Cientistas observaram que, misturando dois medicamentos, conseguiam resultados positivos para redução de tumores
Uma equipe de cientistas acaba de demonstrar a eficácia de um tratamento contra uma das doenças mais letais que afetam os seres humanos: o câncer de pâncreas. A enfermidade representa apenas 3% de todos os diagnósticos, mas os médicos classificam esse tipo de câncer como o mais agressivo, com uma taxa de mortalidade de 99%. E a porcentagem de pessoas afetadas aumentou na última década.
Mas a combinação de dois medicamentos pode vir a oferecer uma nova esperança a quem sofre com a doença. Por que mais de 70% dos casos de câncer de mama no Brasil são diagnosticados em estágio avançado. Pesquisadores do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute, localizado na Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que uma combinação de dois fármacos usados atualmente para tratar leucemia e tumores como melanoma pode ser a chave para tratar o câncer de pâncreas.
De acordo com seus resultados, tais medicamentos combinados "podem reduzir tumores". Os estudiosos comprovaram que o tratamento reduziu com êxito os tumores pancreáticos em ratos e pretendem respaldar esse achado com testes clínicos, segundo artigo publicado na revista científicaNature Cell Biology.
Os fármacos em questão são L-asparaginasa — uma enzima com potencial terapêutico usada para combater a leucemia — e um inibidor de MEK (um tipo de proteína). Eles deixam os tumores sem os nutrientes necessários para que cresçam, além de impedir que se adaptem para sobreviver.
Sem tratamento efetivo
As versões dos dois compostos são aprovadas pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (Food and Drug Administration, ou FDA, em inglês). "A triste realidade é que, hoje em dia, o tratamento para o câncer de pâncreas está atrasado (em relação a outras terapias) porque não existe um que seja efetivo para esses tumores", disse Ze'ev Ronai, professor do Programa de Iniciação e Manutenção de Tumores, do Sanford Burnham Prebys, o principal autor do estudo.
O diagnóstico dessa enfermidade é difícil e só acontece quando já está em estado avançado. Um quarto dos pacientes morre em até um mês após o diagnóstico e o restante, no prazo de um ano. "Nossa pesquisa identifica um possível tratamento combinado que pode ser testado imediatamente contra esses tumores agressivos."
"Já estamos nos reunindo com os oncologistas da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon (Estados Unidos) para discutir como levar essa descoberta para avaliação clínica", completou o especialista.
'Promissor'
"É evidente que não encontraremos uma varinha mágica que cure o câncer", afirmou Rosalie C. Sears, da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon. "Precisaremos de vários medicamentos que ataquem múltiplas vulnerabilidades." "Esse estudo identifica um tratamento duplo promissor para o câncer de pâncreas, um dos mais mortíferos. Espero ver esses medicamentos testados em pacientes", explicou Sears, especializada em genética molecular e codiretora do centro Brenden-Colson para Saúde Pancreática.
Os cientistas esperam abrir caminho para que o teste clínico em humanos ocorra em breve. O experimento demonstrou que a terapia não só reduziria os tumores pancreáticos, mas também os melanomas. Entretanto, os responsáveis pela pesquisa focaram no câncer de pâncreas, devido à falta de medicações eficazes existentes.
Sinais e sintomas do câncer de pâncreas
Icterícia: coloração amarelada na pele aparece quando o tumor se origina na cabeça do pâncreas e causa a compressão do duto biliar;
Alteração dos níveis de glicose no sangue: o pâncreas é responsável por gerar a insulina que por controlar os níveis de glicose do sangue. Se o tumor afeta tal função, pode haver alterações;
Má digestão: dor abdominal originada na região do estômago e irradiada até as costas ou regiões laterais;
Perda de peso: acontece em poucos meses, acompanhada da perda de apetite.
Fonte: Fundação para Excelência e Qualidade da Oncologia (ECO), na Espanha.