados pelo jornal científico "The Lancet". Ela foi conduzida pela Comissão de Saúde Global de Alta Qualidade, um projeto do próprio jornal científico que tem duração prevista de dois anos. Financiada pela Fundação Bill e Melina Gates, ela reúne 30 acadêmicos, formuladores de políticas e especialistas em sistemas de saúde de 18 países que estudaram como medir e melhorar a qualidade dos sistemas de saúde em todo o mundo.
Embora muitos dos países de baixa e média renda tenham feito progressos significativos na melhoria do acesso aos serviços de saúde, o estudo mostra que o atendimento precário no sistema de saúde é agora responsável por um número maior de mortes do que a falta de acesso. Falta de respeito, consultas rápidas e falhas, e preconceito estão entre principais problemas listados pelos pesquisadores.
Estima-se que o número total de mortes por cuidados de baixa qualidade por ano seja cinco vezes maior do que as mortes globais anuais por HIV/AIDS (cerca de um milhão) e mais de três vezes maior que as mortes por diabetes (1,4 milhão).
"O direito humano à saúde não tem sentido sem um atendimento de boa qualidade. Sistemas de saúde de alta qualidade colocam as pessoas em primeiro lugar. Elas geram saúde, conquistam a confiança do público e podem se adaptar quando as necessidades de saúde mudam. Os países saberão que estão a caminho de sistemas de saúde de alta qualidade quando os profissionais de saúde e os formuladores de políticas escolhem receber cuidados de saúde em suas próprias instituições públicas."