Você consegue se imaginar não ouvindo vozes? Nenhuma voz...de homens?
Alguns podem até ver nisso uma vantagem ou um sonho realizado, mas a verdade é que se trata de uma doença rara chamada perda auditiva de inclinação invertida ou deficiência auditiva de baixa frequência.
As pessoas que sofrem com essa condição deixam de ouvir sons de baixa frequência, como vozes masculinas, zumbidos de geladeiras, micro-ondas ou até mesmo de trovões, por exemplo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 466 milhões de pessoas no mundo (5% da população) apresentam problemas auditivos incapacitantes. Acredita-se que 3 mil tenham essa doença apenas nos Estados Unidos e no Canadá.
No Brasil, segundo divulgou o Ministério da Saúde no final de 2018, com base em dados do IBGE, mais de 9,7 milhões de pessoas - ou 4,63% da população - têm deficiências auditivas.
Ausência de vozes masculinas
A condição rara dessa deficiência virou notícia este mês devido a um caso registrado na China.
Uma mulher chinesa, identificada apelas pelo sobrenome Chen, procurou um hospital afirmando que não conseguia ouvir a voz do namorado, segundo informações da agência de notícias AFP e da mídia local chinesa.
A perda auditiva de inclinação invertida é geralmente é hereditária, embora também possa ocorrer durante períodos de estresse.
Na noite que antecedeu sua ida ao hospital, a otorrinolaringologista Lin Xiaoqinga, que a atendeu na unidade, disse à mídia local que ela estava vomitando e sentindo um zumbido nos ouvidos.
A médica a diagnosticou com perda auditiva de inclinação invertida ao comprovar que ela ouvia sua voz, mas não as de homens - pacientes ou funcionários do hospital.
O que provoca a doença?
No caso de Chen, a médica disse que a doença foi causada por um conjunto de fatores que ia desde estresse e longas horas de trabalho a poucas horas de sono.
Com um período de descanso, sua capacidade auditiva deveria melhorar, segundo Xiaoqinga.
A perda auditiva de inclinação invertida geralmente é hereditária e relacionada a condições como a síndrome de Wolfram, que afeta pacientes com diabetes, ou à displasia Mondini, que afeta a cóclea, uma parte interna do ouvido próxima ao nervo auditivo.
A perda da capacidade auditiva geralmente afeta primeiro os sons de alta frequência, que começam a ser percebidos de maneira mais suave ou deixam de ser ouvidos completamente.
Essa perda auditiva também pode ser causada, em alguns casos, por uma mudança de pressão no líquido interno do ouvido ou uma abertura anormal neste órgão - como efeito colateral de uma anestesia geral, por exemplo.
As pessoas com perda auditiva de inclinação invertida podem ter dificuldade para ouvir vozes por telefone ou o barulho do motor dos carros.
O diagnóstico é difícil porque, geralmente, salvo em períodos de estresse em que a perda auditiva piora, as pessoas que sofrem com ela não percebem que ouvem sons de baixa frequência de forma diferente das pessoas com audição normal.
Fonte: BBC News