Há cerca de um mês, a professora e palhaça Laili Flórez, de 33 anos, passou seis dias de tensão com o filho caçula hospitalizado. Martim, de um ano e dois meses, teve de permanecer em isolamento por causa de uma pneumonia. “Ele recebia intervenções a todo momento. Ficou quase 10 dias sem comer praticamente nada que não fosse ‘o peito’. Eu não tenho a menor dúvida de que foram o peito e o nosso colo (meu e do pai) constante que seguraram a barra e colaboraram muito para a recuperação de nosso pequeno”, conta.
“Não há nem nunca haverá por aqui hora para colo, pois o colo, literal ou subjetivamente, é oferecido sempre que nós sentirmos necessidade. Necessidade de amparo, de alívio da dor, de carinho, de chamego”, afirma Laili, que também é mãe de Caio, 14 anos. Na sua avaliação, não existe excesso de afeto quando são consideradas as necessidades e individualidades dos envolvidos.
“Quando Caio nasceu eu era muito nova, então não sabia nada sobre educação de filhos. Foi tudo muito instintivo, mas não foi menos amoroso ou acolhedor. Hoje temos um vínculo muito forte e bonito”, afirma. Ela considera que o que mudou ao longo do tempo foi o próprio amadurecimento e o fato de agora ter “um companheiro muito afetuoso e presente ao lado”.
“Um dos focos atuais da pesquisa pediátrica é o risco, os níveis e as consequências do estresse no desenvolvimento infantil. O apoio familiar tem sido enfatizado como um dos fatores de proteção”, afirma a pediatra Florência Fuks. Ela lembra que a pele é o mais extenso órgão e se desenvolve no embrião juntamente com o sistema nervoso central, se constituindo como um órgão modulador de estímulo.
Sobre possíveis variações do papel do colo a depender da doença em questão, a médica explica que “depende mais de como a criança vive a doença na relação familiar do que da doença em si”, mas ressalta que em caso de doenças graves, como câncer, e realização de cirurgias a importância do toque, do afeto, fica mais evidente.
Fonte: Jane Fernandes