Pesquisadores estudaram médicos de Hong Kong que trabalhavam no turno da noite
Ter uma boa noite de sono é fundamental para saúde do corpo, da mente e, veja só, do DNA também. De acordo com um estudo feito por pesquisadores de Hong Kong, dormir pouco pode causar danos no núcleo de células genéticas, causando mutações que podem levar a doenças como o câncer.
Para os cientistas, a privação do sono também pode reduzir a capacidade do DNA de se reparar, possivelmente levando a doenças genéticas. Este é o primeiro estudo a investigar os efeitos da privação do sono nos genes em adultos jovens.
A pesquisa da Universidade de Hong Kong analisou 49 médicos em atividade de dois hospitais locais, 24 dos quais tiveram que trabalhar durante a noite em esquema de plantão.
No estudo, os participantes obtiveram entre duas e quatro horas de sono durante os plantões. O sangue dos participantes da pesquisa foi coletado após três dias de sono adequado e após o turno da noite. Os pesquisadores também avaliaram informações sobre saúde, diários do sono e os padrões de trabalho de seus voluntários.
Os resultados, publicados na revista Anesthesia, mostraram que os médicos que trabalhavam no turno da noite tinham 30% mais interrupções no DNA do que os que não trabalhavam. Além disso, os danos no DNA aumentaram mais 25% após uma noite sem dormir bem.
Basicamente, o DNA deles estava mais danificado. A expressão do gene de reparo do DNA diminuiu e as quebras de DNA aumentaram diretamente após os médicos terem trabalhado durante a noite. Portanto, os resultados sugerem que a privação do sono e a interrupção frequente do ciclo do sono podem levar a danos no DNA.
Danos no DNA têm sido associados a uma série de problemas de saúde, desde ataques cardíacos e diabetes até certos tipos de câncer.
“Embora este trabalho seja muito preliminar, fica claro a partir dos resultados que até mesmo uma única noite de privação de sono pode desencadear eventos que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas”, disse o autor sênior da Universidade de Hong Kong, Siu-Wai Choi.
No entanto, a equipe observa que muitos outros fatores poderiam explicar por que os trabalhadores por turnos parecem ter uma maior predisposição para sofrer de doenças crônicas. A alternância de turno também varia os padrões de atividades, alimentação e causa perturbações nos ritmos circadianos do corpo – o nome dado ao “relógio biológico interno do nosso corpo”, e no equilíbrio dos hormônios sexuais.
Horas de sono ideal
As horas de sono recomendadas para pessoas variam de acordo com a idade. Um adulto com idade entre 18 e 60 anos deve ter pelo menos sete horas de sono por noite, segundo o site do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
Números da Royal Society for Public Health estimam que uma pessoa média dorme por 6,8 horas por noite, mas o NHS recomenda que as pessoas consigam oito horas.
Uma pesquisa de 2017 realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pelo Instituto do Sono revelou que 76% dos brasileiros sofrem com pelo menos uma queixa sobre o sono.
Fonte: Go Outside