Neste domingo, 29, é lembrado o Dia Mundial do Coração. A data tem o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre a importância de manter hábitos saudáveis e preservar a saúde do coração. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas-OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem vítimas de doenças cardiovasculares, a cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, a situação não é diferente. A média anual chega a 350 mil, o que corresponde a uma vida perdida a cada 40 segundos - duas vezes mais que todas as mortes decorrentes de câncer e seis vezes mais que as provocadas por todas as infecções no país.
Embora as mulheres sejam afetadas mais tardiamente do que os homens, as cardiopatias atingem pessoas de ambos os gêneros, indistintamente. Os fatores de riscos são comuns a homens e mulheres — e ambos devem se preocupar com a prevenção. Um inimigo desse processo é que doenças como a hipertensão são silenciosas e exigem uma atenção especial para possíveis sintomas.
Cardiologista clínico e hemodinamicista no Hospital Prohope - no bairro de Cajazeiras 8, em Salvador -, Marcílio Batista, conta que o número de hipertensos no País gira em torno de 20 a 25%, e, deste número, pelo menos metade não sabe que é hipertensa.
“A hipertensão não tem sintomas, é uma doença completamente silenciosa e que você só descobre ela quando vai aferir a pressão em algum lugar. Algumas pessoas acabam descobrindo isso quando tem algum sintoma inespecífico, como uma dor de cabeça, uma dor na nuca, que aparece e você afere a pressão e descobre que está alta”.
Quase dois terços das mulheres (64%) que morrem repentinamente de doença coronariana não apresentavam sintomas prévios. Isso significa que mesmo que alguém não apresente sintomas, ainda há o risco de doença cardíaca. Os fatores de risco incluem diabetes, sobrepeso e obesidade, dieta pobre em fibras, inatividade física e uso excessivo de álcool.
“Por conta da inatividade, do sedentarismo e da própria genética que vem se modificando muito, temos visto muitas pessoas obesas e a obesidade é um dos fatores de risco para a hipertensão”, conta Marcílio, que alerta ainda para o fato da genética ser ainda a primeira e mais importante causa que pode levar alguém a ter um problema no coração. “Se seus parentes diretos têm alguma doença como hipertensão, as suas chances de ter são muito maiores. Outras causas são o sedentarismo, a ingestão excessiva de gordura e sal, e o tabagismo”.
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Como cuidar
O uso excessivo de sal leva a um aumento do sódio na pressão sanguínea, que vai reter o lÍquido presente no sangue, aumentando a produção de líquido pelo organismo e consequentemente elevando a pressão arterial. A hipertensão é responsável por males como infartos e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Especialistas apontam que brasileiros comem aproximadamente o dobro do que deveria de sal, alimento que é principal fonte de sódio - sendo por isso um dos maiores vilões da pressão alta. A recomendação é acrescentar apenas três gramas de sal às refeições por dia. Uma colher rasa tem aproximadamente um grama de sal, podendo ser usada como medida - duas colheres no almoço e uma no jantar, por exemplo. Para reduzir o consumo de sal, opte por temperos naturais nas refeições, como ervas e azeite de oliva.
Dieta mediterrânea
A dieta típica da região banhada pelo Mar Mediterrâneo é conhecida por seus benefícios ao coração. Os principais participantes dos pratos são as gorduras protetoras, que agem contra o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Ela aumenta o nível de colesterol bom (HDL) e diminuir as taxas do colesterol ruim (LDL) do sangue, além de evitar a obstrução das artérias. Dentre as principais características dessa dieta, estão o baixo consumo de carne vermelha, a ingestão de frutas, cereais e nozes, o alto consumo de peixes, o consumo moderado de vinho e o azeite de oliva como fonte de gordura saudável. Além disso, os peixes contêm ômega 3, reconhecido como um nutriente cardioprotetor, isto é, beneficia a saúde cardiovascular.
Atividades que ajudem no combate ao estresse
O colesterol alto, que causa a hipertensão e obstrui as artérias do coração, é um dos efeitos do excesso de estresse. A ansiedade aumenta a liberação de cortisol no organismo, hormônio que faz crescer a concentração de glicose no sangue, desencadeando problemas como diabetes, altos níveis de triglicérides e descontrole de colesterol. Cada vez que alguém sente algum tipo de ansiedade, a quantidade de radicais livres que passam a circular no seu organismo aumenta. Com a ansiedade, a presença dos radicais livres no organismo aumenta, podendo gerar o agravamento de problemas cardíacos. Isso porque eles interagem com o colesterol em excesso no organismo, formando placas nas paredes dos vasos sanguíneos, além de piorar certas doenças inflamatórias e causar envelhecimento.
Pratique atividades físicas
Quando fazemos exercícios regularmente, o coração trabalha com mais eficiência e sem ter que fazer tanto esforço. O sangue flui melhor e as artérias e vasos ficam mais flexíveis e saudáveis. Tudo isso previne o risco de doenças cardiovasculares, como infarto, colesterol alto, AVC e hipertensão. Enquanto uma pessoa sedentária tem de 80 a 100 batimentos por minuto, uma pessoa condicionada está entre 60 e 70 batimentos por minuto. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia essa diferença diminui em 40% o risco de doenças cardiovasculares. Para favorecer o sistema cardiovascular, os exercícios precisam elevar a frequência cardíaca. É o caso da caminhada, da bicicleta, da natação, corrida, aulas de step e jump.
Fique de olho no histórico familiar
O histórico familiar é sim um fator de risco importante para doenças cardiovasculares - entretanto, com o acompanhamento médico adequado e adoção de hábitos saudáveis, é possível prevenir o quadro. Verificar a incidência de doenças que afetam o coração em outros membros da família pode ajudar a pessoa a manter os bons hábitos desde cedo, se prevenindo contra uma doença que muitas vezes não apresenta qualquer sintoma. Por isso, se você tem um parente com colesterol alto ou hipertensão, ou então é filho de uma pessoa que sofreu um infarto ou AVC, procure um médico para fazer exames - como ecocardiograma, contagem de colesterol, pressão arterial - e mude seus hábitos, como manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios, antes que o problema agrave.
Não fume
O tabagismo aumenta a frequência cardíaca, contrai as artérias e pode causar graves irregularidades nos batimentos cardíacos, aumentando a carga de trabalho do coração. Fumar também aumenta a pressão sanguínea, o que eleva o risco de AVC em pessoas com hipertensão. O cigarro agride as paredes vasculares, aumentando as chances de aterosclerose (doença que leva a formação de placas na parede das artérias), entre outros malefícios. O cigarro também reduz o bom colesterol e contribui para o acúmulo de placas de gordura nas artérias, danificando as paredes dos vasos sanguíneos.
Fonte:Atarde