As mortes das duas pessoas com a doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), causada pela infecção Encefalopatia Espongiforme Transmissível Humana na Bahia, este ano, não tiveram relação com o consumo de carne contaminada pela Encefalite Espongiforme Bovina (EEB)– popularmente conhecida como "vaca louca".
A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira (10), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
As principais formas clínicas da DCJ são:
Esporádica: Ocorrem na maioria dos casos (85%) e não tem uma causa ou fonte infecciosa conhecida, nem relação de transmissibilidade comprovada de pessoa a pessoa.
Hereditária: Acontecem por mutação hereditária, decorrente de uma mutação no gene que codifica a produção da proteína neurodegenerativa rara.
Latrogênica: Acontece como consequência de procedimentos cirúrgicos (transplantes de dura-máter e córnea) ou por meio do uso de instrumentos neurocirúrgicos contaminados.
Variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ): É uma outra doença neurodegenerativa rara, que está associada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (Doença da “Vaca Louca”).
A Secretaria Municipal de Salvador (SMS) também se posicionou sobre a situação e informou que o período de incubação para manifestação desta doença pode prolongar-se por até 30 anos, mas a evolução ao óbito geralmente ocorre entre seis meses e dois anos do início dos sinais e sintomas.
Em Salvador, no ano passado, foram notificados três casos e um deles foi confirmado, sendo classificado pela forma clínica esporádica.
Até esta segunda-feira, foram notificados na capital baiana cinco casos da doença de Creutzfeldt-Jacob, destes quatro foram confirmados. Na investigação epidemiológica, até o momento, nenhum caso foi confirmado para a variante da doença (vDCJ).
A Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) informou, nesta segunda, que desde 2008 não há no estado nenhum caso comprovado da “vaca louca”.
De acordo com a Adab, em todos os processos de coleta, exames e resultados laboratoriais realizados não foram detectados sinais da doença.
O órgão afirmou que fiscaliza regularmente os frigoríficos e, por meio do serviço de vigilância sanitária, remove e destrói os materiais que apresentem risco específico para a EEB.
Outros casos
De acordo com a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), outras três pessoas estão infectadas no estado, sendo que duas delas estão hospitalizadas.
A doença, que é degenerativa, não tem uma causa definida. Todos os pacientes contaminados com a doença de Creutzfeldt-Jakob na Bahia são residentes de Salvador.
As duas pessoas que estão hospitalizadas tiveram casos confirmados no dia 6 de outubro, e o estado de saúde delas não foi divulgado. A Sesab também não informou quando os outros dois pacientes morreram.
O quinto paciente tem estado de saúde em investigação pela Vigilância Epidemiológica estadual. O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) acompanha a situação da doença no estado.
No último ano, três casos de doença de Creutzfeldt-Jakob foram confirmados entre Salvador, Simões Filho, na região metropolitana, e Serrolândia, no norte do estado. Dois deles morreram e o terceiro segue sob monitoramento.
Casos em Salvador
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Salvador, no dia 5 de setembro, o órgão, por meio da DVIS e CIEVS, recebeu a notificação de um caso suspeito de DCJ e juntamente com o Distrito Sanitário e iniciou a investigação.
Trata-se de uma mulher, 40 anos, sem histórico de comorbidades, que no dia 15 de agosto iniciou com sintomas neurológico, sendo internada no Hospital Municipal quatro dias depois.
De acordo com a investigação epidemiológica, a paciente não tem histórico de viagens ao exterior, em especial a países com histórico de casos de EEB, nega a existência de casos semelhantes na família ou contactantes próximos e contou que não ficou exposta a procedimentos cirúrgicos.
No dia 07 de outubro, a SMS recebeu a informação que o caso foi confirmado pela presença de Proteína 14.3.3 e no momento a mulher permanece internada na unidade sob cuidados.
Fiscalizações
A inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal na Bahia é de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia, através da concessão dos selos federal (SIF) e estadual (SIE) aos produtos inspecionados pelos respectivos órgãos.
A Vigilância Sanitária (VISA) municipal é responsável pelas ações de fiscalização dos produtos alimentícios armazenados, expostos à venda ou disponíveis ao consumo humano, sendo proibida a comercialização de alimentos deteriorados, falsificados, adulterados, vencidos, de procedência duvidosa, clandestinos ou ainda os que estejam fora dos padrões especificados pelo fabricante, e/ou pela legislação e normas técnicas vigentes.
A VISA municipal também tem a competência de fiscalizar e inspecionar os estabelecimentos do tipo açougue, verificando se os produtos de origem animal comercializados atendem aos padrões sanitários estabelecidos.
Como a doença é transmitida?
De acordo com o Ministério da Saúde, a forma exata de transmissão da doença de Creutzfeldt-Jakob é desconhecida.
Não existe evidências de que a doença pode ser transmitida pelo ar ou pelo contato social e casual, como uso de mesma roupa, mesmos copos e utensílios de cozinha ou contato íntimo – abraço, beijos, relações sexuais e outros. Também não há casos relatados de exposição por meio de superfícies, como pisos, paredes ou bancadas.
Sintomas
A doença de Creutzfeldt-Jakob tem uma rápida evolução, que pode levar à morte do paciente. Ela se caracteriza pelos seguintes sintomas:
Desordem cerebral com perda de memória;
Tremores;
Falta de coordenação de movimentos musculares;
Distúrbios da linguagem;
Perda da capacidade de comunicação;
Perda visual.
Diagnóstico e tratamento
A doença de Creutzfeldt-Jakob é diagnosticada a partir de exames de sangue e também por meio de exame neuropatológico de fragmentos do cérebro.
A principal forma de tratamento são drogas antivirais e corticóides. De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 90% dos indivíduos infectados pela doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) morrem dentro de um ano. Ainda não há maneira efetiva de alterar a evolução da doença.
Fonte: G1